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BRUNO GASPARINI CURITIBA 2005 - Universidade Federal do ...

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malthusianos, não acredita que as inovações tecnológicas possam vir a aumentar a<br />

produtividade da produção de alimentos em ritmo compatível com o crescimento<br />

demográfico. O maior expoente desta corrente é o economista Lester Brown, <strong>do</strong><br />

Worldwatch Institute. De mo<strong>do</strong> contrário, há uma segunda corrente, cujos expoentes são<br />

Norman Bourlag, “pai da Revolução Verde” e Dennis T. Avery, <strong>do</strong> Hudson Institute, que<br />

tem absoluta certeza que o desenvolvimento tecnológico, basea<strong>do</strong> na engenharia<br />

genética, aplicada apenas nos agrossistemas da América <strong>do</strong> Norte e da Europa, aumentará<br />

os níveis de produtividade a ponto de saciar a fome <strong>do</strong> Terceiro Mun<strong>do</strong>. Por fim, a última<br />

corrente, formada principalmente pelos dirigentes de sistemas oficiais de pesquisa<br />

agropecuária, pregam uma “revolução superverde” ou “duplamente verde”, baseada na<br />

disseminação das novas tecnologias a to<strong>do</strong>s os países <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, cujo principal expoente<br />

é Gor<strong>do</strong>n Conway. 243<br />

Facilmente podemos visualizar que, com exceção da primeira corrente,<br />

que tem uma acepção mais próxima da eco-economia e da sustentabilidade da produção<br />

agrícola para propiciar uma distribuição de alimentos amparada pela justiça social, as<br />

demais, são declaradamente representantes <strong>do</strong> desenvolvimento tecnológico ilimita<strong>do</strong>,<br />

ten<strong>do</strong> neste a solução <strong>do</strong>s problemas para a fome e misérias mundiais, mera reprodução<br />

<strong>do</strong> discurso oficial patrocina<strong>do</strong> pelas transnacionais <strong>do</strong> agronegócio mundial, e que não<br />

representam verdadeira solução para o problema que atinge quase <strong>do</strong>is terços da<br />

população mundial.<br />

Partin<strong>do</strong>-se das afirmações anteriores, o quadro que se vislumbra é de<br />

que há uma indústria transnacional extremamente organizada, com vínculos e<br />

ramificações em diversos setores da economia, que opera por meio de pacotes<br />

tecnológicos, obrigan<strong>do</strong> agricultores e até mesmo nações inteiras, a utilizarem-se <strong>do</strong><br />

desenvolvimento tecnológico por eles patentea<strong>do</strong>, o que suscita uma situação de extrema<br />

dependência, visto que a escolha sobre o que será planta<strong>do</strong>, as formas de cultivo, e até<br />

mesmo a comercialização <strong>do</strong>s produtos provenientes das safras agrícolas, não caberá aos<br />

próprios agricultores, e muito menos estarão enquadradas em políticas governamentais,<br />

mas serão escolhas feitas pelas transnacionais, apenas baseadas em cifras, como números<br />

da produção e retorno <strong>do</strong>s investimentos, mas sem uma preocupação real com a<br />

243 VEIGA, José Eli da. Obra citada, p. 211-12.<br />

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