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BRUNO GASPARINI CURITIBA 2005 - Universidade Federal do ...

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Sob a ótica <strong>do</strong> autor, a ciência não se desenvolve pela acumulação de<br />

descobertas e invenções individuais, ou seja, o desenvolvimento científico não se<br />

concebe como um processo de acréscimo. 19 Entretanto, isto não significa que crenças e<br />

teorias não sejam herdadas e a<strong>do</strong>tadas por um determina<strong>do</strong> grupo, realmente<br />

comprometi<strong>do</strong> com algo novo em um da<strong>do</strong> momento. Não se trata de uma evolução<br />

paulatina, mas de uma mudança drástica, uma ruptura nos pressupostos que delimitam a<br />

construção <strong>do</strong> conhecimento em determinada área. Isto altera até mesmo a relação <strong>do</strong><br />

cientista com a natureza, como assevera o autor ao ressaltar que “as teorias também não<br />

evoluem gradualmente, ajustan<strong>do</strong>-se a fatos que sempre estiveram à nossa disposição.<br />

Em vez disso, surgem ao mesmo tempo que os fatos aos quais se ajustam, resultan<strong>do</strong> de<br />

uma reformulação revolucionária da tradição científica anterior – uma tradição na qual a<br />

relação entre o cientista e a natureza, mediada pelo conhecimento, não era exatamente a<br />

mesma”. 20<br />

Para que haja, .portanto, uma revolução científica, é necessário que haja<br />

uma desintegração da tradição anteriormente herdada, com vistas à formulação <strong>do</strong><br />

novo. 21 Isto é precisamente o que aconteceu com a moderna biotecnologia, que embora<br />

amparada na descoberta <strong>do</strong> DNA, na década de 50, traçou caminhos próprios, em virtude<br />

da evolução da engenharia genética, que culminou na técnica <strong>do</strong> DNA recombinante, a<br />

transgenia. Tal fato representou uma mudança nas bases de interpretação e utilização da<br />

engenharia genética, dividin<strong>do</strong> ainda mais as concepções científicas acerca das<br />

problematizações possíveis, num primeiro momento, mas sen<strong>do</strong> gradativamente<br />

interiorizada pela comunidade científica.<br />

Entretanto, a “revolução paradigmática tem de ser um sentimento da<br />

comunidade científica, arraiga<strong>do</strong> no meio da investigação, da construção da tecnologia,<br />

mas não precisa ser percebida pelo restante da sociedade. Apenas os cientistas precisam<br />

perceber a dimensão <strong>do</strong> novo paradigma. As palavras de T. Kuhn elucidam a questão:<br />

“(...) as revoluções científicas precisam parecer revolucionárias somente para aqueles<br />

19 KUHN, Thomas S. Idem, p. 21.<br />

20 KUHN, Thomas S. Idem, p. 179.<br />

21 KUHN, Thomas S. Idem, p. 25.<br />

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