19.02.2013 Views

j *@ - Sociedade Brasileira de Psicologia

j *@ - Sociedade Brasileira de Psicologia

j *@ - Sociedade Brasileira de Psicologia

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

'<br />

A IDENTIDAD E FEM IN INA N0 PATRIARCADO EM CRISE<br />

VERA S.PAIVA<br />

Univergda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sâopaulo<br />

Parece existir 1m sentimento permanente <strong>de</strong> ina<strong>de</strong>quatâo e esgotamento nas<br />

vivdnciu <strong>de</strong> mzlheres <strong>de</strong> classe m édia urbana esped%lmente quando focnlizamos 'seu<br />

senso <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> sexual. A RevoluWo Feminina, a ma ificaWo dos anticoncepdonais,<br />

a inserlo da mulher na vida pliblica, a facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contato entre povos e com<br />

uma multiplicida<strong>de</strong> muito p'an<strong>de</strong> <strong>de</strong> culturas abriram muitos r-qminhos e jeitos <strong>de</strong> viver<br />

e organizar a vida; nada disso, entretanto foi acompnnhado <strong>de</strong> instrllmentos quer m rmitisem<br />

uma tranquila adaptaWo mssoal. Muitas mnlberes tem recorrido à psicoterapia,<br />

com o em outr% épocas Alma parcela, ainda que m quena, recorria a grupos <strong>de</strong><br />

r eflexâo ou militO cia femin'ista. O incentivo para a m squisa que inspirou esse ensaio .<br />

sur#u do contato com mlxlheres <strong>de</strong> cla e média urbana e, curiosamente, em espedal<br />

com as que se consi<strong>de</strong>ram ç'liberadas' e da observaWo <strong>de</strong> que ese mesmo sentimento<br />

<strong>de</strong> ina<strong>de</strong>quaWo as aflige. Ao mesmo tempo, como proflsional <strong>de</strong> psicolo#a, almentava<br />

a minha insatisfaçâo com as elaboraça s conhecidas <strong>de</strong>ntro do campo PSI que tentam<br />

dar conta da problemitica da i<strong>de</strong>ntidq<strong>de</strong> sexual.<br />

E posfvel i<strong>de</strong>ntilkar na cultura mlo menos 2 mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> adaptaWo feminina:<br />

a) o padrzo tradicional no pacto judaico-cristâo que inclui trds po%ibilida<strong>de</strong>s:<br />

RVOSA/MXE/DUNA DE CASA, FREIRVBEATA e PROSTITUTA; b) o tipo-i<strong>de</strong>al<br />

aparentemente prom sto pela vanglurda da revoluWo feminina (0 movimento feminista)<br />

em que o binômio TRABAIJIO/ORGAW O <strong>de</strong>veria tradlzig a proposta para lmn<br />

m llher 'çliberada e feliz''<br />

Nenhum dos dois enminhos d garantia <strong>de</strong> tranqtlilida<strong>de</strong>; o sentimento <strong>de</strong><br />

adaptalo ao mundo e a si mesma, qlundo ezste, d fnzto <strong>de</strong> nm lduo cnminho em que<br />

a crise <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> adaptaWo, ou e'<strong>de</strong>smapeamento' (Velho, 1986 e Figueira, 1985),<br />

.<br />

#<br />

sâb necessariamente confrontados. Na m aioria das vezes po<strong>de</strong>ie observar as mulberes<br />

se esgoiando na ambiguida<strong>de</strong>, fazendo coexistir em si mesmas forps conflitivas <strong>de</strong>slormndoie<br />

<strong>de</strong> um <strong>de</strong>sejo para o outro, <strong>de</strong> uma mrsonalida<strong>de</strong> a outra, hum esform <strong>de</strong>sesmrado<br />

<strong>de</strong> nio per<strong>de</strong>r nada, <strong>de</strong> ser tudo ao mesmo tempo. Ou como disse 'lmn m rsonagem<br />

<strong>de</strong> meu trabalho: ç. . . ter que ser a mxxlher tipo capa da revista NOVA: bonita,<br />

sempre jovem, mre a<strong>de</strong>quada, esposa prendada, amante predosayprofluionnlizmda,<br />

'<br />

o<br />

que tem outros espams <strong>de</strong> renlzalo pesoal. . Nem a m ler myravilha consegue !'<br />

Nada <strong>de</strong> se estrnnhar numa conjuntura em que a pregaçâo culturalhegemônica<br />

exige a mesma H#<strong>de</strong>z dicotomizmnte <strong>de</strong> papéis presente na tradiçâb Judaico-crist:<br />

e a realida<strong>de</strong> exige, para melhor adaptaWo ao cotidiano, gran<strong>de</strong> flexibilida<strong>de</strong>.<br />

361

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!