17.06.2016 Views

Dicionario Etimologico Da Lingua Portuguesa, de Antenor Nascentes

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

- COCAR,<br />

.<br />

.<br />

Cobrar 124 Coco<br />

V. Edor., lícriture et prononclation du latín,<br />

162; Sc-el'nan, Aiissprachri <strong>de</strong>s Latcin, 217; Lindsay,<br />

The Laiin Zanguayo, 37. Are. coobra...<br />

sempre dcllos averemos maaos merecimientos,<br />

.corno fes esta coobra... (Livro do Esopo, i'a-<br />

"bula X) .<br />

COBRAR — Derivado regressivo do recobrar<br />

com perda do prefixo (A. Coelho, M.<br />

Lübke, REW, 7136, Cornil, Port. Spr., §§ 42 o<br />

108, Diez, Gram., I, 24, 273). Pacheco e Lameira,<br />

Gram. Port., 3S7, <strong>de</strong>rivam do laí. cooperare,<br />

mverossimil pelo sentido. A Aca<strong>de</strong>mia<br />

Espanhola explicou 'O esp. cobrar por um lat.<br />

cuperarc, <strong>de</strong>rivado <strong>de</strong> capero, tomar, recollicr.<br />

COBRE — Do gr. kyprios, scilicet clialkús,<br />

cobre <strong>de</strong> Chipre, pelo lat. aes cyprium (Vitrúvio<br />

e Plinio), milis tardo cuprum em Espareiano,<br />

Historia Augusta, I, 725; esp. cobre, ir.<br />

cnivre. A ilha do Chipre tinha outrora abundantes<br />

minas <strong>de</strong> ouro, prata e sobretudo do<br />

cobre.<br />

CÓBRELO — De cobra e suf. cío (A. Coelho),<br />

quer no sentido <strong>de</strong> pequeña serpente,<br />

quer no <strong>de</strong> doenea que o povo supoe producida<br />

pela roupa <strong>de</strong> vestir sobre que passou<br />

cobra.<br />

COBRIR — Do lat. cooperire; esp. cobrir,<br />

it. coprire, fr. couvrir.<br />

COBRO — 1 — Do cobrar, quando significa<br />

acao <strong>de</strong> cobrar.<br />

2 — Do cobra, quando significa afeceáo erisipelática<br />

que ro<strong>de</strong>ia o corpo.<br />

COCA — Do quichua cuca ou coca, segundo<br />

-Mid<strong>de</strong>ndorf, ou do aimará coca, árvore, segundo<br />

Bertoni. Batista Caetano remonta, com<br />

dúvida, a raiz tupi-guaraní cog, sustenta!', alimentar.<br />

COCA — Do lat. coccu, carolo <strong>de</strong> fruto,<br />

grá (M. Lübke, REW, 2009); esp. coca, it.<br />

coceo. A Aca<strong>de</strong>mia Espanhola nao filia coca,<br />

papao, ao lat. coccu.<br />

COCAINOMANÍA — De cocaína e gr. ma-<br />

'COCANHA — Derivado <strong>de</strong> gót. koka bolo,<br />

al. mod. Ruchen. (M. Lübke, REW, 1734).<br />

Ñas crendices medievais, país imaginario cujas<br />

casas eram fcitas <strong>de</strong> bolos (em cat. e velho<br />

prov. coca, em fr. ant. coque, hoje couque).<br />

COCAO — A. Coelho filia ao fr. coche, a<br />

que Stappers atribuí origem céltica, ou vem do<br />

lat. cocha.<br />

COCAR — Do fr. cocard, antigamento tufo<br />

<strong>de</strong> penas <strong>de</strong> galo (fr. coq.) o qual se usava<br />

