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BRUNO GASPARINI CURITIBA 2005 - Universidade Federal do ...

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“compreender a ambivalência, isto é, a complexidade intrínseca que se encontra no cerne<br />

da ciência. 10<br />

Desta forma, se for feita a transposição desta premissa para a análise <strong>do</strong><br />

contexto biotecnológico moderno, percebe-se que a polêmica gerada pela a<strong>do</strong>ção de uma<br />

nova tecnologia é perfeitamente explicável, pois esta sempre vai suscitar alguns aspectos<br />

favoráveis e outros desfavoráveis, a oposição entre o interesse priva<strong>do</strong> e o interesse<br />

coletivo, a boa ou má utilização da técnica, os embates éticos e morais. O debate é<br />

intrínseco à revolução tecnológica.As benesses da ciência sempre estão muito próximas<br />

de suas conseqüências, a “liberdade” que esta proporciona, sempre sujeita a determina<strong>do</strong>s<br />

interesses. As palavras de Edgar Morin esclarecem a problemática: “Essa ciência<br />

liberta<strong>do</strong>ra traz, ao mesmo tempo, possibilidades terríveis de subjugação.”<br />

Além disso, Edgar Morin concatena a idéia da hiperespecialização <strong>do</strong><br />

trabalho com uma espécie de obscurantismo, visto que a fragmentarização <strong>do</strong><br />

conhecimento implica num crescimento verticaliza<strong>do</strong> <strong>do</strong>s saberes, que impede uma<br />

ampla concepção <strong>do</strong>s problemas; sen<strong>do</strong> que a análise passa a ser pontual ao invés de<br />

implementar avaliações mais abrangentes. Nas palavras <strong>do</strong> autor, a afirmação de que o<br />

“neo-obscurantismo generaliza<strong>do</strong>”, fruto da especialização, torna o especialista<br />

“ignorante de tu<strong>do</strong> aquilo que não concerne a sua disciplina e o não-especialista renuncia<br />

prematuramente a toda possibilidade de refletir sobre o mun<strong>do</strong>, a vida, a sociedade,<br />

deixan<strong>do</strong> esse cuida<strong>do</strong> aos cientistas, que não têm nem tempo, nem meios conceituais<br />

para tanto. Situação para<strong>do</strong>xal, em que o desenvolvimento <strong>do</strong> conhecimento instaura a<br />

resignação à ignorância e o da ciência significa o crescimento da inconsciência”. 11<br />

Portanto, não se pode incorrer neste risco ao se analisar a regulamentação<br />

da transgenia. Os estu<strong>do</strong>s sobre os impactos devem ter um caráter transdisciplinar para<br />

que a avaliação seja completa e possa assegurar um maior nível de segurança na<br />

aplicação deste novo ramo <strong>do</strong> conhecimento científico, sen<strong>do</strong> que a sociedade deve<br />

participar de forma ampla e abrangente desta discussão, pois será, ao mesmo tempo,<br />

10 MORIN, Edgar. Ciência com consciência. Tradução de Maria D. Alexandre e Maria Alice Sampaio<br />

Dória – ed. rev. e mod. pelo autor – 5. ed. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001, p. 16.<br />

11 MORIN, Edgar. Idem, p. 17.<br />

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