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BRUNO GASPARINI CURITIBA 2005 - Universidade Federal do ...

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(...) a ciência é, em to<strong>do</strong>s os seus senti<strong>do</strong>s, um processo social que é tanto<br />

causa como produto da organização social. Fazer ciência é ser um ator<br />

social engaja<strong>do</strong>, queira ou não queira, em atividade política. A negação<br />

da interpenetração de ciência e sociedade é, em si, um ato político, dan<strong>do</strong><br />

apoio a estruturas sociais que se ocultam por detrás da objetividade<br />

científica par perpetuar a dependência, a exploração, o racismo, o<br />

elitismo, o colonialismo (...) Os cientistas, quer eles percebam ou não,<br />

sempre escolhem la<strong>do</strong>s (....) Os cientistas, como outros intelectuais, se<br />

apresentam para seu trabalho com uma visão de mun<strong>do</strong>, um conjunto de<br />

pré-concepções que fornece a estrutura para sua análise de mun<strong>do</strong>. 278<br />

Reafirman<strong>do</strong> a necessidade da mudança comportamental <strong>do</strong>s cientistas e<br />

pesquisa<strong>do</strong>res diante <strong>do</strong> imenso poder que o desenvolvimento tecnocientífico representa<br />

no mun<strong>do</strong> moderno, permea<strong>do</strong> de incertezas e riscos quanto à utilização destes<br />

conhecimentos, Hans Jonas enaltece a função da ética da responsabilidade neste contexto,<br />

ao afirmar que “Em conseqüência da escala inevitavelmente utópica da técnica moderna,<br />

a salutar distância entre questões cotidianas e questões extremas, entre ocasiões que<br />

exigem a vulgar prudência e ocasiões a pedirem profunda sabe<strong>do</strong>ria, está reduzin<strong>do</strong>-se a<br />

passos largos”. Diante desta nova realidade, o autor ressalta que ao la<strong>do</strong> de uma “nova<br />

ética” deve existir uma “nova espécie de humildade”, que não deve ser igual “à que antes<br />

existia, ou seja, que já não o é em face da pequenez, mas antes em face da excessiva<br />

magnitude <strong>do</strong> nosso poder, que se traduz pelo excesso <strong>do</strong> nosso poder de agir face ao<br />

nosso poder de prever e ao nosso poder de avaliar e ajuizar. Em face das potencialidades<br />

para-escatológicas <strong>do</strong>s nossos processos tecnológicos, a ignorância das implicações<br />

últimas torna-se ela própria numa razão para que se faça uso de comedimento<br />

responsável, à falta da própria sabe<strong>do</strong>ria”. 279<br />

Esta opinião também é compartilhada por Schramm 280 , que acentua o<br />

caráter transforma<strong>do</strong>r da biotecnologia, tanto no que se refere à qualidade de vida homem<br />

quanto nas mudanças que podem ser ocasionadas no meio ambiente. Diante de tanto<br />

poder, é necessário o monitoramento constante das pesquisas e a incorporação de uma<br />

reflexão ética neste campo <strong>do</strong> conhecimento humano. Segun<strong>do</strong> José Eduar<strong>do</strong> de Siqueira,<br />

citan<strong>do</strong> o autor, “a dimensão racional-operacional <strong>do</strong> saber-fazer biotecnocientífico<br />

278 LEVINS, R.. LEWONTIN, R. The Dialectical Biologist. Cambridge: Harvard University Press, 1985.<br />

279 SIQUEIRA, José Eduar<strong>do</strong> de. Obra citada, p. 81.<br />

280 SCHRAMM, F.R. Eugenia, Eugenética e o Espectro <strong>do</strong> Eugenismo: Considerações Atuais sobre<br />

Biotecnociência e Bioética. Bioética: v. 5, n. 2, 1997, p. 203-220.<br />

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