17.06.2016 Views

Dicionario Etimologico Da Lingua Portuguesa, de Antenor Nascentes

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

:<br />

.<br />

.<br />

.<br />

J<br />

XXX<br />

*<br />

ANTENOR NASCENTES<br />

Cingi-me a vocábulos conhecidos em todos os dominios em que se fala<br />

a hngua portuguesa. Neste pressuposto, excluí os arcaísmos os provincia-<br />

P°rtuVal<br />

IT°1<br />

><br />

a (Jiria <strong>Portuguesa</strong> e a brasüeira, salvo guando<br />

em aerivados<br />

aparecem<br />

ou compostos <strong>de</strong> inclusáo jorcada<br />

Igualmente ficaram <strong>de</strong> fora os africanismos, os asiaticismos e os americanismos.<br />

Nao Uve coragem <strong>de</strong> capitular como portuguesas palavras como carapana,<br />

capotim, pudvém. Um brasüeiro (da Amazonia, bem entendido) bem<br />

sabe o que e carapaná; um portugués da África, o que é capotim- um da<br />

Asia o que e pudvém; em Portugal, porém, tais palavras nao sao correntes<br />

Coloquei-me no verda<strong>de</strong>iro ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> quem se propóe fa-er um<br />

dicionano etimológico da Hngua portuguesa, isto é, da que se fala em Portugal,<br />

e nao podia proce<strong>de</strong>r <strong>de</strong> outro modo.<br />

Bem sei que em meu país os patriotas váo irritarse comigo por causa<br />

disto, mas quem tem a seu lado urna razáo <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m- científica nao se<br />

apega a patriotadas.<br />

Releguei para um glossário a parte, o qual constituirá o segundo volume<br />

o conjunto <strong>de</strong> africanismos, asiaticismos e americanismos, ou melhor brasileirismos.<br />

Puj também a parte os nomes próprios, como é <strong>de</strong> praxe nos dicionários<br />

Nao <strong>de</strong>i a.evolucao dos fonemas <strong>de</strong> cada vocábulo um por um' guando<br />

ela se enquadra ñas transformacóes normáis trazidas pelas ten<strong>de</strong>ncias fonéticas<br />

aa hngua e estudadas na gramática histórica; havendo, porem excegao<br />

ou dificulda<strong>de</strong>, procurei elucidar na medida das minhas foreas.<br />

Dei as etimologías <strong>de</strong> preferencia em latim popular. Omití o significado,<br />

guando e o mesmo. Só entrei em divagagóes semánticas guando foi necessário<br />

justificar mudancas <strong>de</strong> significagáo<br />

Apresentei as formas espanholas, italianas e francesas, correspon<strong>de</strong>ntes<br />

as palavras <strong>de</strong> cunho popular, porque achei útil éste paralelo com as línguas<br />

románicas mais chegadas e conhecidas.<br />

Só entrei em explicagóes históricas ou <strong>de</strong> outra natureza, guando absolutamente<br />

indispensáveis<br />

Evitei abusar das formas hipotéticas, segundo o conselho <strong>de</strong> J . . Nunes<br />

na pg Sé<br />

. das Digressóes Lexicológicas.<br />

Só perfilho um étimo quando Ihe indico claramente a proce<strong>de</strong>ncia, ex.:<br />

do lat., do gr., do fr., etc. No caso <strong>de</strong> dúvida exponho apenas o que' pu<strong>de</strong><br />

apurar a respeito.<br />

Divergí <strong>de</strong> Aulete no assinalamento do étimo.<br />

Este autor distingue a etimologia próxima ou imediata, da remota ou<br />

erudita. A primeira é aqueta que ensina a origem imediata dos termos, a<br />

segunda ocupase com o vocábulo até os seus elementos írredutíveis; assim,<br />

um vocábulo po<strong>de</strong> vir diretamente do francés, do espanhol, do italiano, etc.,<br />

e indirectamente ser <strong>de</strong> origem latina, grega, hebraica. Em seu dicionário<br />

apresentou ele sámente a origem próxima, isto é, o elo que une a palavra<br />

portuguesa á Hngua don<strong>de</strong> se <strong>de</strong>riva diretamente e na forma em que se<br />

encentra nos dicionários respectivos. Dá o vocábulo chantre, por exemplo,<br />

como <strong>de</strong>rivado do francés chantre, que vem do latim cantor. Deriva aca<strong>de</strong>mia<br />

do latim aca<strong>de</strong>mia, que é <strong>de</strong> origem grega; pascua do latim pascha, <strong>de</strong><br />

origem hebraica.<br />

Nao pu<strong>de</strong> seguir o mesmo criterio. Dou <strong>de</strong> preferencia a origem remota<br />

e menciono a língua que serviu <strong>de</strong> veículo, ex.: Aca<strong>de</strong>mia — Do gr. akadémía,<br />

pelo lat. aca<strong>de</strong>mia. Quando a origem remota é vaga ou a língua veículo a<br />

fez esquecer, dou entáo a origem imediata, ex.: Cacto — Do gr. káktos, cardo,<br />

<strong>de</strong> fundo pré-helénico<br />

Muitos vocábulos sao pela primeira vez dicionarizados . Nao<br />

os marquei<br />

com asteriscos, para evitar o que aconteceu a Cá?idido <strong>de</strong> Figueiredo, que<br />

assinalou <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> milhares mas encontrou "quem chegasse a originalida<strong>de</strong><br />

malévola <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontar naquele avultado número, urna dúzia <strong>de</strong> vocábulos,<br />

— ou coisa que os valha, — em que o tipógrafo, inadvertidamente,<br />

pusera, com um asterisco, a indicagáo <strong>de</strong> novos, e nao visse outros tantos<br />

ou mais, a que o tipógrafo, também inadvertidamente, eliminou a referida<br />

nota, embora fóssem realmente novos em lexicografía".

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!