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BRUNO GASPARINI CURITIBA 2005 - Universidade Federal do ...

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nossa atuação. Na hipótese desta certeza não se realizar, restaria a afirmação de que tal<br />

fato poderia ser imputa<strong>do</strong> à oposição previsível de forças contrárias, mas, de qualquer<br />

forma, conhecidas ou previsíveis. A racionalidade estava inculcada nestas formulações.<br />

As ações <strong>do</strong> presente eram pautadas na representação <strong>do</strong> futuro, basea<strong>do</strong> em esquemas de<br />

simplificação da sociedade possível, que davam plausibilidade às decisões, visto que<br />

permitiam tratar com previsibilidade ou como expectativas partilhadas, o dano<br />

ocasiona<strong>do</strong> daquela atuação.<br />

O potencial descritivo destas distinções havia sedimenta<strong>do</strong> uma<br />

semântica que estabilizava estruturas de expectativas e fornecia segurança. Estas<br />

distinções se caracterizavam por valores positivos ou negativos, sempre contrastantes,<br />

mas que tinham sua própria plausibilidade, visto que mesmo as resistências que se<br />

opunham a determinadas estratégias, tendiam a conservar a distinção, convalidan<strong>do</strong> a<br />

possibilidade de autodescrição da sociedade. O próprio De Giorgi elucida a questão: “De<br />

outra parte, os países subdesenvolvi<strong>do</strong>s só eram assim considera<strong>do</strong>s sob a perspectiva de<br />

desenvolvimento <strong>do</strong>s países desenvolvi<strong>do</strong>s, os quais, enquanto impunham suas políticas<br />

em virtude de sua potência econômica, podiam legitimamente ter como objetivo de seu<br />

desenvolvimento a manutenção <strong>do</strong> subdesenvolvimento nos outros países.” 34<br />

A diferença entre os valores que caracterizam cada uma das partes da<br />

distinção criava situações de equilíbrio no senti<strong>do</strong> de que, também quan<strong>do</strong> se verificava a<br />

transposição da linha demarcatória, a diferença entre os <strong>do</strong>is valores subsistia. A<br />

igualdade de to<strong>do</strong>s os cidadãos perante a lei forçava a redistribuição, em âmbitos<br />

diversos, <strong>do</strong>s problemas que dali derivavam e levava, desta forma, à produção de novas<br />

diferenças. A situação é cíclica e irremediável. As contraposições <strong>do</strong> sistema são<br />

diametralmente opostas, mas com caráter complementar. É a manutenção das distinções e<br />

as estratégias de equilíbrio que garante segurança <strong>do</strong> sistema. Na afirmação de De Giorgi:<br />

“Mais Esta<strong>do</strong> significava menos merca<strong>do</strong>; mais riqueza; menos pobreza; mesmo guerra,<br />

mais paz. Diante <strong>do</strong> risco, podia-se oportunamente pensar em mais segurança. A guerra<br />

fria, o equilíbrio <strong>do</strong> terror, a política de dissuasão, as intervenções para o<br />

34 DE GIORGI, Raffaele. O risco na sociedade contemporânea. Revista Seqüência. Florianópolis: UFSC,<br />

n. 28, 1994, p. 47.<br />

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