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BRUNO GASPARINI CURITIBA 2005 - Universidade Federal do ...

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obriga a tomá-la a cargo diante <strong>do</strong> sistema e, em primeiro lugar, criticar o sistema (ou<br />

aspecto <strong>do</strong> sistema) que causa a vitimação.<br />

Mas não basta a ação da crítica se a vítima permanecer negada, os<br />

filósofos, a sociedade e as próprias indústrias transnacionais são responsáveis pela<br />

transformação das causas que originam a vítima como vítima. A obrigação ética de<br />

transformar a realidade que causa vítimas parte da perversidade de sua mera existência,<br />

de nossa responsabilidade pela realização plena da vida das vítimas, e <strong>do</strong> cumprimento<br />

<strong>do</strong> dever da crítica. Para que haja justiça, solidariedade, vontade diante das vítimas, é<br />

necessário criticar a ordem estabelecida para que a impossibilidade de viver destas<br />

vítimas se converta em possibilidade de viver e viver melhor. Para que isto aconteça, é<br />

necessário transformar a ordem vigente, fazê-la crescer, criar o novo.<br />

Com isso, o sujeito último <strong>do</strong> princípio ético-crítico deve ser, por sua<br />

vez, a própria comunidade das vítimas, visto que também os afeta<strong>do</strong>s pelas normas e<br />

instituições que operam o agronegócio internacional, as comunidades tradicionais, devem<br />

começar a lutar e criticar o sistema, conscientizan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>s direitos que lhes são próprios.<br />

A crítica é o começo da luta, porque para as vítimas o futuro é o tempo da esperança;<br />

deve-se lutar para estar melhor, porque o presente sofre a negação, na qual não é possível<br />

viver.<br />

No livro de Elizabeth Burgos, em que esta relata a história de Rigoberta<br />

Menchú, guatemalteca que sofria todas as negatividades <strong>do</strong> sistema vigente e possuía<br />

todas as características das populações que são vitimadas naquela região (indígenas,<br />

camponeses, pobres), há a denúncia da situação <strong>do</strong> povo gualtemalteco, que trabalhava<br />

nas “fincas”, culturas temporais <strong>do</strong> litoral, durante 08 meses <strong>do</strong> ano, nas monoculturas<br />

tradicionais, nas quais os trabalha<strong>do</strong>res das montanhas eram alicia<strong>do</strong>s e submeti<strong>do</strong>s a<br />

trabalho semi-escravo, diante de condições sub-humanas, onde o alimento, os remédios e<br />

até mesmo a moradia, eram desconta<strong>do</strong>s de seus salários, que ao final <strong>do</strong> perío<strong>do</strong><br />

trabalha<strong>do</strong>, se houvesse algum contratempo, não daria nem para as despesas de regresso<br />

às montanhas.<br />

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