no chapéu, ou, segundo outros, crista <strong>de</strong> galo,<br />

<strong>de</strong>pois insignia encarnada como a crista do<br />

galo<br />

— Do lat. "coctiare, <strong>de</strong> coctus, cozido<br />

(C. Michaelís <strong>de</strong> Vasconcelos, RL, III,<br />

143; Diez, Dic, 441, M. Lübke, REW, 2016).<br />

COCCAO — Do lat. coctione.<br />

COCCICÉFALO — Do gr. kókkyx, cóccix,<br />

e kephaló, cabega.<br />

COCC1DIO — Do gr. kókkos, granulo,<br />

baga, e suf. idio.<br />

COCCIGODINIA — Do gr. kókkyx, kókkygos,<br />

cóccix, odyne, dor, e suf. ia.<br />

COCCIGOTOMIA — Do gr. kókkyx, kókkygos,<br />

cóccix, tom, raiz alterada <strong>de</strong> témno,<br />

cortar, e suf. ia.<br />

COCCINELA — Do gr. kókkinos, escaríate,<br />

e suf. ela.<br />

COCCÍNEO — Do lat. coccineu, escaríate.<br />

COCCINITA — Do gr. kókkinos, escaríate,<br />

e suf. ita.<br />

CÓCCIX — Do gr. kóklcyx, cuco, pelo lat.<br />

coceyx; acharara analogía com o bico do cuco.<br />

CoCEDRA ou COCEDRA — Do lat. culcitra<br />

ou culcitula (G-. Viana, Apost., I, 315);<br />

esp. colcedra, cozeára. Nunes, Gram. Hist.<br />

Port., 149, da urna forma assimilada intermediaria<br />

"corcedra.<br />

CÓCEGAS — Do verbo "cocegar, do lat.<br />

"coctiare (cfr. 'coctiare, que <strong>de</strong>u coear), v. RL,<br />

IV, 223. O esp. tem cosquillas.<br />

COCHARRA — A. Coelho <strong>de</strong>riva do esp.<br />

cuchara, colher, o manda ver cocharro.<br />

COCHARRO — De cocho e suf. arro.<br />

COCHE — Do húngaro kocsi, através do<br />

al. Kutsche o do fr. coche (M. Lübke, REW,<br />

4729, Zeitschrift rom. Phil., XV, 95, Joáo Ribeiro,<br />

Gram. Port., 17) . Segundo Stappers, esta<br />

etimología se apoia num passo <strong>de</strong> Avila on<strong>de</strong><br />

ae diz que Carlos V pós-se a dormir numa<br />

carruagem ceberta "que na Hungría se chama<br />

coche, invencáo e nome proveniente déste país".<br />

Koszi é urna localida<strong>de</strong> perto <strong>de</strong> Raab. Cfr.<br />

berlmda, lando. Eguilaz filia o húngaro ao lat.<br />

conchula e Diez da o it. cocchio como dim. da<br />

cocea., bote barca. Lokotsch, 1029, nao acha fundamento<br />

histórico na <strong>de</strong>rivagáo da localida<strong>de</strong><br />

húngara; opina pelo turco kosh, unido, parolha.<br />

COCHICHAR — Formacao nomatopéica (A.<br />

Coelho; G. Viana, Palestras, 106, M. Lübko,<br />

Introdúcelo, 65) . A<br />

Aca<strong>de</strong>mia Espanhola dá a<br />

mesma formacao ao esp. cuchichear c Stappers,<br />

Brachet, Clódat ao fr. cJiuciiotcr.<br />

COCHICI-IO — 1 — De cochichar.<br />

2 — Ave (onomatopéia, v. G. Viana, Palesiras,<br />

106).<br />

COCHICHOLO — Figueiredo <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> ccchicho<br />

no sentido <strong>de</strong> casa pequeña.<br />

COCHINO — A. Coelho cita o esp. cochino<br />

e o fr. cochon; Figueiredo <strong>de</strong>riva do esp.,<br />

que a Aca<strong>de</strong>mia Espanhola <strong>de</strong>riva do asturiano<br />

cocho, <strong>de</strong> origem onomatopéica (M. Lübke,<br />

REW, 4745).<br />

COCHO — A. Coellro, citando o it. cocchia,<br />

<strong>de</strong>riva do lat. concliula. Deite <strong>de</strong> Vasconcelos<br />

tira do lat. *coplu, metátese <strong>de</strong> poculu, copo<br />

(G. Viana, Apost, I, 315). Ambas as <strong>de</strong>riva-<br />

Qxes suscitam gran<strong>de</strong>s dificuldados fonéticas.<br />

COCHON1LHA — Do esp. cochinilla, com<br />

assimilacáo do primeiro i (cfr. o suf.). A. Coelho<br />

aceita a mesma origem com urna explicagao<br />

alias inaceitável : dim <strong>de</strong> cochino, porco,<br />

por analogía <strong>de</strong> forma, achada entre a <strong>de</strong> alguns<br />

