17.06.2016 Views

Dicionario Etimologico Da Lingua Portuguesa, de Antenor Nascentes

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

. Gram.<br />

Aca<strong>de</strong>mia<br />

.<br />

.<br />

Escozipar 187 Esíalerotoci<br />

ESCOZIPAR — De escozor (Leite <strong>de</strong> Vasconcelos,<br />

Opúsculos, I, 438).<br />

ESCRAVO — Do medio gr. sclavu em sua<br />

forma latinizada, através do it. schiavj (M.<br />

Lübke, REW, 8023). O étimo é alteracao <strong>de</strong><br />

eslavo, nome <strong>de</strong> um ramo da raca branca.<br />

No' grupo inicial si a sibilante passóu a cíñante,<br />

transcrita a principio se e <strong>de</strong>pois assim<br />

pronunciada (M. Lübke, Gram. I, 41). Fouché,<br />

E' tu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> phonétiqne genérale, 54, 78, explica<br />

a transiormacao do grupo si em sel através<br />

<strong>de</strong> stl. A palavra escravo lembra as guerras<br />

travadas pelos francos com esses povos<br />

da Europa oriental que em sua língua se chamavam<br />

os bri-lhantes, os ilustres, os Eslavos,<br />

e que os inimigos que os captufavam aos miniares<br />

chamavam esclavóniós ou esclavos, <strong>de</strong><br />

modo que, por cruel ironía da sorte, este<br />

nomo' glorioso tornou-se um dos mais miseráveis<br />

das línguas mo<strong>de</strong>rnas (<strong>Da</strong>rmesteter,<br />

Vie <strong>de</strong>s mots, 94). 1C a mesma palavra que<br />

csclavdo, c tomou esta accepeáo em virtu<strong>de</strong><br />

do terem sido cativados os esclayoes que escaparan!<br />

ao exterminio, que, no IX e no X<br />

sáculos, lhes foi infligido pelos exércitos <strong>de</strong><br />

Carlos Magno e <strong>de</strong> seus sucessores (Nyrop-<br />

Vogt, <strong>Da</strong>s Leben <strong>de</strong>r Worter, pg. 108, apud<br />

G. Viana, Ortografía Nacional, 428). No port.<br />

ant. se dizia cativo-. A palavra escravo é mo<strong>de</strong>rna<br />

(c£r. Gama Barros, Historia da administragdo<br />

pública em Portugal, II, 24, nota<br />

4). Segundo Pedro <strong>de</strong> Azevedo, Arqwivo Histórico<br />

Portugués, I, 290, o texto maís antigo<br />

em que ela aparece é <strong>de</strong> 1462 (cfr.' todavía<br />

F. <strong>de</strong> Almeida, Historia <strong>de</strong> Portugal, I, 400,<br />

nota 1). A par <strong>de</strong> escravw aínda aparece a<br />

forma esclavo (Leite <strong>de</strong> Vasconcelos, Antroponimia<br />

<strong>Portuguesa</strong>, 364). Consultem-se G.<br />

Viana, Ortografía Nacional, 106, Larousse,<br />

Stappers, Diez, Gram. I, 61, 293.<br />

ESCREVANINHA — "Deve vir <strong>de</strong> e s crivauia,<br />

que coexiste com ela; o n nasalou o<br />

i, <strong>de</strong>senvolvendo-se <strong>de</strong>pois nh; cfr. mió (til no i),<br />

