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BRUNO GASPARINI CURITIBA 2005 - Universidade Federal do ...

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Em entrevista que o empresário <strong>do</strong> setor de biotecnologia Alberto<br />

Leonar<strong>do</strong> concedeu ao periódico Seed News, a “seletividade rotulada” <strong>do</strong>s investimentos<br />

das transnacionais <strong>do</strong> agronegócio mundial é explicitada, quan<strong>do</strong> ele salienta que as<br />

diversidades climato-po<strong>do</strong>lógicas das diferentes regiões <strong>do</strong> planeta exigirão<br />

investimentos em tecnologias suplementares, que atendam às características de cada<br />

localidade. A exemplificação deste fato é tirada <strong>do</strong> contexto norte-americano, no qual, de<br />

uma gama de 2.500 variedades de soja cultivadas atualmente, apenas cerca de dez estão<br />

plenamente adaptadas às condições peculiares de cada região. Desta forma, em alguns<br />

locais, “a produtividade, mesmo das transgênicas, nem sempre será interessante como as<br />

cultivares tradicionais. E exemplifica: uma região com características diferenciadas, mas<br />

onde se comercializa anualmente em torno de US$ 15 milhões de sementes, certamente<br />

não estimulará a criação de uma variedade própria. E nem sempre a transgênica,<br />

destinada a outro clima, será a solução. Daí a necessidade complementar”. 117<br />

Esta idéia de que a evolução tecnológica é excludente, servin<strong>do</strong> apenas<br />

ao interesse merca<strong>do</strong>lógico, sen<strong>do</strong> uma das principais aliadas <strong>do</strong> capital internacional e<br />

impulsionan<strong>do</strong> a globalização, também é compartilhada pelo geógrafo Milton Santos, que<br />

afirma ser “(...) irônico recordar que o progresso técnico aparecia, desde os séculos<br />

anteriores, como, uma condição para realizar essa sonhada globalização com a mais<br />

completa humanização da vida no planeta. Finalmente, quan<strong>do</strong> esse progresso técnico<br />

alcança um nível superior, a globalização se realiza, mas não a serviço da humanidade”.<br />

Desta forma, resta claro que os desígnios da integração geográfica, econômica e política<br />

não serviram para a melhora da qualidade de vida <strong>do</strong>s homens, mas apenas para<br />

consolidar os interesses priva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> grande conglomera<strong>do</strong> financeiro internacional.<br />

Assim, o atual perío<strong>do</strong>, “(...) tem como uma das bases esse casamento entre ciência e<br />

técnica, essa tecnociência, cujo uso é condiciona<strong>do</strong> pelo merca<strong>do</strong>. Por conseguinte, trata-<br />

se de uma técnica e de uma ciência seletivas. Como, freqüentemente, a ciência passa a<br />

produzir aquilo que interessa ao merca<strong>do</strong>, e não à humanidade em geral, o progresso<br />

técnico e científico não é sempre um progresso moral. 118<br />

117 Biotecnologia cria a nova agricultura. Revista Seed News. São Paulo: n. 1, set. 1997, p. 37.<br />

118 SANTOS, Milton. Por uma outra globalização. Rio de Janeiro: Record, 2000, p. 64-65.<br />

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