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BRUNO GASPARINI CURITIBA 2005 - Universidade Federal do ...

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Atualmente, a autodescrição da sociedade está fragmentada, sen<strong>do</strong> que o<br />

potencial descritivo das distinções que a haviam torna<strong>do</strong> possível, também está esgota<strong>do</strong>.<br />

A autodescrição foi privada de seu fundamento, qual seja, o pressuposto da estabilidade<br />

da relação entre racionalidade e tempo. Esta relação era precária, sen<strong>do</strong> a normalidade,<br />

portanto, uma construção contingente, capaz de duvidar de si própria, visto que<br />

constituída por indeterminações infinitas, pois o que nunca houvera aconteci<strong>do</strong> ou tenha<br />

si<strong>do</strong> verifica<strong>do</strong>, pode acontecer de súbito.<br />

Na medida em que se percebe que toda decisão também poderia ter si<strong>do</strong><br />

tomada de maneira diversa, percebe-se que esta é contigente, que o evento, ao qual ela se<br />

refere, é contingente e que o momento, no qual o acontecimento e a decisão se fundam,<br />

também é contigente. A normalidade, por sua vez, é o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> encontro destas<br />

contingências. Nesse caso, se não é possível determinar as indeterminações de maneira a<br />

maquiar a normalidade, será possível tentar observar e descrever a sua natureza. O<br />

controle das indeterminações sempre foi objeto de preocupação das diversas sociedades<br />

ao longo da história da humanidade. São exemplos dessa prática, as adivinhações, o tabu<br />

e até mesmo o peca<strong>do</strong>. Mais recentes são as invenções <strong>do</strong> acaso e da probabilidade.<br />

Apenas no século passa<strong>do</strong> tivemos o desenvolvimento <strong>do</strong> conceito de<br />

incidente, que foi amplamente utiliza<strong>do</strong> como técnica descritiva de acontecimentos<br />

caracteriza<strong>do</strong>s por indeterminação até o advento de sua ocorrência, além <strong>do</strong> fato da<br />

decisão que dá origem a estes acontecimentos estar sempre orientada para evitar a<br />

ocorrência <strong>do</strong>s mesmos. Neste contexto, to<strong>do</strong>s esses eventos que tentam ser determina<strong>do</strong>s<br />

pela racionalidade, são considera<strong>do</strong>s danosos.<br />

Se estas indeterminações pudessem verdadeiramente ser evitadas,<br />

embora tenhamos consciência que o méto<strong>do</strong> cartesiano utiliza<strong>do</strong> pela estatística não pode<br />

antever ou delimitar todas as eventuais indeterminações; se fosse possível evitá-las,<br />

teríamos que tornar possíveis outras indeterminações, as quais somos efetivamente<br />

impossibilita<strong>do</strong>s de conhecer. Mesmo que os cálculos e os testes comprovem a eficácia e<br />

eficiência de determina<strong>do</strong>s materiais, que o tempo de vida útil de um empreendimento<br />

seja delimita<strong>do</strong>, não conseguiremos antever todas as situações, e muito menos normatizar<br />

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