17.06.2016 Views

Dicionario Etimologico Da Lingua Portuguesa, de Antenor Nascentes

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

.<br />

.<br />

.<br />

.<br />

.<br />

.i :<br />

XVI<br />

ANTENOR NASCENTES<br />

Outras vez.es a substituigáo era por palavra nova, ex.: patraster em vez<br />

<strong>de</strong> vitricus. Essa palavra nova podía ser um diminutivo, ex.: ovicula em vez<br />

<strong>de</strong> ovis; podía, ser urna locucáo da qual um dos termos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>saparece,<br />

ex. hibernum (tempus) em vez <strong>de</strong> hieras.<br />

Gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> palavras existiram no latim popular as quais nao se<br />

encontram no latim clássieo. Urnas, velhos termos das antigás populo.coes<br />

do Lacio, como anima, serutinus, trepalium; outras, neologismos tirados <strong>de</strong><br />

línguas <strong>de</strong> pavos em contato com o romano, ex.: bannus, hanbsrgu.m, werra.<br />

Nagüelas palavras <strong>de</strong> fundo comum a língua clássica e a popular <strong>de</strong>ramse<br />

víais tar<strong>de</strong> substituigoes . Assim, em vez <strong>de</strong> avunculus, amita, dominaram<br />

em portugués as formas tio, tia, <strong>de</strong> origem grega; em vez <strong>de</strong> lectus, cama,<br />

<strong>de</strong> igual origem; na <strong>de</strong>signacao <strong>de</strong> partes do corpo aparece, anca, <strong>de</strong> origem<br />

germ&nica<br />

Quando o elemento latino é <strong>de</strong> origem esiranha, dou o étimo indicado<br />

por V/al<strong>de</strong> em seu Lateinisches Etymologisches Worterbuch. "<br />

Elementos gregos (1)<br />

O grego antigo multas palavras transmitía ao portugués através do latim.<br />

Deu também os elementos formadores dos neologismos que o progresso tornou<br />

indispensáveis<br />

O grego medio ou bizantino algumas transmiliu, quando o Baixo Imperio<br />

dominou o Mediterráneo e por ocasiáo das Cruzadas<br />

O grego mo<strong>de</strong>rno também minisirou algumas.<br />

Os elementos do grego antigo sao, no románico, difíceis <strong>de</strong> separar dos<br />

elementos latinos, porque sua introducáo se <strong>de</strong>u principalmente multo cedo,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a época romana (M. Lübke)<br />

Quando o. étimo grego vem através do latim, <strong>de</strong>i sempre a forma latina.<br />

Distinguí, como aconselha Brachet, para os compostos o caso em que estes<br />

já existiam no grego antigo (aristokráteia) daquele em que os comopstos<br />

foram forjados mo<strong>de</strong>rnamente (fotografía) . Neste último caso, é necessário<br />

estudar cada um dos elementos que compoem o neologismo, <strong>de</strong>sconhecido dos<br />

gregos; no primeiro caso, ao contrario, seria fazer a historia da língua grega<br />

<strong>de</strong>compd-los em seus elementos.<br />

Qxiando o étimo grego nao é <strong>de</strong> origem indo-européia, avresento a origem<br />

dada por Boisacq no seu Dictionnaire Etymologique <strong>de</strong> la langue grecqne.<br />

Muitos. vocábulos do medio grego vieram através do árabe.<br />

É sabido que os árabes assimilaram admirávelmente a cidtura grega (Galeno,<br />

Ptolomeu, Dioscóri<strong>de</strong>s, Aristóteles) em seus centros <strong>de</strong> estudos (Bagdá,<br />

<strong>Da</strong>masco, Cairo, Alexandria, Córdova) e tomaram provincias do aaixo Imperio.<br />

Alguns vieram através do espanhol e do francés; nenhum teria vindo<br />

dlretamente<br />

Fol gran<strong>de</strong> a expansáo do Imperio Bizantino nos séculos VI e VII no<br />

Mediterráneo; os bizantinos dominaram territorios da Espanha <strong>de</strong> 554 a 624.<br />

Nos. séculos XII e XIII foram gran<strong>de</strong>s as relacoes entre o oci<strong>de</strong>nte e o oriente<br />

daquele mar. Pois, apesar <strong>de</strong> tudo isto, é escasso o número <strong>de</strong> vocábulos<br />

gregos introduzldos no espanhol, segundo Pidal. Se tal se dá com a Espanha,<br />

nao é <strong>de</strong> admirar que Portugal nao tenha sofrido influencia direta, pois os<br />

bizantinos néle nao dominaram e o seu territorio nao é banhado pelo Mediterráneo.<br />

No esiudo <strong>de</strong> étimos gregos <strong>de</strong> muito proveito me foi o "Vocabulario<br />

do Sr. bardo <strong>de</strong> Ramlz Galváo, o velho mestre que me iniciou nos misterios<br />

<strong>de</strong> urna das mais belas línguas que jamáis falaram os homens.<br />

Procedí a urna verificagáo <strong>de</strong> todos os étimos, relirei alguns vocábulos<br />

<strong>de</strong>rivados, <strong>de</strong> acardo com o plano <strong>de</strong>sta obra, substituí as raizes nomináis<br />

pelas verbais, que me parecem mais significativas, e acrescentei ao patrimonio<br />

helénico 1.667 vocábulos.<br />

(1) V. Diez, "Gr.", I, 51-5, M. Lübke, "Gr.", I, 30-G, Pacheco Júnior, "Gr. H.",<br />

108-9 Pacheco o Lameira, "Gr. Port.", 31-3, Eamiz Galvao, "Vocabulario", Nunes, "Gr.<br />

H.", 421, Rebelo Gongalves, "A Língua <strong>Portuguesa</strong>", I, 37-40, 145-54, 319-26, Mroeau, "Hacines<br />

Grecques", I. Carré, Carré, "Mots <strong>de</strong>rives du latín et du grec".

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!