Dicionario Etimologico Da Lingua Portuguesa, de Antenor Nascentes

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TÁNGER
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mais primitivo dos dialetos gregos, flutuava
a pronuncia entre o ?c e o t (Nouvelles lecons,
lieao 5») . Batista Caetano, Tastevin encontram
a origem cío vocábulo no tupi-gu-arani .
Diz
aquele. Vocabulario, pg. 478: "Como abs. de
ang, .envolver, parece íixado em tang s. envoltorio,
vulgo tanga". Entende que é de origem
a.mericana porque em nenhum dos termos
que em angolense designara' vestuarios se acha
nada que lembre tanga, dado como significado
de "capa" simultáneamente com capote, que e
evidentemente portugués. Como capote é estranho
ao angolense, do mesmo modo lhs parece
que tanga o é. Objeta Macedo Soares que
a idéia fundamental do guaraní ang, fazer sombra,
sombrear, tapar, envolver, é o intangível,
o que se vé mas nao se apalpa, o espirito, a
snrnViva, o fantasma. Traslaticiamente ang
significa "sombra, abrigo fora de sol" e o
verbo ang "envolver, tapar, encobrir com a
sombra, furtar ao sol". Mas, se é daí que vem
tanga, entáo tanga é "ehapéu, guarda-sol, sombrero
(eso.), coisa que tapa fazendo sombra ,
é o que "os guaranis chamara acangaó, lenco
na-cabeca, tapa-cabeca, guarda-cabeea. Ora, a
tanga tapa, é verdade, porque verenda abscondit,
mas nao fazendo sombra, nem cobnndo a
eabeca. Demais, tanga é veste própria da Afinca.
Os negros novos oue chegavam ao Brasil
no temí» da escravidao, vinham de tanga ,e
era o nome que davam a essa tira de paño.
Tanga é palavra nao sonriente da África, mas
também da Asia portuguesa e em todas aspossessoes,
no sentido de "saio, saiote". Naquelas
imensas regióes, sem dúvida menos incultas
que a America, nao haveria voz para aquela
veste, que era dos seus habitantes ? Precisava
que o vocábulo fósse de cá ? Nao é natural,
nao é crível. Ao contrario, melhor se concebe
que com os portugueses e os negros fósse ele
importado para os indígenas, de quem referem
roteiros de viajantes, memorias de missionarios,
etc., tantas, palavras que designam as
mais diversas partes do vestuario, já dos días
comuns, já dos festivos, da paz e da guerra,
e nenhum menciona a .tanga, nem alguma outra
palavra que com tanga se pareca.
TANGENCIA — Do lat. tangentia.
— Do lat. tang ere, tocar; esp.
tañer, it. tanqere . o sentido para
tocar instrumentos e guiar animáis. Nunes,
Gram. Bist., 125 dá um are. fanher, que apresenta
vocalizaeáo do g, se o vocábulo nao
vem do esnenhol.
TANGERINA — De tangerina (laranja),
larania oriunda de Tánger, cidade do norte
da África.
TANGIBILIDADE — Do lat. tangibile, tangível,
e suf. idade.
TANGO — A. Coelho derivou do esp. tango,
que á Academia Espanhola tira do ant. tangir,
tocar ou apalpar. Segundo Renato Almeida, o
nome vem da denominac.ao tan-y ó, que os negros
davam a um dos seus tambores, por onomatopeia,
que muito usaram na nomenclatura
'
dos seus instrumentos, como tanta, braoatá e
outros (A música americana, em Movimento
Brasileiro, ano I, n. 3).
TÁNGOLO-MANGO — Tem as variantes
ianglo-manglai e tangro-mangro; em gal. tángano-mengano.
A. Coelho dá á primeira '
parte
o significado de peca usada em certo jógo dé
rapazes, gancho, e a segunda como afim do
mangra. Houve quero, supusesse palavra africana.
O vocábulo é antigo; figura ñas Ordenacoes,
na Arte de furtar, no Cancionej.ro Geral,
I, 207, sob a forma tengo-mengo. Joao Ribeiro
considerou expressáo de certo jógo em que sa
póem moedas em cima ele ossinhos e depois se
fazem cair: — Tángano (ponho). — Mango
(Sim, quero) . Estar de manga quer dizer concordar.
Manqrar significa corromper-se, mor-,
rer. Ñas poesías populares em que aparece o
vocábulo ha pessoas numerosas que, como as
moedas do jógo, sao sucessivamente abocanhadas
até nao ficar nenhuma. Acha também
possível ver em tengo-mengo as duas formas
verbais tengo, tenho, e «ñengo, minqua-me,
falta-me. Considera também reliquia de urna
forma bárbara latina perdida : tango, eu toco
mangro, eu malogro, ou destruo. V. Frases
Feitas, I. 181, 287, Folh-lore, 258. V. C. Michaelis,
JRL, I, 66.
TÁNICO — De tan, de tanino, e suf. ico.
