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j *@ - Sociedade Brasileira de Psicologia

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palavru do autor, que tanto na fndia como no Oci<strong>de</strong>nte criariam o tipo <strong>de</strong> néjetivi-<br />

'<br />

da<strong>de</strong> que, num momento posterior, po d eriam<br />

entrar no mundo para nele ocupar sua<br />

posiçfo e lutar por suas prerrogativas. No c%o oci<strong>de</strong>ntal Dlxmont locnliza os primördios<br />

<strong>de</strong>ste personagem nos filösofos estöicos e epicuristas e, logo em seguida, nos primitivos<br />

cristros. Ainda, <strong>de</strong> acordo com Dllmont, este processo <strong>de</strong>senvolveuie a partir<br />

da pröpria experidncia reflexionante, ou seja, foi um produto <strong>de</strong> pröprio esform filosöfico<br />

peco-latino. Nïo entrarei na discussâb da anélise hist6rica <strong>de</strong> Dumont, apesar<br />

<strong>de</strong> ter algumas dflvidas acerca do seu entendimento da expee ncia reli#osa, flosöfica<br />

e litero a grega e <strong>de</strong> como a questfo do indivfduo nelas emer#u e se <strong>de</strong>senvolveu<br />

(a respeito, ver Dodds, 1986; Snel, 1982 e Vernan, 1981). O que gostaria <strong>de</strong> por em<br />

discussâb é a hipötese do autor <strong>de</strong> que apen% mediante a constituiWo <strong>de</strong>sta forma<br />

particular - Go indivfduo fora do mundo'' - po<strong>de</strong>l-se criar os elementos constituintes<br />

da exm riJncia mo<strong>de</strong>rna da individualida<strong>de</strong> oci<strong>de</strong>ntal. Creio, ao contro o, que esta<br />

solulo impôs-se a ple' apen% <strong>de</strong>vido a uma concepWo <strong>de</strong>mnqiado estftica da exm -<br />

ridncia social e <strong>de</strong>m asiado sim plifkada das relaçôes indivfduo-so<strong>de</strong>da<strong>de</strong>. Talvez a oposiWo<br />

entre hierarquia e individlnlizaçâo nTo seja tâb completa como supœ Dtlmont<br />

e seus seguidores. E aqlzi que recore àqueles trds m rsonagens antes referidos. Comecem<br />

os com o cavaleiro andante.<br />

Nro sou xxm historiador profissional e tudo que vou dizer dos cavaleiros<br />

andantes aprendl, principnlmente, com Marc Bloch (1968) e Georges Duby (1988).<br />

Da leitura dos historiadores medievalistas e, antes <strong>de</strong> tudo, do <strong>de</strong>lidoso livro <strong>de</strong> Duby<br />

<strong>de</strong>dicado ao pan<strong>de</strong> cavaleiro Gilherme Marechal, fiquei com a imagem do cavaleiro<br />

andante como uma espdcie <strong>de</strong> sef-ma<strong>de</strong>-man,avant lJ lettre. Na vida <strong>de</strong> G lilherme estâb<br />

presentes condiçôes existenciais muito curiosas. A socieda<strong>de</strong> medieval era, nesta<br />

época, uma socieda<strong>de</strong> hierarquizada. Dllmont vai mesmo ao ponto <strong>de</strong> diar que e1a<br />

era mais parecida com a socieda<strong>de</strong> indiana do que com a oci<strong>de</strong>ntal mo<strong>de</strong>rna, com o<br />

que nâb concordo por razses que se verâo a seguir. As relaçöes intra e entre linhagens<br />

e entre senhores, vassalos e selw s estavam todas b%eadas nas vinculaçœ s m ssoais e<br />

ol<strong>de</strong>nadas por cödigos explfcitos ou consuetudino os que <strong>de</strong>ftniam com relativa clareza,<br />

obrigaçôes, tributos, serviços, direitos, homenagens e lealda<strong>de</strong>s. Ao contro o,<br />

pordm, do que ocorreu no Feudalism o Japonds, os Wnculos fnmiliares e feudais sobreplnhnm-se<br />

e contraplmbam-se. Um mesmo sujeito estava indisolûvel e indiscutivelmente<br />

vinculado, a compromissos mëtiplos e, eventualmente, contradi , törios. Havia,<br />

por exemplo, a posibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um indivfduo ser o vassalo <strong>de</strong> outro, #m funWo <strong>de</strong> um<br />

feudo, e <strong>de</strong>ste mesmo outro ser o senhor, em funçfo <strong>de</strong> outro domfnio ou <strong>de</strong> algum<br />

compromisso herdado ou adquirido 'por via matrimonial. Temos entfo llma intrincada<br />

re<strong>de</strong> <strong>de</strong> hierarquias muito bem <strong>de</strong>limitadas, rflas todu le#timadas pelo mesmo<br />

cödigo <strong>de</strong> condutas. Isso vai exigir dkscernimento, pruddncia e <strong>de</strong>terminaçâo pessoal<br />

na ho i a d atomada<br />

<strong>de</strong> muitas <strong>de</strong>cisôes. Um outro aspecto relevante d a situalo dos<br />

fo os homens nâb primogdnitos: serâb, salvo pela morte dos mais velhos , <strong>de</strong>serdados.

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