16.04.2013 Views

BRUNO GASPARINI CURITIBA 2005 - Universidade Federal do ...

BRUNO GASPARINI CURITIBA 2005 - Universidade Federal do ...

BRUNO GASPARINI CURITIBA 2005 - Universidade Federal do ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

apostar em variedades que serão benéficas para o meio ambiente, para a agricultura<br />

familiar ou para a saúde humana?<br />

O português Boaventura de Souza Santos, cita<strong>do</strong> por Francisco Vieira<br />

Lima Neto, expõe esta problemática com a formulação marxiana acerca <strong>do</strong> capitalismo,<br />

fundamentada na contradição inerente da taxa de exploração, que compreende o poder<br />

social e político <strong>do</strong> capital sobre o trabalho, evidencian<strong>do</strong>, assim, as crises de<br />

sobreprodução. Ainda, existe uma segunda contradição <strong>do</strong> sistema capitalista, baseada na<br />

“tendência <strong>do</strong> capital para destruir as suas próprias condições de produção sempre que,<br />

confronta<strong>do</strong> com uma crise de custos, procura reduzir estes últimos para sobreviver na<br />

concorrência.” Diante desta dupla contradição, o capital tende a apropriar-se, de maneira<br />

autodestrutiva, da força de trabalho, <strong>do</strong> espaço, da natureza, e <strong>do</strong> meio ambiente em<br />

geral. 369<br />

Portanto, se levar-se em consideração os fundamentos da economia<br />

ecológica, os Esta<strong>do</strong>s e as grandes transnacionais financeiras não estão autoriza<strong>do</strong>s a<br />

utilizarem-se desta técnica sem maiores considerações. Do mesmo mo<strong>do</strong> que a tecnologia<br />

anterior, da “Revolução Verde”, apenas os fatores econômicos são leva<strong>do</strong>s em conta para<br />

a utilização e aceitação das novas utilizações. As afirmativas justificantes, <strong>do</strong> aumento da<br />

produtividade e das cifras <strong>do</strong> agronegócio, são fundamentos bastantes apenas à economia<br />

tradicional.<br />

Se considera<strong>do</strong>s os preceitos da economia ecológica ou ambiental 370 ,<br />

embasada nas leis da entropia, que prioriza o ciclo de energia <strong>do</strong>s fatores envolvi<strong>do</strong>s,<br />

percebe-se que as justificativas são passíveis de contestação. Para a bioeconomia, os<br />

custos <strong>do</strong>s produtos agroecológicos, <strong>do</strong>s produtos advin<strong>do</strong>s da agricultura orgânica e da<br />

agricultura familiar seriam tão competitivos quanto os híbri<strong>do</strong>s e os geneticamente<br />

modifica<strong>do</strong>s, visto que o valor agrega<strong>do</strong> ao produto, advin<strong>do</strong> das conformidades sócio-<br />

ambientais da cadeia produtiva, referendam um acréscimo no valor final a ser pago pelo<br />

369 LIMA NETO, Francisco Vieira. Responsabilidade Civil das Empresas de Engenharia Genética. Em<br />

busca de um paradigma bioético para o Direito Civil. Leme – SP: Editora de Direito Ltda., 1997, p. 51-2.<br />

370 Foi Georgescu-Roegen, que em 1971, em sua obra The Entropy Law and the Economic Process, quem<br />

delineou os conceitos que possibilitaram a abertura da economia para a questão da natureza.<br />

PDF created with FinePrint pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!