Dicionario Etimologico Da Lingua Portuguesa, de Antenor Nascentes
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
.<br />
.<br />
.<br />
.<br />
.<br />
.<br />
Aljofre 20 Almocela<br />
166. Bernardos, em Nova Floresta, liga ao nome<br />
do porto <strong>de</strong> Julfar, na Pérsia.<br />
ALJOFRE — .'-V. Aljófar.<br />
ALJORCES — Do ár. aljaras, campainha.<br />
A. Coelho dá aljorzes.<br />
ALJUBA Do ár. aljubba.<br />
ALJÜBE — Do ár. aljubb, poco, cfr. algibe.<br />
ALJUZ — Pcnsa A. Coelho que a palavra<br />
<strong>de</strong>ve ter <strong>de</strong>signado primeiro a planta <strong>de</strong> quo<br />
se exlrai a resina. O espanhol tem aljonje, ajonje,<br />
que a Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong>riva do lat. axungia,<br />
ungüento gorduroso. Além do significado <strong>de</strong>sta<br />
resina, tem o da planta produtora. Engelmann<br />
tira do ár. aljuljulan, que <strong>de</strong>u o esp. aljonjolí,<br />
ajonjolí.<br />
ALMA — Do lat. anima.; esp. alma, it. anima,<br />
Ir. ame. Houve dissimilacáo das nasais<br />
n — m = 1 — m: a-n'ma = alma. V. Nunes,<br />
Gram. Hist., 149, pela dificukla<strong>de</strong> da pronuncia<br />
do grupo, V. Lindsay, The Latín la.ngua-ne,<br />
pg. 170.<br />
ALMACAVE V. Almocávar.<br />
ALMACEGA — Do ár. almostanca, tanque<br />
em Devic (Eguilaz) ; Dozy tira do maskaba,<br />
<strong>de</strong>rramar agua, com apócope da ultima sílaba,<br />
dai "almasca, almarga, o que A. Coelho acha<br />
perfectamente admissivel.<br />
ALMACO — De a-lo-ma.cc, por alusáo ao<br />
ALMÁDENA — Do ár.<br />
modo <strong>de</strong> se fabricar o papel" (Figueiredo)<br />
almadne.<br />
ALMADIA — Do ár. almadija, barca para<br />
travessia do um rio. Diz <strong>Da</strong>lgado, I, 25, b, do<br />
Glossário, que o vocábulo, ainda usado em land4m,<br />
estava em voga na África Austral ao<br />
tempo dos <strong>de</strong>scobrimentos portugueses.<br />
ALMADRABILHA — Dim. <strong>de</strong> almadraba<br />
por almadrava.<br />
ALMADRAQUE — Do ár. almatra-h, 'lugar<br />
on<strong>de</strong> se atira alguma coisa, coxim.<br />
ALEADRAQUEXA — Do almadraque (Lokotsch)<br />
ALMADRAVA — Do ár. almadraba, redo<br />
para pescar atum. Eguilaz tira o voc. da raíz<br />
duraba, ferir, porque, ai encerrados os atuns,<br />
feriam-nos para matar. Dozy prefere ligá-lo a<br />
mathraba, lugar em que se estaqueavam as<br />
z'e<strong>de</strong>s<br />
ALMAFACE — V. Almofaga.<br />
ALMAFEGA — Do ár. almarfaka.<br />
ALMAFRE — Do ár. almigfar.<br />
ALMAFREIXE — V. Almofrcixe.<br />
ALMAGRA — Do ár. almagra, térra vermelha.<br />
ALMAGRE — V. o proce<strong>de</strong>nte.<br />
ALMANAQUE — Do ár. almanalch, lugar<br />
on<strong>de</strong> a gente manda ajoelhar os camelos; da!<br />
contó, que neste lugar se ouve, o finalmente<br />
calendario. Eguilaz dá o lat. manaehus (circulus'),<br />
empregado por Vitrúvio no sentido <strong>de</strong><br />
círculo <strong>de</strong> um meridiano que servia para indicar<br />
