Dicionario Etimologico Da Lingua Portuguesa, de Antenor Nascentes

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Quasímodo 426 — Queihr,
Gram. Bist., 94): Que casy todos o avyam por
maravilha (Azurara, Crónica de Guiñé, pg. 21).
QUASiMODO — De Quasi modo, palavras
latinas que comecam o introito da missa déste
domingo da oitava da Páscoa.
QÜASSAGAO — Do lat. quassai-ione.
QUÁSSIA — De Quassy, nome de um negro
feitieeiro de Surinam, o qual em 1730 descobriu
as propriedades desta planta (Pacheco
o Lameira, Gram. Port., 336, Petrocchi, Glédat,
Lokotsch) levou o caso ao conhecimento
de Linneu e desde 1761 data a designa-
.
cao científica.
CUATERNARIO — Do lat. quaiemanu.
QUARTBRNIÁO — Do lat. quaterni (A.
Coelho) ; é um bálsamo, composto de quatro
ingredientes.
QUATERNO — Do lat. quaternu, de quatro
em quatro.
QUATORZE — Do lat. quattuordecim; esp,
catorce, it. quattordici, fr. quatorze. Em port.
catorze (Nunes, Gram. Hist., 94, 150) ; no Brasil
quatorze por influencia de quatro ou da
escrita. V. M. Lübke, Gram-, I, 53o.
QUATRALVO — De quatro e alvo; tem
malhas brancas até os joelhos.
QUATRÍDUO — Do lat. quatriduu.
QUARTRILIAO — De quatro e suf. ih ao,
de milliao, senáo adaptacáo do fr. quattrillon
(Figueiredo).
QUATRIM — Do esp. cuatrín (Sortesáo)
é urna antiga moeda espanhola (Academia Espanhola).
.
.
QUATRINCA — Do esp. cuatrinca (Corte-
QUATRO — Do lat. quailor, quator, por
sáo). A. Coelho tirou de quatro.
quaituor (Corpus Inscríptíonum Latinarum, VI,
13302 VIII, 8798, IX, 3437, X, 0939, M. Lübke,
Gram., I, 450, 493, Bourciez, Ling. Rom., §§
52, 99, Seelmann, Aussprache, 218, Ernout, Morphologie
historique du latín, 156, Cortesáo, Nunes,
Gram. Bist., 206). Esp. cuatro, it. quaUro,
ir.
quatre.
QUATRO-CANTINHOS — Brinquedo em que
quatro pessoas ocupam os cantos e urna quinta
o centro de urna extensáo. A do centro procura
ocupar um dos quatro cantos quando as outras
eíetuam trocas de posicáo entre si. No Brasil
diz-se quatro-cantos
QUATROCENTOS — De quatro e centos.
QUATUÓRVIRO — Do lat. quaituorviru.
QUE — 1 (nron. relat.): Do lat. qui, quid.
V. Diez, Gram, II, 88, M. Lübke, Gram., II,
143, Bourciez, Ling. Rom., §§ 104, 224, Nunes,
Gram. Ilist.,- 260, G. Viana, Apost., II, 309,
A. Nascentes, O Idioma Nacional, IV, 79).
Diez cita urna forma arcaica, qui num texto
jurídico citado por Viterbo, mas Leite de Vasconcelos,
Ligoes de Filología Portuguesa, 64,
considera latinismo, pois logo a seguir vem
que em portugués puro. Esp. que, it. che, fr.
qui, que. — 2 (conj. integrante): reducáo vocálica
do are. ca,, do lat. quia (Nunes, Gram.
Hisi., 363, n. 1, C. Michaelis, Glossário do
Cano, da Ajuda, Bourciez, Ling. Rom-, § 254).
V. Vulgaia, S. Joáo, VIII, 54, S. Mateus, IX,
2S, S. Marcos, VI, 15. G. Viana, Apost., II,
309, derivou de quod. Esp., fr. que, it. che.
— 3 (conj. causal): reducáo vocálica do are.
ca (C. Michaelis, op. cit., Nunes, Gram. Bist.,
363, M. Lübke, Gram-, III, §563, REW, 6954),
do lat. quia; esp. -fr. que, it. che. — 4 (conj.
comp.) : vocálica do are. ca, do lat.
quam (C. Michaelis, '-op. cit., Nunes, .Gram.
Hist-, 363, Digressoes Lexicológicas, 174, M.
Lübke, REW, 6928, G. Viana, Apost., II, 309).
— 5 — Na locucáo outro que tal Julio Moreira,
Estudos, I, 54, e G. Viána, Apost-, II, 309,
entendem que o que vem do lat. aeque, igualmente.
QUEBRANTAR — Do lat. crepantare, factitivo
de crepare,. quebrar, cfr. levantar e levar
(M. Lübke, REW, 2312, C. Michaeelis, Glossário
do Canc. da Ajuda). Esp. quebrantar, fr. ant.
cravanter.
QUEBRAR — Do lat. crepare, estadar,
romper com estrépito ; esp quebrar, ít. crepare
(fender-se), fr. crever (arrebentar), gal. ere'
bar. Houve metátese (Nunes, Gram. Hist.,
151); o galego, o esp. ant. (Pidal, Gram. Bist.
Esp., § 39) e o dialeto minhoto (G. Viana,
Apost., I, 338) apresentam a forma sem ela,
crebar. Are: A ferradura, que ante IX dias
crebaret (Leges, pg. 575-A. 1188-1230).
