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BRUNO GASPARINI CURITIBA 2005 - Universidade Federal do ...

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menos os grupos analisa<strong>do</strong>s pelas velhas ciências sociais, assembléias, parti<strong>do</strong>s, nações,<br />

exércitos, todas as pequenas aldeias, <strong>do</strong> que, maciçamente, placas humanas imensas e<br />

densas”. Assim, o ser humano não mais age isoladamente em prejuízo <strong>do</strong> meio natural, a<br />

ação antrópica agora é global, transfronteiriça, de proporções mundiais.<br />

A metáfora de Michel Serres acerca deste comportamento da espécie<br />

humana salienta: “visível à noite pelo satélite como sen<strong>do</strong> a maior galáxia de luz <strong>do</strong><br />

globo, ao to<strong>do</strong> mais povoada que os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, a supergigante megalópole Europa<br />

sai de Milão, atravessa os Alpes pela Suíça, ladeia o Reno pela Alemanha e o Benelux,<br />

toma a Inglaterra como diagonal, após haver atravessa<strong>do</strong> o mar <strong>do</strong> Norte e termina em<br />

Dublin, passa<strong>do</strong> o canal de São Jorge. Conjunto social comparável aos Grandes Lagos ou<br />

á geleira continental da Groenlândia por seu tamanho, a homogeneidade de seu teci<strong>do</strong> e<br />

sua <strong>do</strong>minação sobre o mun<strong>do</strong>, esta placa há muito tempo modifica o albe<strong>do</strong>, a circulação<br />

das águas, o calor médio e a formação das nuvens ou <strong>do</strong>s ventos, ou seja, os elementos, e<br />

ainda mais o número e a evolução das espécies vivas, em seu território, acima ou<br />

embaixo dele. Hoje esta é a relação entre o homem e o mun<strong>do</strong>”. 56<br />

Desta forma, com um tipo de relacionamento com a natureza que visa<br />

apenas explorá-la, açoitá-la, destruí-la, o ser humano torna-se senhor de seu próprio<br />

destino, sen<strong>do</strong> responsável pelo futuro de seus pares e a continuidade de sua existência no<br />

complexo ecossistema que envolve to<strong>do</strong>s os seres viventes. Essa capacidade de<br />

racionalizar, o torna, por uma obrigação ética, o único ser participante desse ecossistema<br />

com responsabilidade suficiente e exclusiva de compatibilizar e harmonizar a existência<br />

de to<strong>do</strong>s os outros seres. Assim, esta plenitude, esta equipotência humana torna esta<br />

relação com a natureza desigual, pois a raça humana ocupa e degrada o globo em tais<br />

proporções que adquire uma existência física, como se fosse um fenômeno natural.<br />

O filósofo Michel Serres problematiza acerca deste novo componente<br />

físico que se tornou o ser humano em virtude de sua capacidade de interferir no meio<br />

natural, afirman<strong>do</strong> que “a natureza global, o Planeta Terra em sua totalidade, sede de<br />

inter-relacionamento recíprocos e cruza<strong>do</strong>s entre seus elementos locais e seus<br />

56 SERRES, Michel. Idem, p. 26-27.<br />

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