TANIG&NIO— De tan, de tanino, gen, raiz
do gr. gígnomai, gerar, o suf. ig.
TANINO — Do ir. tanín (A. Coelho), da
al. Tanne, pinheiro (Frisch) ou do baixo bretáo
tanu, carvalho (Littré) ; extrai-se da casca do
carvalho
TAN1STOMO — Do gr. tanyo, estender, e
stóma, boca.
TANJÁO — De tanger; é o que precisa ser
tangido para trabalhar (A. Coelho).
-TANJASNO — De tanger e asno (A. Coelho).
TANOA — Do rad. tan, do baixo bretao
tanu, carvalho (Pigueiredo) . V. Tonel.
TANOEIRO — De um ant. "tonelario, tonoeiro
(C. Michaelis, RE, XIII. 413. Nunes,
Gram. Hist , 58, M. Lübke, REW, 8988).
TANOEÓRMIO — De tan, de tanino, e
form, de formalina, e suf. io.
TANQUE — A. Coelho deriva de estancar,
q. v.; Figueiredo, talvez do marata tanUi. Lokotséh
dá guzerate tanlch, caixa d'ágna.
'
Como carro de assalto vem do ingl. tanh. Nao
se sa.be bern se os portugueses lancaram a
termo para a India, como parece mais provável,
ou se o receberam do guzerate-marata
(Dalgaclo).
TANTA — Do indiano tamtam, onomato-
do barulho déste instrumento (Dalgado,
Lokctsch) . vocábulo foi importado do francés.
Os franceses trouxeram-no do Oriente e
empregaram-no erróneamente^ como nota Littré
no Suplemento, por gong : hacia ou bátega
dos antigos escritores portugueses.
TANTALIO — De Tántalo e suf. io.
TANTO — Do lat. tantu, táo grande, que
substituiu toi; esp., It. tanto, fr. tant. V.
Bourciez, Ling Rom., § 105.
TÁO — Do lat. tam; esp. tan.
TAPA — De tapar (A. Coelho) cfr. tapaboca
ṪAPA-BOCA — De tapar e boca; é urna
pancada na boca, dada com a máo aberta.
TAPADA — Substantivacáo do part. pass.
tapada.
TAPAR
—. Coelho derivou do germánico;
baixo 'al. tam, tapar, rolhar (cfr. iaonpa).
Cortesáo, com dúvida, tira de um b. lat. '
tappare de que dá urna citacáo.
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TAPECAR — Alteragáo de tapizar, iapicar,
(Figueiredo).
TAPETE — Do gr. tapes, tápetos, de provável
origem iránica, segundo Schrader, citado
por Boisácq (cfr. persa mod. taftan, tecar)
TAPIGO — De tapar (Figueiredo)
TAPIOCA — Do guar.
'
tipiog, sedimento,
precipitado, coágulo, de ti, liquido, e p%. pé
(Batista Caetano, Montoya, Reaurepaire Rohaní
Teodoro Sampaio, Tastevin, Lenz, Rodolfo García,
Lokotsch)
TAPIR — Do guar. tapiira, neme genérico
dos mamíferos, fazendo-se a distincáo específica
porrneio de sufixos : tapireté, tapiruss-u.
Tapiira quer dizer semelhante ao tapii, que se
pode interpretar: pelo curto ou ralo {lab, pelo),
doméstico, caseiro (tab, povo), limpa caminho
(tape), etc., mas nenhuma destas explicaeoes
é satisfa-tória (Batista Caetano, Teodoro Sampaio,
Lokotsch)
TAPIROTÉRIO — De tapir e gr. thenon,
fera
TAPIZ •— Do gr. tavetion, dim. de tapes,
tapete, q. v., através do fr. ant. tapiz (A.
Coelho, M. Lübke, REW . 8563, Rebelo Goncalves,
ALP, X, 323). Figueiredo dá um b.
íat. tapitiu como étimo. Cortesáo o latim tapetiu.
Seelmann, Ausspraclie des Laiein, luí,
explica o i por influencia de fonema próximo.
Pidal, Gram. Hist. Esp., § 4, e Rebelo Goncalves,
loe. cit., explicara pelo iotacismo do
grego medieval, o que é mais razoável.
'
TAPOTOPATIA — Do fr. lapoletcr, dar
tapas, gr. path, raiz de páscho, sofrer, e sufixo
ia
TAPTJLA — - Do lat. tapulla.
TÁPSIA — Do gr. thapsía pelo lat. thapsia,
certa cana-frecha
TAPULHO — A. Coelho derivou de tapar.
e suf. ulha; Figueiredo, do esp. tapujo.
TAPUME — Be tapar o suf. ume.
TAQUEOMETRIA — Do gr. tachys, rápido,
metr, raiz de melréo, medir, e suf. ia.
TAQUE-TAQUE — Onomatopeia.
TAQUIAFALTITA — Do gr. tachys, rápido,
áphaltos, que salta, e suf. ita.
TAQUICARDIA — Do gr. tachys, rápida,
e lio,rdía, coracáo.