Dicionario Etimologico Da Lingua Portuguesa, de Antenor Nascentes
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
:<br />
autora-pela<br />
i BOCHORNO<br />
casamento,<br />
esta<br />
.<br />
Hoje<br />
Bofe)<br />
:<br />
.<br />
.<br />
.<br />
Boca 73 Bola<br />
BOCA — Do lat. biicca, bochecha, esp. boca,<br />
it. bocea, fr. b'ouche. Cicero, ad Atticum, 7,<br />
10, já empregou em lugar <strong>de</strong> os.<br />
BOCA. — Cortesáo <strong>de</strong>riva do esp. boza, <strong>de</strong><br />
origem italiana.<br />
BOCADO — De bocea e <strong>de</strong>sin. ado; porgáo<br />
<strong>de</strong> comida que cabe na boca (Cfr. o esp.<br />
Socado, o it. boccata e, com outra metáfora,<br />
o fr. morceau)<br />
BOCAL — De boca e suí. al (A. Coelho)<br />
M. Lübke, REW, 1002, admite com dúvida origem<br />
do it. boccale, que alias quer dizer cangiráo.<br />
BOCAL — Cortesáo <strong>de</strong>riva do esp. bozal ou<br />
do lat. bucceale, <strong>de</strong> buccea, <strong>de</strong> bucea, bochecha.<br />
O esp. significava o negro recém tirado do seu<br />
país; ha também um substantivo que quer dizer<br />
mordaga. A Aca<strong>de</strong>mia Espanhola <strong>de</strong>riva do bozo,<br />
<strong>de</strong> um <strong>de</strong>r. do lat. bucea. Talvez amordagassem<br />
o negro recém escravizado; daí o nome.<br />
BOCARDAS — Figueiredo manda comparar<br />
com o fr. bossoir.<br />
BOCAXIM — Do turco bogasy, éntretela<br />
(Dokotsch, 324, alias sem citar o port.). <strong>Da</strong>lgado,<br />
que no texto do seu Glossário <strong>de</strong>rivou,<br />
com dúvida, do persa buqchah, trouxa <strong>de</strong> roupa<br />
ou saco em que se entrouxa, no Apéndice cita<br />
s. etimología árabe bogazi proposta por Eguilaz.<br />
BOCBJAR — De boca e suf. ejar ? (A.<br />
Coelho). O esp. tem bocear, bozezar, antigos,<br />
que a Aca<strong>de</strong>mia Esoanhola <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> bozo, <strong>de</strong><br />
iim <strong>de</strong>r. do lat. bocea, bochecha. Para aquele<br />
pronuncia sibilada do c, seria forma<br />
müito antiga; boquejar é forma mo<strong>de</strong>rna.<br />
BOCEL— Do fr. bosel (A. Coelho). O esp.<br />
BOCETA — Do gr . pyxís, caixinha <strong>de</strong> buxo,<br />
tem bocel.<br />
.através do lat. pyxis, buxida, do prov. boiseta<br />
e do cat. boixeta (M. Lübke, REW, 6892). Cortesáo<br />
tira do lat. "buxiditta (<strong>de</strong> buxida), <strong>de</strong> RL,<br />
III, 134, dizendo que . etimología justificaría<br />
antes a forma bosseta. Moreau, Racines grecques<br />
270, dá um b. lat. buxeta, dim. <strong>de</strong> buxula,<br />
buxa. V. A. Magne, Apostüas Etimológicas,<br />
BLP, XLVII, 8. V.. Bolsa quanto ao ípsilon.<br />
BOCETE Do fr. bossette (A. Coelho).<br />
BOCHA — Cortesáo diz que é voc. esp.<br />
BOCHECHA — A. Coelho <strong>de</strong>riva do tema<br />
.bocha, idéntico ao fr. bosse, o qual se reflete<br />
no esp. bocha e no it. boccia; manda ver bossa.<br />
Cortesáo repete isto. Figueiredo apresenta um<br />
.ant. alto al. bozan. Houve quem filiasse ao<br />
fr. bouche.<br />
— Do esp. bochorno (M. Lüb-<br />
!jke, REW, 9468, Cortesáo).<br />
BOCIM— Do esp. bocin.<br />
BOCIO — A . Coelho tira do tema boga,<br />
Tjossa, e manda ver bochecha. Cortesáo confronta<br />
com o esp. Socio, do lat. bpem. Figueiredo,<br />
xeportando-se também a bochecha, manda comparar<br />
com o fr. bosse.<br />
BODA — De bodo. Ao conjunto <strong>de</strong> práticas,<br />
rituais urnas, profanas outras, qué acompanham<br />
