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BRUNO GASPARINI CURITIBA 2005 - Universidade Federal do ...

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conseqüência natural de uma economia em expansão baseada em contabilidade tão<br />

distorcida é a de que pouco a pouco se esvai a vida <strong>do</strong> planeta”. 88<br />

Além destas constatações, o que é extremamente preocupante é o fato da<br />

proteção ambiental estar sen<strong>do</strong> gerida pela racionalidade econômica. Ë claro que este<br />

posicionamento é fruto da influência antropocêntrica nesta ciência, que vem<br />

transforman<strong>do</strong> o meio ambiente em valor crematístico, seja pela concepção da natureza<br />

como recurso, seja pela implantação da gestão ambiental como parâmetro de qualidade<br />

merca<strong>do</strong>lógico, sem maiores preocupações com as interações <strong>do</strong> ser humano e <strong>do</strong><br />

ambiente, mas apenas visan<strong>do</strong> uma maior aceitação em merca<strong>do</strong>s mais exigentes.<br />

Sobre essa mercantilização <strong>do</strong> meio ambiente, Arnal<strong>do</strong> Moraes Go<strong>do</strong>y<br />

assevera que “surge uma racionalidade econômica a gerir o meio ambiente, traduzida em<br />

cálculos de custo e benefício, reduzin<strong>do</strong>-se a proteção ambiental ao dinheiro. As questões<br />

ambientais tendem a ser assimiladas pela economia; a identitidade não é apenas<br />

glotológica, aceito que ecologia e economia vinculam-se a raiz idêntica, o ‘oikos’ da fala<br />

ática. A análise racional <strong>do</strong> meio ambiente preocupa-se com a produtividade, com a<br />

obtenção de maior utilidade com um mínimo de ineficiência ou perda. Apropria-se <strong>do</strong><br />

ideário de Bentham e protege-se o meio ambiente porque ele é economicamente útil”. 89<br />

Pelo que foi anteriormente exposto, pode-se vislumbrar a necessidade<br />

eminente das ciências sociais reverem seus conceitos, assimilan<strong>do</strong> os novos paradigmas<br />

das ciências exatas e incorporan<strong>do</strong>-os à formulação de suas teorias. A economia,<br />

principalmente, precisa dar atenção às externalidades, aos fatores ambientais e sociais<br />

que influenciam e determinam a formação <strong>do</strong>s preços. A tradicional visão cartesiana, que<br />

insere um valor crematístico aos bens ambientais, inclusive denominan<strong>do</strong>-os de recursos,<br />

não é mais condizente com a amplitude das conseqüências advindas da degradação<br />

ambiental. Assim, o desenvolvimento econômico deve consolidar a proteção da<br />

dignidade da pessoa humana, mas isto não é suficiente pois ao meio natural deve ser dada<br />

a garantia necessária de conservação o que, obrigatoriamente, impõe a sujeição da ação<br />

88 SIQUEIRA, José Eduar<strong>do</strong> de. Ética e tecnociência: uma abordagem segun<strong>do</strong> o princípio da<br />

responsabilidade de Hans Jonas. Londrina: UEL, 1998, p. 47-8.<br />

89 GODOY, Arnal<strong>do</strong> Moraes. Obra citada, p. 120.<br />

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