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BRUNO GASPARINI CURITIBA 2005 - Universidade Federal do ...

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Nesta mesma linha de argumentação, Fritjof Capra afirma tratar-se de<br />

uma falácia a concepção de que a utilização da tecnologia pode resolver a crise social e<br />

ambiental no planeta, mas afirma que a tecnologia tem o poder de determinar nosso<br />

sistema de valores e nossas relações sociais. Assim, “O crescimento tecnológico é<br />

considera<strong>do</strong> tanto a solução final para os nossos problemas como o fator determinante de<br />

nosso estilo de vida, de nossas organizações sociais e de nosso sistema de valores”. Tal<br />

fato, denomina<strong>do</strong> pelo autor de “determinismo tecnológico”, deve-se ao “eleva<strong>do</strong> status<br />

da ciência em nossa vida pública – em comparação com a filosofia, a arte ou a religião –<br />

e <strong>do</strong> fato de os cientistas terem geralmente fracassa<strong>do</strong> no trato com valores humanos de<br />

um mo<strong>do</strong> significativo. Isso levou a maioria das pessoas a acreditar que a tecnologia<br />

determina a natureza de nosso sistema de valores e de nossas relações sociais, em vez de<br />

reconhecer que é justamente o inverso; que nossos valores e relações sociais determinam<br />

a natureza de nossa tecnologia”. 119<br />

Neste modelo, as transnacionais, que financiam as pesquisas e<br />

direcionam os resulta<strong>do</strong>s, utilizam a tecnologia como justificativa de poder, é a “ditadura<br />

<strong>do</strong> conhecimento” promovida pelas transnacionais <strong>do</strong> agronegócio mundial, consolidan<strong>do</strong><br />

a fragmentação territorial de merca<strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res e produtores, resulta<strong>do</strong> da<br />

internacionalização da economia e da concentração de empresas. As palavras de Bertha<br />

Becker e Paulo César da Costa Gomes 120 , cita<strong>do</strong>s por Amália Maria Godberg Go<strong>do</strong>y,<br />

reafirmam a ambigüidade inerente à globalização, e sua inevitável conseqüência, o<br />

“apartheid tecnológico”, pois se “(..) por um la<strong>do</strong> a internacionalização da economia, a<br />

aceleração <strong>do</strong> ritmo <strong>do</strong>s processos econômicos derrubam barreiras espaciais e formam<br />

um merca<strong>do</strong> mundial, por outro la<strong>do</strong>, a implantação da tecnologia é voltada a<br />

determinadas camadas de renda, engloban<strong>do</strong> determina<strong>do</strong>s territórios. Como a<br />

globalização é conduzida pelos grandes bancos e corporações transnacionais, tem-se<br />

como conseqüências a fragmentação <strong>do</strong> território nacional, a exclusão de populações e<br />

tende-se a acentuar as desigualdades, agora baseadas na posse <strong>do</strong> conhecimento<br />

científico: o apartheid tecnológico (BECKER &GOMES, 1993, p. 161)”. 121<br />

119 CAPRA, Fritjof. Obra citada, p 210.<br />

120 BECKER, Bertha; GOMES, Paulo C. da Costa. Meio ambiente: matriz <strong>do</strong> pensamento geográfico. In:<br />

VIEIRA, Paulo F.; MAINON, Dália (Orgs.). As ciências sociais e questão ambiental: rumo à<br />

interdisciplinariedade. Paraíba: APED, UFPA/NAEA, 1993, p. 186.<br />

121 GODOY, Amália Maria Goldberg.Desenvolvimento e Meio Ambiente. Apostila ofertada pelo curso de<br />

pós-graduação em Gestão Ambiental da <strong>Universidade</strong> Estadual de Maringá, p. 15, 2003.<br />

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