.<br />
o <strong>de</strong>ram os romanos o nome <strong>de</strong><br />
nuptiae (it. nozze, fr. noces) . Os portugueses,<br />
porém, e os espanhóis preferiram o nome <strong>de</strong><br />
"boda, tendo <strong>de</strong> certo em vista um dos números<br />
Trários que o programa dá festa comporta, o<br />
'"banquete, que na sua origem <strong>de</strong>veria representar<br />
o cumprimento <strong>de</strong> urna promessa ou voto feito<br />
pelos nubentes (Núnes, Digressóes Lexicológicas,<br />
'-.<br />
110). Pidal, Gram, 'Hist. Esp., § 77, tira o esp.<br />
boda do plur. lat. vota, votos matrimoniáis. A.<br />
Coelho faz o mesmo.<br />
BODE — O esp. tem bo<strong>de</strong>. O fr. bouc e o<br />
cat. boc vém do franco bule (M. Lübke, REW,<br />
« 1378, Diez, Gram., I, 50).<br />
BODEGA — Do gr. apothéks, <strong>de</strong>pósito, armazém,<br />
pelo lat. apotheca. A aférese do a<br />
inicial po<strong>de</strong> explicar-se por <strong>de</strong>glutinagáo (V.<br />
Abantesma, v. Cornu, Port. Spr., § 104 e nota).<br />
Passou á signifieagáo <strong>de</strong> taverna pequeña e<br />
imunda (Ribeiro <strong>de</strong> Vasconcelos, Gram. Hist.,<br />
81). G. Viana, Apost., I, 20-2, acha que o esp.<br />
bo<strong>de</strong>ga veio do toscano bottega. Cfr. A<strong>de</strong>ga e<br />
í/^BbficcÉ.KJv/Vr : ;; ';T : —: \<br />
BODIÁO Do lat. bodione (Figueiredo).<br />
Cortesáo tira do lat. gobione através <strong>de</strong> urna<br />
forma tdobiáo.<br />
BODO — Do lat. votu, com a confusáo <strong>de</strong><br />
i) e b (Nunes, Gram. Hist., 87) . Cfr. voto.<br />
BODOQUE "— Do gr. pontikón, scilicet<br />
Jcáryón, rioz do Ponto, aveia, através do ár. bun-<br />
.*<br />
d-ulc; passou a significar bolinha <strong>de</strong> barro, do<br />
tamanho <strong>de</strong> urna avelá, a qual se atirava com<br />
besta. Em nosso país veio a significar o arco<br />
com que se atiram setas.<br />
:<br />
BODUM — De bo<strong>de</strong> e suf. um; propiamente<br />
<strong>de</strong> bo<strong>de</strong> (cfr. vacum, cabrum), scilicet cheiro.<br />
(A. Coelho, M. Lübke, Gram., II, pg. 542, G.<br />
'<br />
Viana, Apost., I, 438).<br />
BOEDRÓMIAS t- Do gr. boedrómia, corrida<br />
com gritos.<br />
Bueiro.<br />
Os franceses chamaram bohémiens aos óiga-<br />
BOEIRO V.<br />
BOÉMIA — De Boémia, regiáo da Europa<br />
Central, a qual hoje faz parte da Checoslovaquia.<br />
O nome foi dado por comparagáo com a<br />
vida nóma<strong>de</strong> dos ciganos( em fr. bohémiens) a<br />
literatos e artistas parisienses que viviam <strong>de</strong> expedientes.<br />
Esta vida alegre e terrível acha-se<br />
<strong>de</strong>scrita ñas Scénes <strong>de</strong> vie <strong>de</strong> Bohéme íe Mucger.<br />
nos porque se acreditava que tinham vindó da<br />
citada regiáo.<br />
BOER — V. Bur.<br />
BOFE — Nome vulgar dos-pulmoes. A. Coelho<br />
o filia a bufar e manda comparar com o<br />
gr. pneúmoav, pulmáo, <strong>de</strong> pneuó, soprar. M. Lübke,<br />
REW, 1373, filia á palavra imitativa buff.<br />
A Aca<strong>de</strong>mia: Espanhola tira o esp. bofe da raiz<br />
onomatopéica buf ou puf, soprar. Eguilaz <strong>de</strong>riva<br />
do ár. boff, pulmáo, da raiz baffa, soprar.<br />
BOFE' — Contragáo <strong>de</strong> boa-fé (A. Coelho).<br />
BOFETADA — A. Coelho tira do mesmo<br />
radical que bufar. Diz que o fr. ant. tem buffet<br />
com o sentido <strong>de</strong> bofetada, que o esp. tem 6ofetón<br />
(e alias também bofetada) ; para^ á*:ligá*<br />
