Dicionario Etimologico Da Lingua Portuguesa, de Antenor Nascentes

.dúvida,
.
enydrís,
Enfisema 174 Junojar
ENFISEMA — Do gr. emphysema, infiltracáo
de ar.
EÑFITEUSE — Do gr. emphyieusis,
enxertia, implantacáo, pelo lat. emphyteuse
O enfiteuta tem a faculdade de plantar e a
certeza de gozar do produto de suas plantaeoes.
*
ENFITIA — Do gr. en, em, phytós, planta
e suf. ia. Existe já formado em grego
emphyteía, cora o sentido de enxertia; mas
o voeábulo portugués é moderno e calcado em
enzootia.
ENPRÁCTICO — Do gr. emphraktikós,
próprio para obstruir.
ENFRAXIA — Do gr. émphraxis , aguo
de obstruir, e suf. ia.
ENFUNAR — A. Coelho prenda ao lat.
¡une, corda, ¡ e diz que e propriamente retesar
a vela corh cordas para que o vento
a ' encha.
ENGACO -- Tem dois significados: parte
do cacho de uvas, depois de tirados os
bagos, e ancinho, que Figueiredo considera
antiquado. Leoni, Genio da Eingua Portuguesa,
I¡ 137, tira de enga e .ago\ M. Lübke,,
REW, 4017, dando o significado de rede para
pesca de marisco, tira, juntamente com o esp.
angazo, do lat. "liamica, anzol.
ENGAJAR — A. Coelho tira do fr. engager
mas parece que é formacáo portuguesa , calcada
no arcaico gage, penhor.
ENGALFINHAR — A. Coelho prende,
cana
; a golfinho. Figueiredo compara
cora, engaliar-se, talvez de galo. G, Viana,
Apost. I, 488, relaciona com gafa, gancho,
conquanto ache difícil de explicar a introducáo
do Z.
ENGAÑAR — Do lat. "ingannare' (M.
Lübke, REW, 4416) ; esp. engañar; it. ingannare.
Diez, Gram., I, 35, cita gannum ñas
Gesta regum Francorum. M. Lübke acha que
nao sé deve tomar em consideracáo o ant.
alto al. gañían (Diez, Dic. 183). Figueiredo
tira do it. o port. V. Max Müller, Cieñe, da
Linguagém, II, 315.
ENGAR — Do lat. iniquare. importunar
(C. Michaelis de Vasconcelos, III, "155, M.
Lübke, REW, 4437), "que aparece urna vez
em Labério. Cornu, Port. Spr., § 123, nota
1, p refere enecare ou cnicarc, por nao se encontrar
a forma eiguar. G. Viana, Apost. I,
387, diz que na rcalidade, a quantidade longa
do segundo i de iniquare torna difícil de admitir-se
o desaparecimenlo desta vogal.
engravetar-se,
ENGARAVITAR-SE — Por
de graveto, no sentido de ficar teso, rígido
como um graveto? (A. Coelho).
ENGASGAR — Do pref. em e gasgo, segundo
A. Coelho, que manda ver gasganetc.
Figueiredo deriva, de engasgo, que com dúvida
apresenta como termo onomatopéico.
ENGASTAR — A. Coelho prende a castüo
(q. v.). Figueiredo considera castelhanismo.
M. Lübke, REW, 4344; tira o esp.
engastar do it, incas lave. A Academia Espanhola
tira o esp. engastar do lat. incastrarc.
ENGATAR — A. Coelho, dando o significado
de prender com gatos metálicos, deriva
do pref. em e gato.
ENGASTRIMITISMO — Do gr. eggastrimythos,
o que dá oráculos falando com
o ventre, e suf. ismo.
ENGELHAR — Do pref. em, gelha,- e
dcsin. ar. Duarte Nunes do Lefio, Origen,
48, tirou do fr. engelc.
ENGENDRAR — Do esp. engendrar (cfr.
u'r lat. = ndr). V. Pidal, Gram. Ilist. Esp.,
§ 59, G. Viana, Apost. I, 389, Mario Bárrelo,
Novos Estudos, 427, Nunes, Gram. Ilist. Port.,
134.
ENGENHO — Do lat. ingeniu, talento;
esp. engenio, ingenio, it. xngegno, fr. engin
(máquina)
. Significou espirito, sobretudo espirito
inventivo, depois máquina de guerra, máquina
(cfr. engenharia, engenliciro), Brachet
dá um texto do De Pallio de Tertuliano:
stupucre illico Garthagincnses ut novum extraneum
ingenium e outro de Isidoro : Hanc
enim multorum ingeniorum prohibent.
ENGODO — Figueiredo filia com dúvida
ao lat. gaudiu, gozo, que é fonéticamente
inaceitável.
