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BRUNO GASPARINI CURITIBA 2005 - Universidade Federal do ...

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<strong>do</strong>minar e controlar. Como diz Bacon, a ciência fará da pessoa humana ‘o senhor e o<br />

possui<strong>do</strong>r da natureza’. 47<br />

A sociedade humana, então, construiu, em sua recente história, um<br />

modelo de desenvolvimento que privilegia apenas a manutenção da espécie humana, sem<br />

se atentar de que a continuidade da vida desta espécie, depende, necessariamente, da<br />

manutenção das outras espécies, mas não apenas como fonte de recursos ou exploração,<br />

mas sim, com a concepção de que a interdependência entre os componentes bióticos e<br />

abióticos <strong>do</strong> ecossistema planetário, além <strong>do</strong> fluxo energético-material, é fundamental<br />

para que o equilíbrio dinâmico <strong>do</strong> sistema seja preserva<strong>do</strong>.<br />

As palavras de José Maria G. de Almeida Júnior explicam a formação<br />

deste modelo antropocêntrico de desenvolvimento humano e suas conseqüências, quan<strong>do</strong><br />

relata que “a evolução humana, adaptativamente antropocêntrica por longo tempo (a<br />

nossa, afinal, é uma espécie biologicamente frágil), produziu civilizações, e, assim,<br />

religiões, filosofias, artes, ciências e tecnologias (THOMAS, Lews – 1992)”. Assim, a<br />

partir desse modelo, “o homem aprendeu a adquirir, preservar, transmitir, aplicar e<br />

transformar conhecimentos; aprendeu, igualmente, a expressar e a modular suas emoções.<br />

Com isso, passou a elaborar sistemas valorativos, políticos, jurídicos, econômicos e<br />

sociais”. Pela introdução destes parâmetros em sua vida e relações sociais, “o homem<br />

tornou-se, então, um cria<strong>do</strong>r e construtor exímio – na paisagem e de paisagens – numa<br />

tentativa de responder singularmente às suas aspirações, necessidades e limitações, tanto<br />

individuais como grupais, em geral imediatas”. Diante destas incorporações, o ser<br />

humano passou a não ter muito “controle de si mesmo e <strong>do</strong> seu meio, tampouco com<br />

interconexões espaço-temporais”, tornan<strong>do</strong>-se, finalmente, “o que ele é hoje – uma presa<br />

de si mesmo, capaz de se autodestruir e ao seu próprio mun<strong>do</strong>”. 48<br />

Assim, embora a sociedade humana esteja, nas últimas décadas,<br />

mudan<strong>do</strong> o seu mo<strong>do</strong> de relacionamento com a natureza, ainda mantém uma visão<br />

utilitarista desta, seja por meio da ecoteologia (que postula justificativas religiosas para a<br />

47 SANTOS, Boaventura de Sousa. Obra citada, p. 13.<br />

48 ALMEIDA JÚNIOR, José Maria G. Por um novo paradigma de desenvolvimento sustentável. In:<br />

HERMANS, Maria Artemísia Arraes (Coord.) Direito ambiental: o desafio brasileiro e a nova dimensão<br />

global. Brasília: Brasília Jurídica: OAB, Conselho <strong>Federal</strong>, 2002, p. 23.<br />

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