Dicionario Etimologico Da Lingua Portuguesa, de Antenor Nascentes
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
.<br />
.<br />
Fernando<br />
.<br />
.<br />
;<br />
'<br />
.<br />
.<br />
V.<br />
.<br />
Gorguz<br />
246 — Gra<strong>de</strong><br />
se fósse um positivo (cfr. aceito, acó) (Leite<br />
<strong>de</strong> Vasconcelos, Opúsculos, IV, WáS>. -Bjsp.<br />
gorgojo, it. gorgoglione, fr. gourguülon. Nunes<br />
admite o J j rib lat. VOV-poveaasbrem<br />
outras linguas románicas e explica que u bieye<br />
<strong>de</strong>u u por. influencia do i (.Gram. Hist. Poit,<br />
86, 51). Muitos autores explicaram a forma pelo<br />
nominativo (Kibeiro <strong>de</strong> Vasconceloz Gram.<br />
Hist., 156, Joao Ribeiro, Gram. Port., 66,<br />
Bourciez, Ling. Rom., pg. 419 Comu, Poit.<br />
Spr § 305, Pidal, Gram. Hist. Esp.,-% 74),<br />
Nuriés admitiu como vestigio .do nominativo<br />
ou como tendo passado da terceira <strong>de</strong>clmagao<br />
para a segunda (.op. cií., 217).<br />
GORGUZ — Do berbere gergit, langa (Lo-<br />
GORILHA — Nome dado no Penplo <strong>de</strong><br />
kotsch)<br />
Hanon (gr. gorilla, lat. gorilla) a mulheres<br />
negras e cabeludas da África Oci<strong>de</strong>ntal, provávelmente<br />
orangotangos .<br />
Ortiz afirma<br />
que os colonos cartagineses a que se referiu<br />
Plínio chegaram ao Congo (500 A. C.?),<br />
pela <strong>de</strong>scricáo dos gorilas, tres <strong>de</strong> cujas peles<br />
penduraram no templo <strong>de</strong> Cronos; pergunta<br />
se nao será éste o primeiro afro-negrismo em<br />
data<br />
ĠORJA — Do fr. gorge, garganta (M.<br />
Lübke, REW, 3921)/ A. Coelho tirou do lat.<br />
gurges, o que também fez a Aca<strong>de</strong>mia Espanhola<br />
nara o esp. gorja.<br />
GORJEAR — De gorja e suf. ear.<br />
GORJETA — Dim. <strong>de</strong> gorja; própriamente<br />
golo, pinga, dinheiro para comprar urna bebida<br />
(cfr. fr. pourboire, al. Trinkgeld)<br />
GORJILO — De gorja' (A. Coelho) e sufixo<br />
ilo. ''—' ':<br />
GORNE — Do it. goma (A. Coelho).<br />
GORO — Comu, PoríL Sprh, § 117, tirou<br />
do lat. orbu através <strong>de</strong> urna forma "oruo e<br />
diz que se o <strong>de</strong>senvolvimento fonético permitiese,<br />
ligaría ao gr. oúrion oón ou oúrinon<br />
oón; no § 252 estranha o g. M. Lübke, REW,<br />
60S6, acha éste étimo fonéticamente impossivel<br />
e acha fonética e semánticamente difícil o gr.<br />
oúrion, (Diez, Dio. 460). O esp. tem huero,<br />
güero.<br />
GOROVINHAS — Do lat. crumina (Comu,<br />
Port. Spr., §§ 165 e 247).<br />
GORRA — Do vasconco gorri, vermelho<br />
(M. Lübke, REW, 3S22) ; falta todavía a prova<br />
<strong>de</strong> que eram vermelhas as gorras. A. Coelho<br />
diz que Eaist pensa no lat. burru. Barcia,<br />
s. v. gorra, diz que Covarrúvias sentía que<br />
se dissé gorra como se fóra cuorra, <strong>de</strong> currendo,<br />
porque vai dando volta em si, por ter<br />
forma circular. (Aca<strong>de</strong>mia Espanhola, Dicionário<br />
<strong>de</strong> 1726)<br />
GOREIÁO — Do esp. gorrión (Cortesáo,<br />
"<br />
Figueiredo).<br />
GORRO V. Gorra.<br />
GOSMA — A. Coelho tira do fr. gourme.<br />
M. Lübke, REW, 3819, <strong>de</strong>riva do nórdico<br />
"gormr, lama (Diez, Dio. 601, RL, XIII, 322)<br />
repele aproximacáo com o fr. Cortesáo lembra<br />
