17.06.2016 Views

Dicionario Etimologico Da Lingua Portuguesa, de Antenor Nascentes

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

do<br />

.<br />

a<br />

::<br />

;<br />

.<br />

a<br />

lateras<br />

.<br />

,<br />

Sieniío 469 — Silfo<br />

cao <strong>de</strong> *sizdra . Larousse dá um lat. pop. cisera<br />

por sicera. A transforma.gáo fonética é<br />

essencialmente francesa. Sicera contraiu-se em<br />

sic'ra, pronunciado sisra; sisra intercalou urna<br />

<strong>de</strong>ntal eufónica e <strong>de</strong>u sisdre, como lazaru, S.<br />

Ltcsor <strong>de</strong>ram ladre, S. Litare e sisdre <strong>de</strong>u sidre,<br />

que <strong>de</strong>pois se transformou ern ciare (Brachet)<br />

O vernáculo é vinho <strong>de</strong> ruacas; sidra é um<br />

galicismo até na grafia (cidra) ; v. G. yiana,<br />

Apost., II, 420. Ouanto ao i, v. RL, Til, 166.<br />

SIENITO — De Siene, cida<strong>de</strong> do Alto<br />

Egito, hoje Assuá, junto á qual ha importantes<br />

pedreiras déste granito, e suf. ito. Ha<br />

em lat. syenites ílapis)<br />

SIFAO — Do gr. síphon, tubo para aspirar<br />

agua, pelo lat. siphone.<br />

SÍFILIS — O médico Jerónimo Fracastor<br />

publicou em 1530 o poema Syphilidis seu morbi<br />

gallici Ubri tres, em eujo canto III, v. 288, vem<br />

o vocábulo. O enredo do poema é o seguinte<br />

Sífilo, pastor da rainha Alcitos, reinante na<br />

Islandia, recusa-se a servir ao <strong>de</strong>us Apolo, por<br />

consi<strong>de</strong>rar a rainha sua única divinda<strong>de</strong>. Nao<br />

satisfeito, zornba da pobreza daqtiele <strong>de</strong>us, que<br />

apenas possuia um carneiro, um boi e um cao,<br />

enquanto a rainha possuia gran<strong>de</strong>s manadas<br />

e rebanhos. Subiu <strong>de</strong> ponto a heresia quando<br />

o pastor preten<strong>de</strong>u arrastar o povo ao mesmo<br />

sacrilegio. Apolo nao se conteve e fulminou<br />

contra todos terrível anatema:, fazendo grassar<br />

estranha epi<strong>de</strong>mia. A. Coelho dá o vocábulo<br />

como inventado por Fracastor. Ramiz<br />

<strong>de</strong>riva, com dúvida, do gr. sys, porco, e pililo,<br />

amar" (amor imundo). Diz Littré, Dictionnaíre<br />

<strong>de</strong> medicine: "On ne connait pas l'étymologie<br />

<strong>de</strong> ce mot, qui a. été introduit par Fracastor<br />

et écrit par lui syphilis: on ne peut done adopter<br />

l'orthographe proposée par Bosquillon (sífilis)<br />

d'aprés l'étymologie (síplos, ha'issable)<br />

qu'il lui avait pivi <strong>de</strong> donner. Cette ortographe<br />

est donnée par Castelli (1746) comme l'une<br />

<strong>de</strong> celles qui éíaient adoptées <strong>de</strong> son temps,<br />

ainsi que celle <strong>de</strong> siphylis, auxquelles il prefére<br />

siphlis d'aprés l'étymologie prece<strong>de</strong>nte. D'autres<br />

tirent ce mot <strong>de</strong> syn, avec, et philein,<br />

aimer." Há varios étimos apontados : Hooper,<br />

Lexicón Medicum, Syphilus, nome <strong>de</strong> um pastor<br />

que apascentava o rebanho da rainha Alcitos,<br />

e siphós- Masón Good, syn e philéo, mutuo<br />

amor. Dunglison, Medical Dictionary, sys, philéo,<br />

syn, philéo, siphlos, contracáo <strong>de</strong> sipalos.<br />

Franz Boíl, syphilis, a historia <strong>de</strong> Sifilo,<br />

como Aeneis é a historia <strong>de</strong> Bnéías. Waltei><br />

Pflug, ár. sifle, sufle (assegura Rid<strong>de</strong>ll nao<br />

constar que Fracastor conhecesse o árabe).<br />

Segundo o mesmo Franz Boíl, talvez seja imitagáo<br />

<strong>de</strong> algum daqueles nomes que figuram<br />

nos antigos poetas inspiradores <strong>de</strong> Fracastor<br />

entre a Libia e a Frigia havia a montanha<br />

Sipylo, on<strong>de</strong> foram sacrificados os filhos <strong>de</strong><br />