ENGOlJR — M. Lüblce, REW, 4434, -tira
do lat. ingullare , proveniente do cruzamentó
de ingulare cora collu, com troca de
conjugacáo. A. Coelho deriva do pref. em
e de "gulire, do mesmo radical que gula.
Esp. engullir, it. ingollare, fr. engouler.
ENGONCAR — Do pref. em, gongo,' outra
forma de gonzo, e desin. ar. O esp. tem
engoznar, de gozne, gonce, goñzo, fr. énaoncer
(M. Lübke, REW, 3819).
ENGOS — O esp. tem yezgo, yezdo, que
a Academia Espanhola dá como de um derivado
do lat. actej em al. Attich.
ENGRANZAR — A. Coelho tira do pref.
em e "granzar, por "granizar, de granizo,
na significacáo de grao.
ENGRAVITAR-SE — Do esp. engarabitarse,
derivado do aragonismo cra.bito em vez
de cabrito (cfr. fr. cabrer).
ENGRENAGEM — Do fr. engrenage.
ENGRIMANQO — Figueiredo tira, com
dúvida, do rad. do it. grimo. M. Lübke, REW,
3867, dá como derivado do ant. alto al. grim.
zangado.
ENGROLAR — A. Coelho apresenta, com
dúvida, o lat. incrudare.
ENGUIA — Do lat. "anguila, por anguilla,
dim. de anguis, cobra (Lindsay, The Latín
language, 115, M. Lübke, Gram. I, 476, 43,
REW, 461, Cornu, Port. Spr., § 130, A. L. P.
II, 46) ; esp. anguila, it. anguilla, fr. anguille.
ENGUTCAR — Do lat. "iniquitiare, enfeitigar
(C. Michaelis de Vasconcelos, RE, III,
155, G. Viana, Apost. I, 387). Iniquitiare está
por iniquitare (Rosch, ítala und Vulgata, 165),
cfr. humilitare, felicitare. A. Coelho diz que
a etimología do gr. ágeho é simplesmente
absurda.
ENGULHO — A. Coelho filia ao rad.
£íoZo, gula. O esp. tem engullir (11 = Ih),
engolir.
ENHO — Figueiredo pergunta se se relaciona
com. anho. Cornu, Port. S2>r., § 111,
apresenta o lat. hinneu e manda ver C.
Michaelis de Vasconcelos, Randglossen zum
altport. Liederbuch, Anm. 4, Zeitschrift rom.
Pli.il., 1902.
ENÍCOLA — Do gr. oínos, vinho, e coZ,
raíz do lat. caleré, cultivar, tratar.
EN1DRIDE — Do gr. .
aquática,
pelo lat. enhydride, cobra d'água.-
ENIDRO — Do gr. énydros, scilicet líthos,
podra que contém agua; pelo lat. enliydros.
ENIGMA — Do gr. aínigma, palavra
obscura, ambigua; pelo lat. aenigma.
ENILEMA — Do gr. eneílema, envoltorio.
ENJEITAR — Do lat. ejectare, langar
fóra (cfr. exposto), explicando-se o n da sílaba
inicial pela repugnancia da lingua ao e
inicial ¡solado (Nunes, Gram. Hist. Port., 55).
A. Coelho tirou do pref. em e de "jeita.r,
do lat. jactare.
ENJOAR — Forma metatética de enjoar
(q. v.). A. Coelho, Cornu, Port. Spr.,1
244, Nunes, ALP, I, 166.
ENLEAR ,— Do pref. em e de liar, ligar.
Garcia de Diego, Contr., 305, tira o gal.
eiiteor do lat. illigare.-'A formacáo, porém,
é dentro de cada lingua (cfr. o"fr. enlier).
ENLEVAR _ A. Coelho tira do pref.
em e levar. Cornu, Port. Spr., § 161, tira
do lat. exlevare através de "eislevar. O fr.
tem enleper, arrebatar.
ENOCIANINA — Do gr. oinos, vinho,
lcyanús, azul, e suf. ina.
ENOCOE — Do gr. oínocliúe, copeira, que
derrama o vinho.
ENODO — Do lat. enode, sera nos adaptado
á primeira classe de adjetivos románicos.
ENÓFILO — Do gr. oinss, vinho, e phil,
raiz de pliiléo, gostar.
ENÓFOBO — Do gr. oinos, vinho, e phob,
raiz de phobeo, tev horror.
ENÓFORO — Do gr. oinophóros, que traz
vinho, copeiro, pelo lat. oenophoru. .
ENOFTALMIA — Do gr. en, dentro, e
oftalmía.
ENOJAR — Do lat. inodiare (M. Lübke,
REW, 4448, Archiv für lateinische Lexikografie
und Grammatik, XII, 49, Bourciez,
Ling. Rom., Nunes, A.L.P., VI, 165).
equivalente a in odio habere. It. annojare,