16.04.2013 Views

BRUNO GASPARINI CURITIBA 2005 - Universidade Federal do ...

BRUNO GASPARINI CURITIBA 2005 - Universidade Federal do ...

BRUNO GASPARINI CURITIBA 2005 - Universidade Federal do ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

objeto de contendas há vários séculos. Segun<strong>do</strong> Édis Milaré e José de Ávila Aguiar<br />

Coimbra 52 entre os tantos que abraçaram este assunto, o pensa<strong>do</strong>r inglês Keith Thomas 53<br />

conseguiu analisar de maneira aprofundada as relações da humanidade com o mun<strong>do</strong><br />

natural, particularmente com os animais e as plantas, num estu<strong>do</strong> que abrangeu três<br />

séculos, de 1500 a 1800, volta<strong>do</strong> especialmente para as culturas ocidentais, estabelecen<strong>do</strong><br />

os parâmetros deste relacionamento.<br />

Mais recentemente, já no nosso século, o filósofo francês Michel Serres<br />

também defende uma incorporação <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> natural às ciências sociais, mediante uma<br />

mudança paradigmática, que inserirá a natureza na construção da história e será<br />

delimitada por parâmetros éticos, que nos levarão à formulação de um novo contrato, que<br />

vai além <strong>do</strong> propala<strong>do</strong> contrato social, denomina<strong>do</strong> contrato natural. Para tanto, de mo<strong>do</strong><br />

a contrapor-se às crises ambientais de caráter global, o ser humano terá que fazer<br />

determinadas escolhas para que a continuidade da vida na Terra seja possível.<br />

Afirma o autor, que o ser humano precisa “prever e decidir”, apostan<strong>do</strong><br />

numa mudança de posicionamento, visto que o modelo atual pode servir para sustentar<br />

duas teses opostas. Esta concepção pode trazer conseqüências desagradáveis e<br />

indesejadas, pois “se julgarmos nossas ações inocentes e acharmos que estamos<br />

ganhan<strong>do</strong>, nada ganhamos, a história prossegue como antes; mas se perdermos, perdemos<br />

tu<strong>do</strong>, sem preparação para alguma possível catástrofe. Ao contrário, deveríamos escolher<br />

a nossa responsabilidade: se perdermos, não perdemos nada; mas se ganharmos,<br />

ganhamos tu<strong>do</strong>, permanecen<strong>do</strong> atores da história. Nada ou a perda de um la<strong>do</strong>, o ganho<br />

ou nada, de outro: isto não deixa dúvida”. 54<br />

Se anteriormente, os homens tinham motivos para se degladiar, em<br />

guerras étnicas ou religiosas, guerras subjetivas, amparadas pelo direito e pela história,<br />

agora, a situação é sui generis, pois a guerra <strong>do</strong>s homens é travada contra o planeta,<br />

contra o meio ambiente, contra si próprios. Esta violência gratuita e objetiva, sem limites<br />

ou regras, necessita de uma intervenção radical por parte <strong>do</strong> direito, como outrora havia<br />

52 MILARÉ, Edis; COIMBRA, José de Ávila Aguiar. Idem, p. 14.<br />

53 THOMAS, Keith. O homem e o mun<strong>do</strong> natural: mudanças de atitude em relação às plantas e animais<br />

(1500-1800). São Paulo: Companhia das Letras, 1996.<br />

54 SERRES, Michel. Obra citada, p. 15.<br />

PDF created with FinePrint pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!