ninho. O esp. tem escribanía "papelera". -Escrivania<br />

é um nome em ia, corerspon<strong>de</strong>nte a<br />

escrivao (<strong>de</strong> scriba-anis REW, 7744). (Leite<br />

<strong>de</strong> Vasconcelos, Opúsculjs, I, 520): V. Cornu,<br />

Port. Spr., § 151. A. Coelho tirou <strong>de</strong> escrivano,<br />

forma fundamental <strong>de</strong> escrivao e suf. ¡a.<br />

ESCREVER — Do lat. scribere; esp. escribir,<br />

it. scrívere, fr. écrire.<br />

ESCRIBA — Do lat. scriba, escrivao público<br />

ĖSCRIBOMANIA — Do lat. scrib, raíz <strong>de</strong><br />

scribere, escrever, e gr. manía, loucura. Devia<br />

ser grafomanía, todo grego.<br />

ESCRINIO •— Do lat. scrimiu.<br />

ESCRIVAO<br />

—• Do lat. scriba, scribanis<br />

(3.i <strong>de</strong>clinacáo e nao 1.'.'); esp. escribano,<br />

it. scrivano, fr. écrivain (escritor); v. M.<br />

Lübke, Introdugáo, § 153, REW, 7744.<br />

ESCROB1CULO — Do lat. scrobiculu.<br />

ESCRÓFULA — Do lat. scrofula (alias<br />

plurale tantum), dim. <strong>de</strong> scrofa, porca; em<br />

razao <strong>de</strong> tumores g'ianglionares análogos aos<br />

que o porco apresenta (Larousse, Moreau,<br />

21) ou á imundieie <strong>de</strong>sses tumores (Wal<strong>de</strong>).<br />

Cfr. Alporca, Alopecia, etc.<br />

ESCRÚPULO — Do lat. scrupulu, pedrinha.<br />

ESCROTO — Do lat. scrotu, bolsa; esp.<br />

escroto.<br />

ESCROTOCELE — De escroto e gr. hele,<br />

tumor, hernia;" seria melhor osqueocele, todo<br />

grego.<br />

ESCRÚPULO — Do lat. scrupulu, pedrinha<br />

usada para pesar a vigésima quarta parte<br />

da onca. Passou <strong>de</strong>pois a significar a honestidado<br />

do negociante que nao quería causar<br />

ao fregués o menor prejuízo no peso da mercaduría,<br />

generalizando <strong>de</strong>pois o sentido.<br />

ESCRUTAR — Do lat. scrutare por scrutari,<br />

sondar, remexer.<br />

ESCÚDELA — Do lat. scutella; esp. escudilla,<br />

it. sucu<strong>de</strong>lla, fr. écuelie. O étimo tomou<br />

u longo, que ', <strong>de</strong>u u, por cruzamento com<br />

scutu, escudo, provávelmente por compafacáo<br />

do objeto com um escudo arqueado (Nunes,<br />

Gram. Hist. Port-, 155, M. Lübke, Introdugáo,<br />

§ 142 Clédat).<br />

ESCUDO<br />

—• Do lat. scutu; esp. escudo,<br />

it. scudo, fr. ccu.<br />

ESCULÁCEA — Do lat. - aesculu, carvalho<br />

que da bolotas comestiveis, e suf. ácea.<br />

ESCULAPIO — De Esculapio, <strong>de</strong>us da<br />

medicina na mitología greco-romana.<br />

ESCULCA — Cortesáo tira <strong>de</strong> um lat.<br />

sculca. Em Vegécio aparece sculiator, contragáo<br />

<strong>de</strong> auscultator. O esp. tem esculca,<br />

'<br />

que a Espanhola tira <strong>de</strong> esculta',<br />

do lat. sculta; em ingl. to sculk, escon<strong>de</strong>r-se'<br />

M. Lübke, REW, 802, cita Romanía, XXXVII,<br />

460, a propósito da relacáo do pisano-luquensa<br />

scolca ao lat. exculcator.<br />

ESCULENTO — Do lat. acscuientu.<br />

ESCÜLICO — Do lat. aesculu, carvalho<br />

que da bolotas comestiveis, e suf. ico; é extraído<br />

do fruto do castenheiro-da-India (Aesculus<br />

hippocastanus)<br />

ESCULINA — Do lat. aesculu, carvalho<br />

que dá bolotas comestiveis, e suf. íha; é extraído<br />

da casca ou do fruto do castanheiroda-India<br />

(Aesculus hippocastanus)<br />

ESCULPIR — Do iat. sculpcre.<br />

ESCUMA — Do gei-in. skuma ; it. svli-iuma,<br />

fr. écume (al. Schaum).' V. Diez Gram<br />

I, 286, M. Lübke, REW, 8013, Nunes Gram.<br />

Hist. Port., 162, 179). No sentido <strong>de</strong> materia<br />

prima <strong>de</strong> piteiras tem origem interessante.<br />

Kummer, fabricante alemao, aproveitando-se<br />

das incombustibilida<strong>de</strong> o leveza do silicato <strong>de</strong><br />

magnesia, com ele ,fez cachimbos c piteiras. Os<br />

franceses chamavam a ésses cachimbos pi2ies<br />

<strong>de</strong> Kummer, <strong>de</strong>pois, por analogía, piq>c$ ¿¡.'<br />

