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BRUNO GASPARINI CURITIBA 2005 - Universidade Federal do ...

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interesses das transnacionais sementeiras. O mecanismo funciona da seguinte forma: as<br />

multinacionais controlam a produção e o comércio de sementes que são geneticamente<br />

"melhoradas", eliminan<strong>do</strong> as resistências naturais e aumentan<strong>do</strong> a vulnerabilidade das<br />

culturas. Cria-se assim, a dependência <strong>do</strong>s agrotóxicos. As multinacionais que fabricam<br />

agrotóxicos são as mesmas que controlam o "melhoramento", a produção e a<br />

comercialização das sementes.<br />

Essa apropriação privada da geração, reprodução e distribuição de novas<br />

variedades de sementes pelas empresas privadas multinacionais, assim como o controle<br />

da oferta <strong>do</strong>s insumos que elas requerem, vêm submeten<strong>do</strong> os povos de to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> a<br />

uma tirania de um novo tipo: a tirania <strong>do</strong> conhecimento biotecnológico. 236 Sobre a a<strong>do</strong>ção<br />

obrigatória <strong>do</strong>s “pacotes tecnológicos” nos países periféricos e sua relação com a<br />

degradação ambiental, disserta o economista José Eli da Veiga, ao afirmar que “Hoje,<br />

mesmo em países periféricos como o Brasil, a grande massa <strong>do</strong>s produtores só consegue<br />

um padrão de vida <strong>do</strong>s mais modestos se participar de uma intensa maratona tecnológica<br />

que, para muitos, é um cooper em esteira: só para quem pula fora. E é justamente essa<br />

corrida desenfreada pela a<strong>do</strong>ção de pacotes tecnológicos da agricultura moderna que<br />

provoca por aqui os mesmos impactos deletérios e ameaças ambientais antes constata<strong>do</strong>s<br />

na Europa, na América <strong>do</strong> Norte ou no Japão”. 237<br />

Também salientan<strong>do</strong> a forma como a evolução tecnológica é utilizada<br />

apenas em benefício <strong>do</strong> lucro e vista como um negócio, em detrimento <strong>do</strong> meio ambiente<br />

e <strong>do</strong> interesse público, Fritjof Capra polemiza, ao asseverar que “A lavoura como um<br />

to<strong>do</strong> converteu-se numa indústria gigantesca, em que decisões-chave são tomadas pro<br />

‘agrocientistas’ e transmitidas a ‘agroadministra<strong>do</strong>res’ ou ‘técnicos agronômicos’ – os<br />

antigos agricultores – através de uma cadeia de agentes e vende<strong>do</strong>res”. Diante desta nova<br />

realidade, “(...) os agricultores perderam quase toda a sua liberdade e criatividade, e<br />

passaram a ser, na verdade, consumi<strong>do</strong>res de técnicas de produção. Essas técnicas não se<br />

baseiam em consideraçòes ecológicas, pois são forçadas, pelas conveniências <strong>do</strong><br />

merca<strong>do</strong>, a voltar-se para tal ou tal merca<strong>do</strong>ria”. Com isso, “Os agricultores já não podem<br />

236 SERRES, Michel.idem, p. 09.<br />

237 VEIGA, José Eli da. Obra citada, p. 203.<br />

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