19.02.2013 Views

j *@ - Sociedade Brasileira de Psicologia

j *@ - Sociedade Brasileira de Psicologia

j *@ - Sociedade Brasileira de Psicologia

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

'<br />

440<br />

que o <strong>de</strong>ixaria supor a posiçâo reducionista: e1a consiste em <strong>de</strong>scobrir os esquemas<br />

comuns <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho em vârias espdcies e - no m esmo empreendimento, <strong>de</strong>ntro<br />

da mesma intençzo - as discrepânci% em que se tradlgmm as peculiarida<strong>de</strong>s do ajustamento.<br />

Em visita às ilhas Galâpagos, Darwin se <strong>de</strong>ixou impressionar pela varieda<strong>de</strong> dos<br />

bicos <strong>de</strong> pequenos pissaros, os tentilh6es, alguns retos, outros curvos, alglms curtos ,<br />

outros alongados e neles viu o resultado <strong>de</strong> diferenciaçâb a partir e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma<br />

unicida<strong>de</strong> histörica. Esta percepçâo <strong>de</strong> uni/multiplicida<strong>de</strong> parece-me a mais a<strong>de</strong>quada<br />

para a com preensâb com parativa dos m ecanism os com portnm entais. .<br />

O homem representa tun momento nesta histöria <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>/<strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>,<br />

um momento que nös, por motivos mais do que compreensfveis , querem os<br />

enten<strong>de</strong>r como todo especial. Afinal, somos a ûnica espdcie preocupada em enten<strong>de</strong>r<br />

e conceituar as diferenças entre espëcies! M as o carlter especial do ser humano po<strong>de</strong><br />

facilitar a aceitaçâo <strong>de</strong> dicotom ias como cultura vs. natureza, instinto vs. aprendizagem<br />

, presença vs. auséncia <strong>de</strong> lingtzagem , etc. dicotomias ffceis <strong>de</strong>mais, que substituem<br />

a visâb dialética pelo simples recurso cl%sificatörio. Nlzma perspectiva renovada, que<br />

se queira livre do postulado cartesiano, nâb constitui paradoxo afirmar que a exprtssâo<br />

simbölica e a cultura sâb aspectos pelos quais se manifesta a natureza humana , e<br />

nâb configura sacrildgio procurar por antece<strong>de</strong>ntes ou padröes que se prestem ao<br />

cotejo - por exemplo, nos sinais através dos quais outros animais se comunicam ou<br />

nos comportamentos seus que sugiram a existência <strong>de</strong> trepresentaçöes' sociais.<br />

Gosto especialmente do texto no qual Edgar Morin critica as concepçöes humanistas<br />

tradicionais, por fundamentarem a unida<strong>de</strong> do homem çç<strong>de</strong> forma abstrata e<br />

jurfdico-moral, fora <strong>de</strong> qualquer consi<strong>de</strong>raçâo biolögica, isto é, fora da idéia<strong>de</strong> natureza<br />

hlmana', e por seguirem o paradigma disjuntivo em que o unitârio nâo se concebe no<br />

mesmo m ovimento <strong>de</strong> compreensâb que capta a diversida<strong>de</strong>, e a partir do qual o<br />

antropos biolögico e o antropos cultural se excluem e ocultam mutuamente. Todo ato<br />

hum ano, segundo Morin, se m arca pela çtunidualida<strong>de</strong>'' tem no biolögico e no cultural<br />

><br />

como 1lm verso e reverso: GO homem realiza e <strong>de</strong>senvolve sua animalida<strong>de</strong>, mas por<br />

interm/dio <strong>de</strong> uma inutalo - uma vez que é nova a esfera que criou para si-pröprio, a<br />

esfera social e cultural que, é claro, nâb existe entre os animais' (p. 47). Divirjo <strong>de</strong><br />

Morin quanto à extensâo e a radicalida<strong>de</strong> da ruptura qtze seu pensamento parec .e instaurar<br />

entre a esfera ifunidual'' do ser hlmano e o domfnio da animalida<strong>de</strong> enquanto<br />

animalida<strong>de</strong>. .<br />

A relevânda heurfstica e conceitual <strong>de</strong> llma perspectiva compara:va se evi<strong>de</strong>ncia,<br />

talvez n:o por coinddincia, na ârea <strong>de</strong> estudo dos m ovimentos expressivos ,<br />

m ais particularmente da expressâb facial das emoçöes, um tema ao qual Darwin , <strong>de</strong><br />

malieira pioneira, <strong>de</strong>dicou sua atençâo (Ekman, 1973). Os estudos mo<strong>de</strong>mos , ao m esmo<br />

tempo em que mostram , 'no rir, no chorar e em outras expressöes, uma m anifesta-<br />

Wo trans-cultural, um patrimônio do ser-hlzmano-em-geral, semelhante a outras formas<br />

<strong>de</strong> com lmicaçâo existentes em animais, indicnm os meios sutis atravds dos quais<br />

neles se estabelece o cöritroli cizltural.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!