écume <strong>de</strong> mer, <strong>de</strong> que íizemos cscuma do mar,<br />

ou- simplesmente escuma. A torga do nome foi<br />

tal que os próprios alemáes mais tar<strong>de</strong> passaram<br />

a dizer Meerschaum, escuma do mar<br />

(Vendryes, Le ; Langage,<br />

213).<br />

ESCUNA — Do hol. schooner a Aca<strong>de</strong>mia<br />

Espanhola <strong>de</strong>rivou o esp. escuna. Bonnaffé<br />

dá um ingl. schooner.<br />

ESCURO .— Do lat. obscuru; esp. obscuro,<br />

ant. escuro,' it. oscuro, fr. obscur. Na<br />

queda do b Pidal senté atracao <strong>de</strong> palavras<br />

latinas comecadas por se. como scribere. por<br />

exemplo (Gram. Hist. Esp., § 39) ; Nunes,<br />

Hist. Port., 60, também vé analogía;<br />

Cornu, Port. Spr., § 96, vé a acao da sibilante.<br />

ESCURRIL — Do lat. scurrile.<br />

ESCUSO — Do lat. absconsu, escondido<br />

(Joáo Ribeiro, Gram. Port., 123, Nunes, Gram.<br />

Hist. Port., 60, 147) . Are. escoso: outros 2Jr¿-<br />

rentes teuere en seu po<strong>de</strong>r 'manceba escosa...<br />

(Tradueáo portuguesa do Fuero Real <strong>de</strong> Afonso<br />

X, 'apud Nunes, Crestomatía Arcaica, 13).<br />

Nunes vé no es analogía o o = u por metafonia.<br />

Cfr.<br />

Esconso.<br />

ESCUTAR — Do lat. ascultare por auscultare;<br />

esp; escuchar, ant. ascuchar, it. asaltare,<br />

fr. écouter, ant. ascouter. Are. ascuytar,<br />

escuitar: Filho, ascuyta os preceptos do<br />

meestre (Inéditos <strong>de</strong> Alcobaea, I, p. 2-19). Kouve<br />

dissimilacá.o, que do au— ú fez a—-ú; o l<br />

vocalizou-se; uí reduziu-se a u (cfr. chuva) ;<br />

as <strong>de</strong>u es por analogía com outras palavras<br />

ou troca com o prefixo ex ou por influencia<br />

da sibilante (M.- Lübke, Introdugáo, § 112,<br />

Nunes, Gram. Hist., Port., 60, 77, Cornu,<br />

Port. Sin:, § 32, 37, 96, Pidal, Gram. Hist.<br />

Esp., § 17).<br />

ESDRÜXULO — Do it. sdrucciolo, escorregadio.<br />

A Aca<strong>de</strong>mia Espanhola reconhece esta<br />

origem para o esp. esdrújulo.<br />

ESPACELARlNEA — Do gr. sphálcelos,<br />

gangrena, que formou o lat. científico Sphacelaria,<br />

nome do género típico, e suf. inea.<br />

ESFACELAR — Do gr. sphálcelos, gangrena,<br />

e <strong>de</strong>sin. ar; a gangrena <strong>de</strong>strói os<br />

tecidoS.<br />

ESFÁCELO — Do gr. sphálcelos, gangrena.<br />

ESFAGNACEA. — Do gr. sphágnos, especie<br />

<strong>de</strong> liquen, e suf. ácea.<br />

ESFAIMAR — Por esfamear, do pref. es,<br />

fame, antiga forma <strong>de</strong> jome, e <strong>de</strong>sin. ar. (A.<br />

Coelho, Leite <strong>de</strong> Vasconcelos, Ligóos <strong>de</strong> Filología<br />

<strong>Portuguesa</strong>,, 194, Nunes, Gram. Hist-<br />

Port., 151), Houve atracao do e. O verbo esfamear<br />

é atestado por Cardoso, Dic, Lusit-<br />

Lat., pg. 44, ed. <strong>de</strong> 1570; está representando<br />

em mirandés pelo part. sfamiado e pelo esfamiado<br />

no portugués dialetal do Brasil.<br />

ESFALERITA — Do gr. sphalerós, escorregadío,<br />

e suf. ita. V. Blenda.<br />

ESFALEROTOCIA — Do gr. sphalerós, engañador,<br />

tókos, parto, e suf. ia.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!