os meses. No baixo lat. aparece almanachus e<br />
no baixo grego almanako-n, nome dado por Eusébio<br />
a calendarios egipcios. Er.gelmann salienta<br />
que calendario em árabe é taqwim.<br />
ALMANDINA — Do lat. alabandina, scilicet<br />
gemma, pedra preciosa <strong>de</strong> Alabanda, cidado<br />
da Caria, na qual se polia a granada siria (Karsten,<br />
apud Hoei'er, Histoire <strong>de</strong> la Bolanique, pg.<br />
338)<br />
ALMANDRA — Eguilaz, citando um documento<br />
do Pedroso que veril em Viterbo, tira o<br />
voc. do ár. almanta, chlames. R. Martin <strong>de</strong>riva-o<br />
do lat. muntv.m, que se encontra em Sto.<br />
Isidoro, gr. mandya ou mandye, ou <strong>de</strong> alma-ndil,<br />
do lat. mantele ou mantile. G. Viana Ap I<br />
50, rejeita almanta porque nao explica o d nem<br />
o r; liha o voc.<br />
a alma(.n)trixa.<br />
ALMANJARRA — Do ár. almajarra, viga;<br />
o n e urna contaminacao do m (Cornu, Port.<br />
Spr., § 151; Nunes, Gram. Hist 175)<br />
ALMANXAR — V. Alma-zar. O n é contaminacao<br />
do m.<br />
ALMARADA Do ár. almukhraz, furador.<br />
ALMARAZ — O mesmo que almarada<br />
(Eguilaz).<br />
ALMÁRFEGA — Do ár. almarfaga, travesseiro.<br />
V. Nunes, Gram. Hist., 163; cfr almalegaȦLMARGEAL<br />
De almargem.<br />
ALMARGEM — Do ár. almarj, prado<br />
'<br />
especialmente<br />
o inundado.<br />
ALMARRAXA — Do ár. ajmirrashsha.<br />
ALMATRÁ<br />
—. V. Almadraque.<br />
ALMATRIXA — Contragao<br />
<strong>de</strong> almadraquexa,<br />
(Dozy, Lokotsch) . Eguilaz eré que seja mantilha<br />
com síncope do n, insercáo <strong>de</strong> um r eufónico<br />
e acréscimo do art. G. Viana, Ap., I, 50,<br />
diz que o étimo ainda está por averiguar, apesar<br />
do aspecto arábico.<br />
ALMAXAR — Do ár. almisharr, <strong>de</strong>rivado<br />
do radical sharra, expor ao sol para secar (Moura)<br />
;<br />
cfr. o espanhol almijar. Sousa, Dozy, Eguilaz<br />
propen<strong>de</strong>m para o ár. almanshar, <strong>de</strong>rivado<br />
do radical jiashara. esten<strong>de</strong>r, esten<strong>de</strong>r para secar<br />
(Eochtor). V. G. Viana, Ap., I, 51.<br />
ALMEA — Do ár. alma.ia, estoraque. Há<br />
outro almca que é galicismo. V. G. Viana, Ap.,<br />
ALMECE — Do ár. almeiz, soro <strong>de</strong> leito.<br />
ALMiiCEGA — Do ár. almasteca. V. Nunes,<br />
Gram. Hist., 1C3.<br />
ALMEDINA — Do ár. almedina, a cida<strong>de</strong>.<br />
ALMEICE V. Almece.<br />
ALMEIDA — Do ár. almadin, mina? (Fi-<br />
ALMEIRAO — Do ár.<br />
gueiredo)<br />
granadino alam(.a)irou,<br />
<strong>de</strong>rivado do latim amanes, amargo (Simonet,<br />
Meyer-Lübke, REW, 406).<br />
ALMEITIGA Do ár. almita'a.<br />
ALMEIZAR — Do ár. almizar.<br />
ALMEJAR — De alma o<br />
ALMENA — Do ár.<br />
suf. ejar.<br />
ALMENARA — Do ár.<br />
almena, <strong>de</strong> origem assiria<br />
através do gr. mnd (Eguilaz, Lokotsch).<br />
alminara-, lugar on<strong>de</strong><br />
o fogo ou a luz está, a torre da mosquita (em<br />
