16.04.2013 Views

BRUNO GASPARINI CURITIBA 2005 - Universidade Federal do ...

BRUNO GASPARINI CURITIBA 2005 - Universidade Federal do ...

BRUNO GASPARINI CURITIBA 2005 - Universidade Federal do ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Após esta delimitação <strong>do</strong> espaço que o Direito Ambiental ocupa dentro<br />

<strong>do</strong> ciência jurídica, pode-se partir para uma reflexão sobre o fundamento antropocêntrica<br />

que sustenta não só o Direito Ambiental, mas toda a disciplina jurídica. Assim, tanto o<br />

Direito, como sua sub-área, o Direito Ambiental, além da maioria das outras ciências<br />

humanas, sofreu grande influência <strong>do</strong>s conceitos herda<strong>do</strong>s pela física newtoniana e pelo<br />

racionalismo cartesiano, o que determinou a escolha <strong>do</strong> antropocentrismo como base<br />

filosófica na construção <strong>do</strong> ordenamento jurídico. As palavras de Arnal<strong>do</strong> Moraes Go<strong>do</strong>y<br />

confirmam esta constatação: “A legislação ambiental baseia-se nessa diretiva conceitual.<br />

Em 1992 a declaração <strong>do</strong> Rio confirmou tal presunção, fixan<strong>do</strong> o ser humano no centro<br />

da política ambiental. Relega-se o que não é humano à categoria de ‘recursos’, paradigma<br />

que consubstancia a ética decorrente de auto-imagem ideologicamente comprometida<br />

com um freudianismo explícito de homem <strong>do</strong>minante.” 60<br />

Também tratan<strong>do</strong> da influência <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> cartesiano na formulação <strong>do</strong>s<br />

conceitos jurídicos, basea<strong>do</strong>s na posse e na propriedade <strong>do</strong>s recursos naturais, e o mo<strong>do</strong><br />

como estes exprimem a relação <strong>do</strong> ser humano com a natureza, o filósofo francês Michel<br />

Serres disserta com propriedade. Perguntan<strong>do</strong>-se sobre quem é o responsável pela<br />

degradação <strong>do</strong> meio ambiente em suas diversas formas (chuva ácida, poluição <strong>do</strong> ar, etc),<br />

o autor chega à conclusão de que as responsabilidades recaem sobre as pessoas públicas e<br />

privadas, em última instância, o ser humano. Para que essa degradação seja possível, nos<br />

utilizamos de “nossos instrumentos, nossas armas, nossa eficácia, nossas razão, das quais<br />

nos mostramos legitimamente vai<strong>do</strong>sos: o nosso <strong>do</strong>mínio e nossas posses. Domínio e<br />

posse, a palavra-chave lançada por Descartes no despertar da era científica e técnica,<br />

quan<strong>do</strong> a nossa razão partiu para a conquista <strong>do</strong> universo.”<br />

Desta forma, o ser humano <strong>do</strong>mina e se apropria <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> natural, seja<br />

mediante o empreendimento industrial ou a ciência dita desinteressada. Com isso, a<br />

<strong>do</strong>minação cartesiana corrige a violência objetiva da ciência em uma estratégia bem<br />

regulamentada, o que delimita nossa relação fundamental com os objetos, resumin<strong>do</strong>-se à<br />

guerra e à apropriação. Para além <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio e da posse, a outra relação que mantemos<br />

com o meio natural está fundamentada no direito de propriedade. Sobre este aspecto,<br />

60 GODOY, Arnal<strong>do</strong> Moraes. Obra citada, p. 120.<br />

PDF created with FinePrint pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!