o esp. gomar (vomitar), don<strong>de</strong> por dissimilacao<br />
se po<strong>de</strong>ria talvez fazer a <strong>de</strong>rivacao.<br />
C. Micaélis <strong>de</strong> Vasconcelos, RE, XI, 54, aceita<br />
o étimo germánico (Korting) . Comu,<br />
Port.<br />
Spr., •§ 210, estudando as formas gomar a<br />
gosmar, <strong>de</strong>clara-as ele origem insegura.<br />
GÓSTO — Do lat. gustu; esp., it. gusto,<br />
fr. goüt.<br />
,<br />
GoSTOS-DA-VIDA — Designacao vulgar <strong>de</strong><br />
urna ameixa que é doce ao provar-se, azedando<br />
<strong>de</strong>pois (Figueiredo).<br />
GOTA — Do lat. guita; esp. gota, it.<br />
gotta, fr. goutte. A molestia <strong>de</strong>ste nome era<br />
atribuida a' certas gotas que caissem do cerebro<br />
(Stappers) . Cortesáo, repetindo Sousa, <strong>de</strong>riva,<br />
neste sentido, do ár. gut. Clédat diz<br />
que a molestia era atribuida a gotas <strong>de</strong> um<br />
humor (cfr. Reumatismo).<br />
GÓTICO — Do lat. goticu, melhor que<br />
qothicu. Os godos escreviam <strong>de</strong> fato seu nomo<br />
com t, nao com th. O th das velhas linguas<br />
germánicas era urna verda<strong>de</strong>ira sibilante e nao<br />
urna explosiva mais ou menos aspirada. Os<br />
romanos escreviam corretamente goticus, e e<br />
aos historiadores gregos que se <strong>de</strong>ve a viciosa<br />
ortografía atual da palavra gothico (Hovelacque,<br />
La Linguistique , 3-15-6). V. Leite <strong>de</strong> Vasconcelos,<br />
Licóes <strong>de</strong> Filología <strong>Portuguesa</strong> 26,<br />
que cita Streitberg, Goiisches Elementarbuch,<br />
Heil<strong>de</strong>lberg, 1900, pg. 5-7. Diz-se que a expressáo<br />
gótico aplicada a um estilo arquitetomco<br />
foi empregada pela primeira vez pelo divino<br />
-Rafael num relatório ao papa Leáo X sobre<br />
os trabalhos projetados em Roma; gótico era<br />
entáo sinónimo <strong>de</strong> bárbaro, por oposigáo a<br />
romano (S. Reinach, Apollo, pg. 105).<br />
GOTO — Do lat. guttur (Diez, Dio. 456,<br />
Cornu, Port. Spr., § 147, A. Coelho). M. Lübke,<br />
REW, 3931, tirou do lat. guttu, bilha com<br />
pescoco estreito, que, embora sem dificulda<strong>de</strong>s<br />
fonéticas, se presta menos quanto ao sentido.<br />
GOUVEIO — De Gouveia, vila <strong>de</strong> Portugal<br />
(A. Coelho).<br />
GOVERNAR — Do lat. gubemare, pilotar,<br />
dirigir o leme, <strong>de</strong> origem grega; esp. gobernar,<br />
it govemare, fr. gouvemer. Por metáfora<br />
antiga (v. Horacio, O<strong>de</strong>s, I, 14) o Estado é<br />
comparado a um navio, dai o chamar-se governo<br />
á direcáo dos negocios públicos. Houve<br />
além disso generalizacáo <strong>de</strong> sentido; governar<br />
é sinónimo <strong>de</strong> dirigir. V. Max Müller,<br />
Ciencia da <strong>Lingua</strong>qem, II, 320, Moreau, Rae.<br />
Grec, 168-9.<br />
. „ „ _,.<br />
GOVETE — Por gómete, <strong>de</strong> goiva? (Figueredo)<br />
GOZO — *1 (prazer) : do esp., (/oso (G.<br />
Viana Apost. I, 516, Nunes, Gram. Hist.<br />
Port., 75 e 138). O esp. í/oso vem do lat.<br />
qaudiu (Aca<strong>de</strong>mia Espanhola, M. Lubke, REW,<br />
3705, Diez, Dic. 458). A <strong>de</strong>rivacao espanhola<br />
do latim é perfeitamente regular: au—ou—o<br />
(Pidal, Gram. Hist. Esp., § 9), di=z (.ibi<strong>de</strong>m,<br />
§ 53) Já a portuguesa o nao é: gaudiu, <strong>de</strong><br />