persa e em turco minaret).<br />
ALMENDRILHA — Do esp. almendrilla,<br />
a.mendoazinha?<br />
ALMENILHA — Do esp. almenilla,<br />
ALMEXAR V. Almaxa.r.<br />
ALMEXIA — Do ár. almehshia, forma espanhola<br />
por mihshá.<br />
ALMEZ — Do ár. almais.<br />
ALMIARA — Do lat. metaris, cónico, piramidal,<br />
<strong>de</strong> meta, moda, atravez do árabe?<br />
(Eguilaz)<br />
ALMIAZAR — V. Almeizar.<br />
ALMILHA — Para A. Coelho vem do lat.<br />
amiculu, dim. <strong>de</strong> amictu, através <strong>de</strong> amilh-a.<br />
Figueiredo o Cortcsíio tiram o voc. <strong>de</strong> alma.<br />
Este apela para o esp. almilla, que a Aca<strong>de</strong>mia<br />
Espanhola <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> alma, e para os diversos<br />
significados da palavra alma.<br />
ALMINA — Do ár. alminá, porto <strong>de</strong> mar<br />
(Eguilaz)<br />
ALMIRANTE — Do ár. amir ar-rahl, comandante<br />
do transporte (Eguilaz, Lokotsch)<br />
O al vem da analogía com as numerosas palavras<br />
do origem árabe assim comecadas e o<br />
final é urna etimología popular calcada no participio<br />
presente latino. Era quem comandava a<br />
frota que servia para as comunicacóes entre o<br />
norte da África o a Andaluzia. Engelmann aceita<br />
a suposieáo <strong>de</strong> que ao ár. amir so seguisse o<br />
complemento al-bahr (comandante), sobre o mar<br />
<strong>de</strong>pois supresso. Dozy e Littré contradizem esta<br />
hipótese, pois nao explica a terminacáo portuguesa<br />
nem a espanhola, e porque as diversas<br />
formas medievais significavam também comandante<br />
sobre a térra. Dozy e Diez explicam<br />
pelos sufixos latinos alis o alius as formas amiral<br />
(fr.) e ammiraglio (it.). A. Coelho, para<br />
explicar a port., recorre a um verbo "almirar,<br />
que tivesse significado comandar. Cristóváo Gebhardt,<br />
no programa cié 1912 do Ginásio <strong>de</strong><br />
Greiz, estuda o caso <strong>de</strong> novo, apelando para<br />
a expressao amir-amiran, emir dos emires, forma<br />
híbrida ár. persa que parece ter sido insubsistente<br />
e quo apresentaria inexplicável contragao.<br />
ALM1SCAR — Do persa muslik (sanscr.<br />
música-, testículo) através do ár. almisk<br />
ALMISCRE — V. Almíscar; epéntese do r<br />
(Nunes, Gram. Hist., 183).<br />
ALMIXAR — V.' Almaxar.<br />
ALMO — Do lat. almu.<br />
ALMOCAEALA — V. Almucábala.<br />
ALMOCÁBAR — Do ár. almalcabara, cemitério.<br />
O m labializoou o a (Nunes, Gram I-lint<br />
.<br />
164).<br />
'<br />
.<br />
ALMOCADEM — Do ár. almúkaddam, capitáo<br />
<strong>de</strong> navio.<br />
ALMOCAFRE — Do ár. almahafir (plural<br />
<strong>de</strong> almihfar), picareta; o m labializou o a (Nunes,<br />
Gram. Htst., 164).<br />
ALMOCÁVAR — - V. Almocábar<br />
ALMOCAVE — V.<br />
Almocávar.<br />
ALMOCELA — Do ár. almusalla, tapete sobro<br />
o qual se reza (Lokotsch, 1511 a) Os autores<br />
costumam confundir com almucela, que<br />
tem significado e étimo diferentes.