déstes animáis da familia dos galinsectos<br />

o a do porco. M. Lübke, REW, 2008, tira o<br />

esp. e o fr. cochcnillc, do it. cocciniglia, do<br />

gr. kókkinos, em lat. coccinus, escaríate.<br />

CÓCLEA — Do gr. kochlías pelo lat. co-<br />

caracol.<br />

COCLEAR — Do lat. cochlcare.<br />

cinea,<br />

COCLEARIA — Do lat. cochlearia, por causa<br />

das fólhas em forma do colher.<br />

COCLITE — Do gr. kóchlos, concha, e suf.<br />

ite.<br />

COCLORINCO — Do gr. Jcóchlos-, concha,<br />

espiral, c rhyqchos, bico.<br />

COCO — i — Papao: V. Coca.<br />

2 — Fruto : <strong>de</strong> coco (papao) . Quanto á etimología<br />

do vocábulo, diz <strong>Da</strong>lgado, tém-se aventado<br />

varias hipóteses, nao faltando quem Ihe<br />

atribua origem egipcia, kuku! Mas, se tivermos<br />

em vista o que dizem os nossos indianistas,<br />

mais competentes no assunto, nao po<strong>de</strong><br />

restar nenhuma dúvida acerca da provenien-<br />

, cia. O autor do Roieiro (1498), referindo-se a<br />

Mombaga, diz : «As palmeiras <strong>de</strong>sta térra dam<br />

hura fruto tam gran<strong>de</strong> como meloes e o mejollo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro . he o que como e sabe como<br />

junga avellanada" (p. 28). E o mesmo, já na<br />

India, escreve : "E o mantímento era coquos<br />

e quatro talhas <strong>de</strong> huus queijos dacuquar <strong>de</strong><br />

palma" (p. 94). E', portanto, no Malabar que<br />

os companheiros <strong>de</strong> Vasco da Gama aplicaram<br />

o nome ao fruto, cortamente nao o receboram<br />

da língua vernácula, que o <strong>de</strong>signa por<br />

tengu, nem das línguas aricas mo<strong>de</strong>rnas, quo<br />

lhe chamam narel ou naral, sanscr. narikela,<br />

persa nargil. E o que o nao conheceram no lugar,<br />

mas transferiram por analogía dura objeto<br />

para outro, como o fizeram com Jigo e<br />

pera, sabemos <strong>de</strong> Barros, Orta e outros. O<br />

étimo é pois o portugués continental coco, que<br />

antigamente se empregava, como se emprega<br />

aínda hoje em castelhano por "papao". Bluteau<br />

dá urna <strong>de</strong>rivagáo inversa, mas indica a<br />

accepgáo que coco tinha em Portugal: "O Coco<br />

ou a Coca. Usamos <strong>de</strong>stas palavras, para por<br />

médo aos meninos, porque a segunda casca do<br />

coco tem na sua superficie tres buracos com<br />

feigáo <strong>de</strong> caveira". G. Viana ó da mesma opiniáo.<br />

Diz ele, Apost., I, 242, que coco, como é<br />

sabido, significava em portugués, e hoje ainda<br />

em castelhano, o que atualmente chamamos<br />

papao, isto é, urna figura <strong>de</strong> catadura ruim,<br />

com que so meto médo as criancas. Os portugueses,<br />

ao verem pela primeira vez o fruto<br />

do coqueiro, comparam-no a urna <strong>de</strong>ssas caras<br />

<strong>de</strong> arremeter, e aplicaram-lhe o nome com que<br />

<strong>de</strong>sdo entáo é conhecido om toda a Europa.<br />

Schuchardt, RL, XXVI, 305, abundando nestas<br />

i<strong>de</strong>ías, diz que o viajante árabe Ibn-Batuta<br />

(seculo XIV) já comparava o coco com urna<br />

cabeca humana, reconhecondo nele os dois olhos<br />

e a boca. Nao teria havido influencia árabe?<br />

Figueiredo <strong>de</strong>rivou do esp. A Aca<strong>de</strong>mia Espanhola<br />

busca urna origem aimará. Beaurepaire<br />

Roñan sentó origem africana ou asiática.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!