Qáo <strong>de</strong> sentido mostra o inglés blow, que significa<br />
sópro e bofetada. A Aca<strong>de</strong>mia: Espanhola<br />
liga a raiz onomatopéica buf (v . ;SSií. í<br />
Lübke, REW, 1373, tira o esp. do catalao bofetada,<br />
<strong>de</strong>r. cíe bofet, bofetada.<br />
BOGA" — Do lat.: boca, brema; do mar, á"<br />
que Saraiva dá origem grega; esp. boga, o it.^<br />
boga vem do veneziano e o fr. bougue do próv."<br />
(M. Lübke, REW, 1182) . Cornu, Port. Spr., § 26,<br />
chama a atencáo para o ó aberto proveniente<br />
<strong>de</strong> o longo latino.<br />
BOI — Do lat. bove; esp. buey, it. bue,<br />
fr. bceuf . Diez, Gram., I, 265, admitía um i párágógico<br />
. aceita-se urna forma boe (RL, III,<br />
296, Nunes, Gram. Hist. 102) , criada por analogia<br />
com o nominativo bos, que pelo tratámé'hto<br />
irregular do ditongo ou (pois o normal seria<br />
"bus, cfr. Hicus, nutrix, á& loucos , noutrix) <strong>de</strong>ve<br />
ser dialetal, oriundo <strong>de</strong> falas rústicas itálicas ou<br />
refeito sobre antigo acusativo "bom (cfr.:: o gjr.<br />
dórico bón) . A queda do v já ocorre em lat.<br />
em <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> bos, como boarius por exemplo;<br />
cfr. também o dat. gr. boi, <strong>de</strong>.boüs. Pidal, admitindo<br />
a síncope do v, sustenta que o e passou<br />
a i por ter ficado em hiato (.Gram. Hist. Esp.,<br />
§§ 28 e 43).<br />
BÓIA — Do fr. bouée, <strong>de</strong> origem germ. (M.<br />
Lübke, REW, 1005). A. Coelho <strong>de</strong>rivou do lat.<br />
boia, ca<strong>de</strong>ia, o que também fez a Aca<strong>de</strong>mia Es*<br />
panhola para o esp.<br />
boya e Petrocchi para o it.<br />
bota. M. Lübke tira também o esp. e oítiído::<br />
fr. Cortesáo <strong>de</strong>riva do esp. a que dá origem<br />
anglo-saxá.<br />
BOIAO — Aulete e Figueiredo <strong>de</strong>rivam <strong>de</strong><br />
bojo. G. Viana, Palestras, 43, firmado num<br />
passo <strong>de</strong> Diogo do Couto, citado por Moráis, <strong>de</strong>riva<br />
do malaio búyong, jarro, cangiráo, bilha, ou<br />
<strong>de</strong> alguma língua nioriossilábica dálndo-Cfitóá.::<br />
Diz <strong>Da</strong>lgado que; os indianistas portugueses; nao<br />
tém o vacábulo por novo nem peregrino, que<br />
muitas línguas asiáticas o usamsob diversas<br />
formas, mas nao. como vernáculo e o eré introduzido<br />
na India pelos portugueses (Glossário,<br />
/<br />
:<br />
Influencia). ;„<br />
BOICOTAR — De Boycott, nome <strong>de</strong> um capitáo<br />
e rico proprietário irlandés, a quem: foi<br />
aplicada pela primeira vez, em 1880, urna especie<br />
<strong>de</strong> interdito em sinal <strong>de</strong> represalia (Bonnaffé)<br />
BOINA — Barcia diz que Lárramendi traz<br />
bonetea. Deve ser <strong>de</strong>' origem vasconga.;#r<br />
BOJAR — O esp. bojar, medir o perímetro<br />
<strong>de</strong> um cabo ou <strong>de</strong> urna illia, vem do medio neerlandés<br />
bogen, encurvar (Diez, Dic, 433) ; a Aca<strong>de</strong>mia<br />
Espanhola <strong>de</strong>riva do neerlandés buigen,'<br />
dobrar, torcer. M. Lübke, REW, 1189, só admite<br />
como empréstimo recente.<br />
BOJARDA — Figueiredo, com dúvida, <strong>de</strong>riva<br />
<strong>de</strong> bójo, e manda comparar com. o'" it. büjidrda/<br />
(sic)<br />
BOLA — Do lat. bulla, bolha, esfera oca;<br />
esp. bola, it. bolla, fr. boule. M. Lübke, :REW,<br />
1385, <strong>de</strong>riva o esp. e o port. do cat. bola.