Níobe. J. L. <strong>de</strong> Campos rejeita o étimo sys<br />

e philéo, objetando que o nome dado ao pastor<br />

da rainha Alcitos nao implica a idéia <strong>de</strong> um<br />

amor imundo. O* poema nao trata <strong>de</strong> um afeto<br />

in<strong>de</strong>coroso, mas <strong>de</strong> um culto fanático do pastor<br />

para sua rainha. A nogáo <strong>de</strong> amor imundo<br />

é um argumento cerebrino, forjado adre<strong>de</strong><br />

para corroborar urna idéia pré-estabelecida.<br />

Acrescentá que nada explica a acentuagáo proparoxítona.<br />

Possuindo o acento tónico nos compostos<br />

gregos o elemento que contém a idéia<br />

prepon<strong>de</strong>rante, <strong>de</strong>via<br />

- ser sífilis (paroxítono).<br />

Alega que, <strong>de</strong>sejando Fracastor dar ao protagonista<br />

da sua historia um nome que recordasse<br />

o enredo, naturalmente havia <strong>de</strong> esco-<br />

Iher, á imitagáo dos escritoi-es antigos <strong>de</strong> pastorais,<br />

um termo que significasse amante, daí<br />

a escolha <strong>de</strong> Syvhüus, do gr. syn, com ou<br />

junto, e philus (amante), indicativo <strong>de</strong> urna<br />

pessoa que tem amor em companhia <strong>de</strong> outra,<br />

isto é, que ama e é correspondida. Explica<br />

assim'a prosodia proparoxítona, pois em grego<br />

o acento recaía <strong>de</strong> preferencia no prelixo;<br />

admite que se pronunciou syphilis em vez <strong>de</strong><br />

symphilis, como <strong>de</strong>via ser, porque este ultimo,<br />

com m proferido e nao nasalador do y, nada<br />

tinha <strong>de</strong> eufónico: alega que a terminaeáo is<br />

indicava um caráter peculiar a certa pessoa<br />

ou coisa, e lembrando Odysseis, a historia<br />

<strong>de</strong> Ulisses, seria nao só a doenga dos que<br />

'<br />

juntos tém amor, mas também historia do<br />

pastor Sífilo. Po<strong>de</strong> objetar-se que a idéia capital<br />

. poema é a molestia infecciosa e mais<br />

que do amor mutuo, entre individuos sadios<br />

nao resulta infeccao alguma; logo a idéia <strong>de</strong><br />

sys é imprescindível. Se o acento grego dos<br />

compostos recai na idéia predominante, a prosodia<br />

está certa, pois a idéia predominante é<br />

a da infeegáo. O m proferido nada tem <strong>de</strong><br />

'<br />

pouco enfónico e ainda mais nasal do preí'ixo<br />

syn só <strong>de</strong>saparece diante <strong>de</strong> sigma^ gonservando-se<br />

sempre diante <strong>de</strong> fi. V. William<br />

Renwick Rid<strong>de</strong>ll, The origin of the loord syphilis,<br />

New York Medical Journal, maio <strong>de</strong><br />

1921; Silio Bocanera, RLP, XIV, 53, J. L. <strong>de</strong><br />

Campos, RLP, XVIII, 53.<br />

SIFILOCÓMIO — De sífilis, gr. Icom, raiz<br />

<strong>de</strong> horneo, tratar, e suf. io<br />

SIFILIGRAFIA — De sífilis, graph, raiz<br />

do gr. (jrápho, <strong>de</strong>screver, e suf. ia.<br />

SIFÍLÓIDE — De sífilis e gr. eídos, forma.<br />

SIFONACEA — Do gr. síphon, tubo, sifáo,<br />

e suf. ácea.<br />

SIFONAPTERO — Do gr. síphon, tubo,<br />

sifáo, e áptero, q. v.<br />

SIFONOFORO — Do gr. síphon, tubo, sifáo,<br />

e jiliorós, portador.<br />

SIFONóIDE — Do gr. síphon, tubo, sifáo,<br />

e eídos, forma..<br />

SIFONOMA — Do gr. síphon, tubo, e sufixo<br />

orna. E' um tumor tubuloso.<br />

SIFONÓSTOMO — Do gr. síphon, tubo,<br />

sifáo, e stóma, boca.<br />

SIGILARÍA — Do lat. sigillaria-, fabricante<br />

<strong>de</strong> sinetes. O tronco está coberto <strong>de</strong> sinais<br />

