17.06.2016 Views

Dicionario Etimologico Da Lingua Portuguesa, de Antenor Nascentes

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

.<br />

Do<br />

.<br />

.<br />

sobrenome<br />

O<br />

.<br />

.<br />

Saudar 461 Sebastoeratov<br />

invés da habitual mudanga <strong>de</strong> au em oi. Lemnra<br />

que já Bernardo <strong>de</strong> Lima, Dicionário da<br />

Ziingua <strong>Portuguesa</strong>, pág. VII, quería atribuir<br />

essa mudanea aos escritores, quando notava ser<br />

o vocábulo sauda<strong>de</strong> mais harmónico que soldarte<br />

e que, por isso, embora havendo tido<br />

igual uso, comecara a ser mais usado. C. Michaélis,<br />

A sauda<strong>de</strong> portuguesa, objeta que, se<br />

o ditongo latino au se po<strong>de</strong> transformar em<br />

oí, cfr. ama, ouro, oiro, oi nao po<strong>de</strong> transformar-se<br />

em au, logo é difícil admitir que<br />

<strong>de</strong> soidadc saisse sauda<strong>de</strong>. Além disso, da forma<br />

sauda<strong>de</strong>, que parece mo<strong>de</strong>rna, há exemplos,<br />

raros, é certo, em documentos do sáculo<br />

XIV, como a Vida <strong>de</strong> Santo Amaro: E Vellii<strong>de</strong>s<br />

Ihes disse: Ay amigas, nom chore<strong>de</strong>s ante ell,<br />

que auerá gran coyta e gran sauda<strong>de</strong> (fl. 119).<br />

Enten<strong>de</strong>u aquela autora que <strong>de</strong>via ter havido<br />

jonfusáo entre saú<strong>de</strong>, saudagüo, saudar (<strong>de</strong><br />

salutare) com a palavra sauda<strong>de</strong>, que <strong>de</strong>rivaría<br />

<strong>de</strong> urna forma salutate. Joáo Bibeiro,<br />

Curiosida<strong>de</strong>s Yerbáis, 197-201, enten<strong>de</strong> que sauda<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong> provir do ár, saúdá. De acordó com<br />

informagóes do professor Ragy Basile, apresen<br />

ta tres expressóes árabes, suad, saudá e<br />

suaidd, que tém o sentido moral <strong>de</strong> profunda<br />

tristeza, c literalmente do sangue pisado e<br />

preto <strong>de</strong>ntro do coragáo; na medicina as-saudá<br />

o urna doenca do fígado que se revela pela<br />

tristeza amarga e melancólica. Po<strong>de</strong>ria objetar-se.<br />

acrescenta éste autor, que sao raras<br />

as palavras que exprimem sentimento, tomadas<br />

no árabe. Convém, entretanto, lembrar que a<br />

palavra, como foi dito, <strong>de</strong>signa igualmente<br />

urna doenca .e murtas désse . teor vieram do<br />

árabe : achaque, enxaqueca, soda (dor <strong>de</strong> caoeca),<br />

etc. E também sao doengas a morriña'<br />

galega, que traduz sauda<strong>de</strong> e o Heimvelí alemáo<br />

que migrou do sul para o norte. E toda<br />

medicina hispánica e européia foi na era medieval<br />

ensinada por Avicena, Averroés e outros<br />

gran<strong>de</strong>s mestres. Há perfeita i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> entre<br />

molestias nervosas e sentimentos : hipocondría,<br />

melancolía, angustias... A respeito do vocábulo<br />

convém consultar: D. Duarte, Leal Conselheiro,<br />

cap. Do no jo, pesar, <strong>de</strong>sprazer, avorrecimento<br />

c suyda<strong>de</strong>; Duarte Nunes do Leáó,<br />

Origem da lingua portuguesa*, 3.» ed., pg. 79;<br />

Fr. Isidoro <strong>de</strong> B'arreira, Tratado das significacoes<br />

das plantas, flores e frutos que se referem.<br />

na Sagrada Escritura; Severim <strong>de</strong> Faria,<br />

Noticias do Portugal; Sousa Macedo, Plores <strong>de</strong><br />

Espanha e excelencias <strong>de</strong> Portugal; D. Francisco<br />

Manuel <strong>de</strong> Meló, Epanáfora, ed. <strong>de</strong> 1676,<br />

pg. 287; Garrett. Gamóes; Camilo, Coisas leves<br />

e pesadas, pg. 91. Cortesáo. artigo na revista<br />

portuense A Águia, 2.» serie, 116; G. Viana,<br />

artisro na revista O Positivismo, IV, 169-70.<br />

C. Michaclis, A Sauda<strong>de</strong> portuguesa, Julio <strong>Da</strong>ntas,<br />

artigo em o Gorreio da Manila, do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro.<br />

