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lgebra Linear, Elon Lages Lima

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284 Espaços Vetoriais Complexos Seção 21<br />

Todo espaço vetorial real E de dimensão par 2n pode (de infinitas<br />

maneiras) ser considerado como espaço vetorial complexo de<br />

dimensão n de tal forma que a nova multiplicação de um número<br />

complexo por um vetor coincida com a multiplicação anterior quando<br />

esse número complexo é real. Para isso, basta considerar um operador<br />

R-linear J: E → E tal que J 2 = −I e definir, para cada número<br />

complexo ζ = α+iβ e cada vetor v ∈ E, o produto ζ·v como ζ·v =<br />

αv+βJv. (A adição de vetores continua a mesma.)<br />

A verificação de que esta definição atende às exigências sobre as<br />

regras operacionais é imediata. Resta apenas mostrar como se acha<br />

um tal operador J. Para isso, fixamos uma base de E, a qual numeramos<br />

da forma {u 1 ,...,u n ,v 1 ,...,v n }. Existe um único operador<br />

R-linear J: E → E tal que Ju 1 = v 1 ,...,Ju n = v n , Jv 1 = −u 1 ,...,Jv n =<br />

−u n . Nesta concepção de E como espaço vetorial complexo, o operador<br />

J é simplesmente a multiplicação pelo número i, logo v 1 =<br />

iu 1 ,...,v n = iu n e {u 1 ,...,u n } ⊂ E é uma C-base.<br />

A noção de espaço vetorial complexo foi introduzida aqui a fim de<br />

servir como instrumento para obter resultados referentes a espaços<br />

vetoriais reais.<br />

A esse propósito, a principal vantagem dos espaços vetoriais complexos<br />

sobre os reais é a seguinte: todo operador linear A: E→E<br />

num espaço vetorial complexo de dimensão finita possui pelo menos<br />

um autovalor (complexo). Antes, porém, de estabelecermos e<br />

explorarmos este fato, vamos retomar uma afirmação anterior, segundo<br />

a qual tudo o que foi feito até a Seção 9 sobre espaços vetoriais<br />

reais vale igualmente para complexos. Por que não foi incluída a<br />

Seção 10?<br />

É que se faz necessário modificar o conceito de produto interno<br />

quando se trata de um espaço vetorial complexo E. Se o produto<br />

interno for bilinear então 〈iv,iv〉 = i 2 〈v,v〉 = −〈v,v〉, logo não pode<br />

ser positivo.<br />

O impasse é resolvido mediante a noção de produto interno hermitiano.<br />

Este é, por definição, uma função E×E → C que associa a<br />

cada par ordenado de vetores u,v no espaço vetorial complexo E um<br />

número complexo, representado pela notação 〈u,v〉, de tal modo que<br />

sejam cumpridas as condições seguintes, para quaisquer u,v,u ′ ∈ E,<br />

ζ ∈ C, onde uma barra sobre um número complexo ζ = α+iβ significa<br />

seu conjugado ζ = α−iβ:

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