QUECHE — Cortesáo derivou do esp. queche,
de origem- inglesa. Figueiredo, citando M.
de Aguiar, Dicionário de lilarinha, tira do ingl.
kectit.
QUEDA
—• Forma contrata de caída (cfr.
esp. caída e port. recaída, descaída (G. Viana,
Apost-, II, 311). Cornu, Port. Spr., §s 3
e 258, deriva. do lat. cádita, através de caeda,
queeda; A. Coelho aceita cádita. Caeda aparece
na Crónica da Ordem dos Frades Menores,
II, 98, supondo Nunes um part. pass. are.
caedo (Gram. Bist., 325, Crest. Are, 592).
Deytarey este templo dant a minha face, e as
vossas queedas seram em jalar a todas as iiagoens
do mundo (Inéditos de Alcobaca, " 3.?, pg
17)
QUEDAR — Do lat. "quetare por quietare,
descansar (M. Lübke, REW, 6956, Iniroducáo',
§ 100); esp. quedar (ficar), it. cheiare .(sossegar)
.
QUEDIVA — Do persa lihudaiw, pequeño
deus, vulgar Jchudiw, título concedido pela Porta
ao viee-rei do Égito (Lokotsch) . tira
do turco-persa e vé na forma quediva em vez
de jediva (esp.) influencia francesa. G. Viana
grata quedive.
QUEDO — Do lat. quetu, quieto, ern vez
le quietu (Corjms Inscriptionum Latinarum,
VIII, 8128, M. Lübke, Gram-, I, 7, 86, Introdugao.,
§ 100, REW, 6958, Nunes, Gram. Hist.,
94," Bourciez, Ling. Rom., § 52, Cortesáo); esp.
quedo, it. cheto, fr. coi.
QUEFAZER — De que e fazer.
QUEFIR — Do fi'- kéfir, de possível origem-.
russa.
QUEFIROTERAPIA — De quefir, q. v., e
"
gr. therapeía, tratamento. -
QUEIJADILHO — Corruptela de- quejadilho
(V. P. Coutinho, Flora, 466), .corruptela de
cajadilho (Figueiredo).
QUEiJO — Do lat. caseu; esp. queso, it.
cacio. Pidal, Gram. Bist. Esp., § 9, admite
urna forma "caisu. Cortesáo cita as formas".
queiso e queso: In anafaga, et in sal, el in
queyso (Leges, pg. 843-A. 1188-1230). Quod
ceperint faceré queso vel manteca (Legés, pg.
762-A. 1180-1230.
QUEIMAR — Do .lat. cremaré (A. Coelho,
Cornil, Otoniel Mota, O meu idioma, 227, C.
Michaelis, Glossário do Canc. da Ajuda) ; esp
'quemar, fr. ant.: cramer: Cornu, Port. Spr.,
§§7 e 142, admite a serie *cermar,' "celmar,
''Tceumar, leeimar e manda ver Ascoli, Archivio .,
Glottologico Italiano, XI, 447. C. Michaelis aceita
a influencia de calmare. M. Lübke, Gram.,
I. 47, REW, 2309, acha pouco verossimil a queda
do r e sem explicacáo do ditongo portugués;
que Otoniel alongamento
: do e: Pidal,;
Gram. Hist: Esp-, § 39, cita um esp. ant.
cremar. Cortesáo dá: Qui quemare prado.. .í
(Leges, pg. 756).
QUBIXAL — De queix'o e suf. al., scillcet
dente.
QUEIXAR — Do lat. coaxare, crocitar,
grasnar (M. Lübke, -REW,- 2007, C. Michaelis,
Glossário do Canc. da Ajuda, Mario Barreto,
RFP, II, 104). M. Lübke acha "fonéticamente
impossíveis o lat. quaestare (Diez, Dio. ,479) e
"quaestiare (JZeitschrift rom. Phil., V, 247).
A. Coelho, que no Dicionário dá questare,' no
Suplemento apresenta a forma ^capsare—cavpsare
de Cornu, Port. Spr., § 3. Cortesáo repete
o "quaestiare que M. Lübke apresentara
em Gram., II, 657. A Academia Espanhola
para o esp. quejar dá o lat. quaxare, grasnar
como as ras.
QUEIXO — Do lat. capsu, caixa do_ carro
(Cornu, Port. Spr., §§ 3 e 229, M. lÁibke,
1660, C. Michaelis, Glossário do Canc.
da Ajuda, A. Coelho); esp. quijada (forma
derivada), it. casso (caixa do peito), fr. ant.
chas (sala abobadada no andar terreo), mod.
(fundo de agulha).
QUEJANDO — Do lat. quid geniiu (Diez,
Dio., 776, Cornu, Port. Spr.; § 106, Nunes,
Gram. Hist., 262, A. Coelho). M. Lübke, RE W,
3734, acha difícilmente possível este étimo. Julio
Ribeiro, Gram. Port., 192, tirou do fr. ant.
gent, gentil, belo. Are. quegendo: estqmce
emtemdeo quegendas eram (Crónica del Reí dom
Joam de boa memoria, apud ¡ Crest.
Are, 198). .
QUELHA— Do lat. canalicula (Diez, Dio-,
436, A. Coelho, Cornu, Port. Spr., §§ 122 e 258,
M. Lübke, REW, 1567, Nunes, Gram. Hist.,
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