19.04.2017 Views

NCPC - Anotado - Tucci e outros

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Carlos Augusto de Assis Art. 239<br />

§ 1º - O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a<br />

falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para<br />

apresentação de contestação ou de embargos à execução.<br />

§ 2º - Rejeitada a alegação de nulidade, tratando-se de processo de:<br />

I - conhecimento, o réu será considerado revel;<br />

II - execução, o feito terá seguimento.<br />

I. Indispensabilidade da citação<br />

Como já se destacou nas notas ao artigo anterior, a citação é de fundamental importância,<br />

visto que é condição para a implementação do contraditório (que requer ciência dos atos). Nada<br />

mais lógico, portanto, que se repute inválido o processo em que a citação não tenha sido efetuada.<br />

A ressalva encontrada no caput diz respeito aos casos de indeferimento de inicial (art. 330)<br />

e de improcedência liminar (art. 332). A ressalva é feita porque nesses casos o próprio procedimento<br />

prevê a prolação de sentença sem que o réu tenha sido citado. A justificativa, em ambos os<br />

casos, é que o réu está sendo beneficiado pela decisão, o que afastaria a violação ao contraditório.<br />

No que diz respeito especificamente à improcedência liminar, quando tal instituto foi inserido<br />

em nosso sistema (art. 285-A, CPC/1973, na redação dada pela Lei nº 11.277/2006), o Conselho<br />

Federal da OAB promoveu uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin nº 3.695), alegando,<br />

entre outras coisas, violação ao contraditório, mas não obteve liminar. A Adin ainda pende de<br />

julgamento.<br />

II. Comparecimento espontâneo<br />

O § 1º deste artigo, que encontra similar no CPC/1973, é clara expressão do princípio da<br />

instrumentalidade das formas, de larga aplicação na temática das nulidades (cf. art. 277). Com<br />

efeito, a própria indispensabilidade da citação deve ser lida à luz da finalidade almejada. No caso<br />

previsto no § 1º, o comparecimento do demandado é sinal de que a finalidade do ato citatório<br />

(dar ciência e possibilitar a defesa) foi alcançada, tornando dispensável qualquer exigência de<br />

forma. Ressalte-se que, conforme têm entendido o Superior Tribunal de Justiça, a presença do<br />

advogado peticionando nem sempre implicará comparecimento espontâneo, para efeito de se<br />

reputar suprida a citação. Assim, se o advogado do demandado, que possui poderes específicos<br />

para receber citação, apresenta-se nos autos, entende-se que houve comparecimento do réu:<br />

“DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA. PRAZO<br />

DE RESPOSTA. TERMO INICIAL. JUNTADA DE PROCURAÇÃO. PODERES ESPECIAIS<br />

PARA RECEBER CITAÇÃO. COMPARECIMENTO ESPONTÂNEO. ARTS. ANALISADOS:<br />

214, § 1º, e 215 DO CPC. [...] 3. A juntada aos autos de procuração com poderes específicos para<br />

receber citação configura o instituto do comparecimento espontâneo (art. 214, § 1º, do CPC),<br />

inobstante a ausência de imediata carga dos autos. 4. Juntada a procuração, completa-se a formação<br />

do processo, abrindo-se ao advogado a possibilidade de acesso aos autos, independente de<br />

pedido ou deferimento do juiz” (3ª T., REsp nº 1454841/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. em<br />

7/8/2014, DJe de 15/8/2014).<br />

Por outro lado, se o advogado não possuía poderes para receber citação, a simples petição<br />

nos autos não configura “comparecimento espontâneo do réu”: “AGRAVO REGIMENTAL NO<br />

RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. ADVOGADO SEM PODERES PARA RECEBER<br />

CITAÇÃO. COMPARECIMENTO ESPONTÂNEO DO RÉU. REVELIA. NÃO OCORRÊN-<br />

405

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!