SAUDAR — Do lat. salutare, cumprimentar<br />

désejando a salvagáo, a conservacáo da<br />

vida, a saú<strong>de</strong> (.salute) ; esp. saludar, it. salutare,<br />

fr. saluer.<br />

SAODE — Do lat. salute, salvagáo; esp.<br />

salud, it. salute, fr. salut. In domino <strong>de</strong>o eterna<br />

salu<strong>de</strong>' amen (Diplomata, pg. 220-A. 1047).<br />

SAUDOSO — Forma haplológica <strong>de</strong> "saudadoso.<br />

SÁURIO — Do gr. saúros, lagarto, e sufixo<br />

io.<br />

SAURITA — Do gr. saurltis pelo lat. saurite.<br />

Os antigos acreditavam que esta pedra<br />

se achasse no corpo do lagarto (saúros), v.<br />

Larousse<br />

SAURCFAGO — Do gr. saúros, lagarto, e<br />

phaq, raiz <strong>de</strong> phagein, comer.<br />

SAUROF1DIO — Do .gr. saúros, lagarto,<br />

e ofidio, q. v.<br />

SATJROGRAFIA — Do gr. saúros, lagarto,<br />

graph, raiz <strong>de</strong> qrápho, <strong>de</strong>screver, e suf. ¿a.<br />

SAUROLOGIÁ — Do gr. saúros, lagarto,<br />

lógos, tratado, e suf. íct.<br />

SAUROMORFO — Do gr." sátiros,<br />

e morphé, forma.<br />

lagarto,<br />

SAUROPODO — Do gr. saúros, lagarto^ e<br />

poús, podós, pé.<br />

SAUROPStDEO — Do gr. saúros, lagarto,<br />

ópsis, aspecto, e suf. 'i<strong>de</strong>o.<br />

SAUROPTER1GIO — Do gr. saúros, lagarto,<br />

ptéryo;, ptérygas, asa, e suf. io.<br />

gr. saiiros, lagarto, e<br />

ourá. cauda.<br />

SAURÚRO —<br />

,<br />

SAUSSURITA — De Satissure, sobrenome<br />

<strong>de</strong> um naturalista suigo (1740-99),. e sufixo ita.<br />

SAUTOR — Do fr. sautoir. Os dicionár'ios,<br />

por evi<strong>de</strong>nte erro tipográfico, escíevem santo-'r<br />

(Figueiredo). G. Viana dá santor no Vocabulario.<br />

SÁVAL — De sável<br />

(Figueiredo)<br />

SAVANA — Do ca.ribe através do esp. sabana.<br />

V. G, Viana, Apost-, II, 409, Aca<strong>de</strong>mia<br />

Espanhola, Stappers, Lokotsch, Amerilcanische<br />

V/orter, 58. Nada tem com o esp. sábana, lengol,<br />

citado por Figueiredo.<br />

SAVARIM — De Savarin (Brillat), sobrenome<br />

<strong>de</strong> um célebre gastrónomo francés (1755-<br />

1826)<br />

SAVEIRO — Do ant. savaleiro, barco para<br />

a pesca do sável (sávalo, esp. sábalo), através<br />

da serie savaleiro-salaveiro-saaveiro-sáveiro<br />

(Cornu, Port. Spr., § 255, G. Viana, Apost.,<br />

II, 520, A. .Coelho).<br />

SÁVEL — Do ár. sabal (Lokotsch).<br />

SAVELHA — De sável (A. Coelho, Cons-<br />

SAVODINSQUlTA — De Savodinski, nome<br />

tancio) .<br />

<strong>de</strong> mina dos montes Altai, e suf. ita.<br />

SAVÓNULO — Adaptagáo do fr. 'savomile,<br />

<strong>de</strong> savon, sabáo.<br />

SAXÁTIL — Do lat . saxatile, que mora<br />

entre as pedras<br />

SÁXEO — Do )at. saxeu.<br />

SAXÍCOLA — Do lat. saxícola, que adora<br />

pedra. ,<br />

SAXÍFRAGA — Do lat. saxífraga, que<br />

quebra pedra. Urna especie se empregava para<br />

•<br />

dissolver cálculos da bexiga (Figueiredo).<br />

SAXOFONE — De Sax, . do inventor,<br />

Antonio José, chamado Adolfo (1814),<br />

e gr. phoné, voz, som.<br />

saxosii.<br />

SAXOSO — Do lat.<br />

SAXOTROMPA — De Sax, sobrenome do<br />

inventor, Antonio José, chamado Adolfo (1814),<br />

e <strong>de</strong> trompa<br />

SAZÁO •— Do lat. satione, agáo <strong>de</strong> semear,<br />

época <strong>de</strong> semear; esp. sazón, fr. soAson<br />

(primeiro a primavera, estagáo <strong>de</strong> semear, <strong>de</strong>pois<br />