regulares, em. forma <strong>de</strong> carimbo, resultantes<br />

da insergáo das fólhas sobre ele (<strong>Da</strong>rousse).<br />

SIGILISMO — De sigilo e suf. ismo. O<br />

erro capital déste cisma religioso que apareceu<br />

em Coimbra no segundo quartel do sáculo<br />

XVIII, era a violagao do sigilo da confissáo<br />

(Figueiredo).<br />

SIGILO — Do lat. sigíllu. V. Sélo.<br />

SIGLA — Do lat. sigla, abreviatura.<br />

SIGMA — Do gr. sígma, nome da décima<br />

oítava letra do alfabeto grego, correspon<strong>de</strong>nte<br />

ao nosso s; pelo lat. sigma.<br />

SIGMATISMO — Do gr. sigmatismos.<br />

SIGMoIDE — Do gr. sigmoeidés, em forma<br />

<strong>de</strong> sigma, semicircular (o antigo sigma<br />

tinha a forma <strong>de</strong> um semicírculo)<br />

SIGMOIDITE — De sigmoi<strong>de</strong> e suf. ite.<br />

E' a inflamagao da quarta parte do colon, o<br />

s ilíaco.<br />

SIGNA — Do lat.<br />

signa.<br />

SIGNATARIO — Do lat. signatu, marcado,<br />

o suf. ario.<br />

SIGNIFICAR — Do lat. significare, dar<br />

a enten<strong>de</strong>r por sinais.<br />

SIGNO — Do lat. signu, sinal.<br />

SILABA — Do gr. syllabé pelo lat. syllaba.<br />

Carísio explica:' syllabae dicuntur a Graecis<br />

para tó syllambánein tá grámrnata, latine,<br />

connexiones vel conceptiones quod . conciphint<br />

atque connectunt; vel comprehensio<br />

hoe est litterarum juncia enuniiatio.<br />

SILABARIO — De silaba e suf. ario. Nesta<br />

cartilha estáo metódicamente dispostas as sílabas<br />

da língua. '.'"<br />

SILABO — Do gr. syllabos, índice, pelo<br />

lat. syllabu.<br />

SILENCIO — Do lat. silentiu; esp.' silencio,<br />

it. silenzo, fr. silence. E' forma refeita,<br />

pois existiu um are. seengo : Se das boas falas<br />

aas vezes espóes o ceengo <strong>de</strong>ve calar (Inéditos<br />

<strong>de</strong> Alcobaca, l.«, pg. 262).<br />

SILENTE Do lat. silente.<br />

SILEPSE — Do gr. syllepsis, acáo <strong>de</strong><br />

tomar juntamente compreen<strong>de</strong>r, conceber; pelo<br />

lat. syllepse. .<br />

SILEPSIOLOGIA — Do gr. syllepsis, concepgao,<br />

lógos, tratado, e suf. ia.<br />

S1LERE — Do lat. silere, amieiro.<br />

SÍLEX — E' o lat. sílex, pe<strong>de</strong>rneira, seixo.<br />

E' a pedra do fuzil ou isqueíro.<br />

SILFIDA — Do gr. silphe, barata, e sufixo<br />

ida. E' alias urna familia <strong>de</strong> coleópteros.<br />

SILFIDE — De silfo, e suf. i<strong>de</strong>.<br />

SILFO — A.- Coelho <strong>de</strong>rivou do ant. galo<br />

(sic) sylfi. Figueiredo dá como termo inventado<br />

por Paracelso ou do gr. silphe, segundo<br />

Stappers. G. Viana, Apost., II, 421, repudiando<br />

o étimo gaulés do Novo Dicionário, repete<br />

a afirmacáo <strong>de</strong> Annandale, A concise Bnglish<br />

Dictionary, segundo a qual o vocábulo foi inventado<br />

no sáculo XVI por Paracelso, que lhe<br />

déu forma helenizada (sylpho) . Clédat consi<strong>de</strong>rou<br />

<strong>de</strong> origem céltica o fr. sylphe.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!