16.04.2013 Views

BRUNO GASPARINI CURITIBA 2005 - Universidade Federal do ...

BRUNO GASPARINI CURITIBA 2005 - Universidade Federal do ...

BRUNO GASPARINI CURITIBA 2005 - Universidade Federal do ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

formular suas teses. Como vimos, Jonas parte <strong>do</strong> imperativo kantiano para depois refutá-<br />

lo e complementá-lo.<br />

Para delimitar a abrangência da ética da responsabilidade, Hans Jonas<br />

divide a responsabilidade em formal e substantiva. A responsabilidade formal possui um<br />

caráter neutro, que não afere o ato em si, mas apenas a possibilidade daquele indivíduo<br />

ser culpa<strong>do</strong> ou elogia<strong>do</strong> por suas ações. A responsabilidade substantiva, por sua vez, traz<br />

em si, um caráter pessoal, de conscientização <strong>do</strong> ator quanto às conseqüências de sua<br />

ação, o objeto a ser persegui<strong>do</strong> é totalmente dependente <strong>do</strong> agente. A ética da<br />

responsabilidade proposta por Jonas traz em sua formulação as concepções da<br />

responsabilidade substantiva.<br />

Entretanto, para que o princípio da responsabilidade seja realmente<br />

eficaz e possa ser a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> integralmente pelos cientistas e pesquisa<strong>do</strong>res, há que estar<br />

acompanha<strong>do</strong> pela consciência da incerteza e <strong>do</strong> risco presentes na ciência hodierna. Esse<br />

reconhecimento se exteriorizará, na visão de Jonas, mediante a “heurística <strong>do</strong> temor”, que<br />

pode ser considerada como um <strong>do</strong>s primórdios da precaução.<br />

O autor, cita<strong>do</strong> por José Eduar<strong>do</strong> de Siqueira, elucida a questão, ao<br />

salientar que “o temor, antes de escasso prestígio entre as emoções, considera<strong>do</strong> uma<br />

fraqueza própria <strong>do</strong>s medrosos, agora será honra<strong>do</strong> e seu culto há de converter-se em<br />

obrigação ética. Nós, os poderosos, conscientes <strong>do</strong> poder que ora detemos, havemos de<br />

nos colocar premeditada e autoeducativamente no lugar daquele que ‘saiu para aprender o<br />

que era o me<strong>do</strong>’, mas sabemos que este será um me<strong>do</strong> com novos contornos (...) O<br />

princípio da responsabilidade propõe, ao introduzir o conceito de ‘heurística <strong>do</strong> temor’,<br />

uma nova e fundamental regra para o enfrentamento com a incerteza: ‘in dubio pro malo’<br />

– ou seja, em caso de dúvida, tenha ouvi<strong>do</strong>s para o pior prognóstico, pois as apostas<br />

tornaram-se demasia<strong>do</strong> elevadas para esse jogo”. 274<br />

Existem divergências em relação à a<strong>do</strong>ção de uma postura ética por parte<br />

<strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res e cientistas, pois alguns, como Watson (que propôs a estrutura <strong>do</strong><br />

274 SIQUEIRA, José Eduar<strong>do</strong> de. Idem, p. 65.<br />

PDF created with FinePrint pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!