qualquer estagáo do ano) . sentido passou<br />

a estagáo do ano, tempo em geral, térnpo<br />

oportuno (Leite <strong>de</strong> Vasconcelos, Lig<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Filología<br />

<strong>Portuguesa</strong>, 279, maturida<strong>de</strong>). Por Deus,<br />

senJwr, tan gran sazón non cui<strong>de</strong>j a <strong>de</strong>sejar<br />

(Oancioneiro da Ajuda, 223). ....:-<br />

SE — 1 (pronome) : Do lat. se; esp., fr.<br />

se, it. si. — 2 (conjunqáo) : Do lat. si; esp.<br />

ant. se, mod. si, it. se, fr. ant. se, mod. si.<br />

O i mantem-se geralmente em portugués, mas<br />

aquí mudou-se em e, por si ser proclítico, isto<br />

é, empregado sempre antes <strong>de</strong> outra palavra, o<br />

que tornou átono o i e preparou o terreno para<br />

ele ensur<strong>de</strong>cer em e (Leite <strong>de</strong> Vasconcelos, Licoes<br />

<strong>de</strong> Filología <strong>Portuguesa</strong>, 80) . A forma se<br />

já aparece ha Noticio, <strong>de</strong> tarto (1185-1211) : Se<br />

a lexarem... M. Lübke, Introduc&o, n. 143,<br />

cita um lat. dialetal se, <strong>de</strong> que vém exemplos<br />

do sáculo VI em Rydberg, Zur Gescliichte <strong>de</strong>s<br />

franzosichen e, II, 224. Boureiez, Ling. Rom.,<br />

n. 257, dá urna forma románica se,, proveniente<br />

do lat. si, cuja abreviaeáo teria comecado<br />

ñas combinacóes si quis, si qui<strong>de</strong>m. A<br />

pronuncia brasileira si nao autoriza urna forma<br />

si, como mi, ti, llii, di, i, qui, etc. nao<br />

<strong>de</strong>sautorizare me, te, Ihe, <strong>de</strong>, e, que, etc.<br />

SÉ — Do lat. se<strong>de</strong>, assénto, ca<strong>de</strong>ira; esp.<br />

se<strong>de</strong>, it. se<strong>de</strong>, (assento, resi<strong>de</strong>ncia), fr. siége<br />

(a.ssento) . Passou a significar a igreja on<strong>de</strong><br />

fica o trono do bispo (cfr. cat. sen),- a cate-,<br />

dral (<strong>de</strong> cathedra, ca<strong>de</strong>ira) ; acompanhado do<br />

adjetivo sania <strong>de</strong>signa a jurisdigáo papal,<br />

SEARA — Cornu, Port. Spr., § 122, tira<br />

<strong>de</strong> um senara, <strong>de</strong> origem <strong>de</strong>sconhecida ; cita<br />

o esp. senara. Cortesáo cita senara em Diplomata,,<br />

pg. 54-A. 961: Uendimus senara nostra<br />

propria. G. Viana, Apost-, II, 410, consi<strong>de</strong>ra<br />

<strong>de</strong> étimo nao averiguado. Nunes, Crest.<br />

Are., 596, <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> um "senaria e cita o are.<br />

senhara no Foral da Guarda, fl. 41: Senharas<br />

e iiilias <strong>de</strong>lreij aja tal foro . . .<br />

Eguilaz apresenta<br />

tres étimos: ár. zora, cereais em pé, ár.<br />

zaráa, campo semeado, ár. zarai, ver<strong>de</strong>.<br />

SEBASTIANISMO — De Sebastiao e suf.<br />

ismo. O sebastianismo é a crenga na volta do<br />

reí D. Sebastiao <strong>de</strong> Portugal, <strong>de</strong>saparecido na<br />

batalha <strong>de</strong> Alcacer Quibir (1578)<br />

SEBASTOCRATOR — Do gr. bizantino sebastokrátor,<br />

em que se ligam as idéias <strong>de</strong> respeito<br />

e <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!