acordó com as ten<strong>de</strong>ncias fonéticas teria dado<br />
gouco (au—ou; cfr. paucu, pouco; dy _precedido"<br />
<strong>de</strong> au=c, cfr. audio-ouco) .<br />
M. i-,ubke,<br />
Gram. I, 460. Por conseguinte, só a forma<br />
espanhola po<strong>de</strong> explicar a portuguesa. A. Coelho<br />
Baist, Zeitschrift rom. Pial, IX, 148, <strong>de</strong>rivam<br />
<strong>de</strong> gustu, que para o port. é foneuca<br />
inerte inaceitável. Schuchardt, apud Joao<br />
Ribeiro Autores Contemporáneos, 58, pensa que<br />
houve confusáo entre ausare e gaudiare, o que<br />
daria o resultado gauzare. Ford, xdi<strong>de</strong>m, Romanía,<br />
XXVII, 288, tira <strong>de</strong> negotiu, o que M.<br />
Lübke acha semánticamente, madmissivel.<br />
*<br />
Joao<br />
Ribeiro tira <strong>de</strong> gaudiu através d& serie gaud],<br />
aoj, (¡ojo. Sá Nogueira, A.L.P ¿<br />
\Ix, 2¿o, <strong>de</strong>riva<br />
também <strong>de</strong> gaudiu. — 2 (cao) : A. Coelho,<br />
oue escreve goso, <strong>de</strong>riva, com duvida, do lat.<br />
equsiu scilicet cañe,- Joáo Ribeiro, Seleta Classica,<br />
35, <strong>de</strong>riva do lat.' gothicu, godiu. O* esp. «<br />
cosque é tirado pela Aca.<strong>de</strong>mia Espanhola e<br />
po- Pidal (Gram- Hist. Esp-, § 60) do lat.<br />
gothicu (.cañe). M. Lübke, REW, 4789,. pren<strong>de</strong><br />
a urna raiz cnomatopéica leuce, Kos, cao, o<br />
ant *t cuccioflo). o siciliano guttsu, o fr.<br />
ant. gous, o valáo go, o prov. goz, ,<br />
gosa, o<br />
cat. oos/ além do esp. e do port.<br />
QR4 1 (inseto, tecido, galha, doenca)<br />
do lat." grana, <strong>de</strong> granu, grao. E' um mseto<br />
hemíptero, <strong>de</strong> cor vermelha e semelhante a<br />
um gráozinho (Coccus iMcis, Lin.), empregado<br />
em tinturaría. E' um tecido tinto esm gra.<br />
E' a galha produzida mima especie <strong>de</strong> carvolho<br />
(Quercus coccifera) pela picada da gra.<br />
E' molestia do gado sumo a qual se mamfesta<br />
por urna excrescencia carnosa na boca (provincialismo<br />
trasmontano). Esp. grana, it grana,<br />
fr. ant. graine com o sentido <strong>de</strong> coclionxllia<br />
e mod. graine com o <strong>de</strong> sementé (M. Lübke,<br />
REW, 3846). — 2 — Forma apocopada do<br />
gran<strong>de</strong>.<br />
GRABATO — Do lat. grabalu, <strong>de</strong> origem<br />
grega.<br />
GRACA — Do lat. gralia, agrado; esp.<br />
gracia, it. grazia, fr. gráce. Tomou os sentidos<br />
<strong>de</strong> béleza (cfr. gracioso), favor, reconhcchnento<br />
(cfr. acdo <strong>de</strong> gracas, dar as gracas),<br />
dom divino.<br />
GRÁCIL — Do lat. gracile, <strong>de</strong>lgado, magro,<br />
franzino.<br />
GRACILIFOLIADO — Do lat. gracile, <strong>de</strong>lgado,<br />
folm, fólha, e <strong>de</strong>sin. ado.<br />
GRACIL1PEDE — Do lat. gracile, <strong>de</strong>lgado,<br />
e pe<strong>de</strong>, pé.<br />
GRACILIRROSTRO — Do lat. gracile, <strong>de</strong>lgado,<br />
e rostru, bico<br />
GRACIOLA — Do lat. gratiola, gracinhá.<br />
GRADACÁO — Do lat. gradatione, escada.<br />
GRADATIVO — Do lat. "gradativu, calcado<br />
em gradatu, disposto em <strong>de</strong>graus.<br />
GRADÉ — Do lat. .crate; esp. grada, it.<br />
grata. Nunes, Gram. Hist. Port., 91, admite<br />
o o g <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o lat. pop. pois aparece em outras<br />
linguas románicas.