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BRUNO GASPARINI CURITIBA 2005 - Universidade Federal do ...

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que exclui a possibilidade de se utilizar representações unilineares <strong>do</strong> futuro, basea<strong>do</strong>s na<br />

razão ou no espírito. Segun<strong>do</strong> De Giorgi : “(...) a alta complexidade, autoproduzida pela<br />

sociedade moderna, fez da precariedade da relação da razão com o tempo um pressuposto<br />

estável <strong>do</strong> agir, que pode ser imputa<strong>do</strong> a homens ou organizações.” 39<br />

De acor<strong>do</strong> com estas condições estruturais, a sociedade utiliza-se de uma<br />

forma de constituição de formas para a representação <strong>do</strong> futuro e para produzir vínculos<br />

com o futuro. A forma dessa representação e a modalidade da produção destes vínculos<br />

com o futuro está representada pelo “risco”, que atua por meio da racionalidade para<br />

construir outras formas, baseadas no binômio probabilidade/improbabilidade. A análise<br />

<strong>do</strong> risco realizada pela sociedade contemporânea pode ter a função de racionalizar o<br />

me<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> um substituto para a angústia provocada pela própria observação da<br />

realidade e a constatação de que o ser humano influi negativamente em seu meio. O tema<br />

<strong>do</strong> risco tornou-se objeto de interesse e preocupação da opinião pública, quan<strong>do</strong> o<br />

problema da ameaça ambiental permitiu a compreensão de que a sociedade produz<br />

tecnologias que podem gerar danos irreversíveis, não só para a natureza, mas<br />

conseqüentemente, para a própria espécie humana.<br />

As considerações de Raffaele De Giorgi explicam como a sociedade<br />

reagiu a essa constatação: “Neste ponto, o risco foi trata<strong>do</strong>, consideran<strong>do</strong>-se a segurança<br />

como sua alternativa e, portanto, também possível. Apelou-se para o uso de tecnologias<br />

seguras e invocou-se a intervenção de uma racionalidade linear capaz de controlar as<br />

conseqüências das decisões. Depois, constatou-se que a alternativa para o risco não era a<br />

segurança, mas um risco de outro gênero, e tematizou-se a normalidade <strong>do</strong> risco”. 40<br />

Assim, com a banalização <strong>do</strong> risco, a sociedade moderna passou a tratar<br />

como uma normalidade a iminência das catástrofes. Verificou-se que o Ser humano é<br />

incapaz de promover uma segurança total, diante da corrida tecnológica contemporânea,<br />

onde o avanço da ciência chega a patamares inimagináveis, e a imprevisibilidade impera.<br />

Verificou-se que a segurança é um artefato em que não se pode confiar. Quan<strong>do</strong> o Ser<br />

humano se dá conta de que o modelo de racionalidade utiliza<strong>do</strong> e que nos dava<br />

39 DE GIORGI, Raffaele. Obra citada, local cita<strong>do</strong>..<br />

40 DE GIORGI, Raffaele. Idem, p. 51.<br />

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