Dicionario Etimologico Da Lingua Portuguesa, de Antenor Nascentes
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
. cat.<br />
.<br />
Quod<br />
.<br />
.<br />
•<br />
ar<br />
a<br />
.<br />
"Nao<br />
.<br />
.<br />
Msmáe 313 — Mandil<br />
restantes consoantes está nos movimentos que<br />
a crian ca executa com os labios, por exemplo,<br />
o <strong>de</strong> succáo" (Leite cíe Vasconcelos, Opúsculos,'<br />
I, 83) . Wal<strong>de</strong> cita esta onomatopéia em<br />
grego, iraniano, címbrico, lituánio, amigo alto<br />
alemao, velho sánscrito, armenio e albanés.<br />
M. Lübke, além das linguas mencionadas, dá<br />
o prov, e o romeno.<br />
MAMAE — Forma, brasileira <strong>de</strong> mamá.<br />
MAMALOGIA — Do lat. mamma, mama,<br />
gr. lagos, tratado, e suf. ia. Ramiz Galváo<br />
tirou <strong>de</strong> mama, a que atribuiu origem grega<br />
(v. Merma).<br />
MAMARRACHO — Do esp. mamarracho^<br />
(Figueiredo)<br />
MAMELUCO — Do ár. mamluk ,escravo;<br />
é o part. p&s. do verbo malalca, possuir.<br />
MAMÍFERO — Do lat. mamma, mama,<br />
e fer, raiz <strong>de</strong> ferré, trazer.<br />
HAMIFORMS — Do lat. mamma, mama,<br />
e forma, forma.<br />
MAMILO — Do lat. mamilla, inania pequena,<br />
adaptado ao género masculino.<br />
MAMOA — De mama (Figueiredo) ;<br />
tem<br />
o aspecto <strong>de</strong> um íemmino do aumentativo<br />
mamáo. Cortesáo <strong>de</strong>riva do b. lat. mamola,,<br />
por mammula, dim. <strong>de</strong> mama: Dividit caví<br />
'alias villas per petras fixas, et 'mamolas antiquas<br />
(Documento <strong>de</strong> -780, citado por E'. Pinho<br />
Leal no Portugal antigo e mo<strong>de</strong>rno)<br />
MAMOEj.RO — De mámelo, aumentativo<br />
<strong>de</strong> manía, cela semelnanca <strong>de</strong> forma do fruto<br />
(<strong>Da</strong>lgado, Glossário, II, 165), que tem abundante<br />
látex branco leitoso.<br />
MAMONA — Do arameu mamona, haveres<br />
(Lokotsch). Pacheco e Lameira, Gram. Port-,<br />
10, <strong>de</strong>ram corno fenicio. Saraiva dá o lat.<br />
mammona como originario do siríaco. V. S.<br />
Mateus, VI, 24, Leal Conselheiro, pg. 202. No<br />
sentido <strong>de</strong> planta e no <strong>de</strong> antigo tecido, v.<br />
Glossário. Figueiredo dá ainda como peixe dos<br />
Acores e neste sentido <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> mama.<br />
MAMPOSTEIRO — Figueiredo <strong>de</strong>riva <strong>de</strong><br />
vicio e posto, e explica que é homem posto<br />
pela máo <strong>de</strong> alguém, para algum negocio. Significando<br />
recebedor <strong>de</strong> esmolas para cativos,<br />
parece que vera <strong>de</strong> ?íido posta, atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
quera pe<strong>de</strong> esmola.<br />
MAMUJAR — De mamar (cfr. babujar)<br />
MAMUTE — Do iacute-tunguz mama, térra,<br />
através do russo mamont. tcheque-polaco<br />
mamut. O vocábulo foi introduzido na ciencia<br />
em 169S por Ludloff. Os iacntes ehamaram<br />
assim ao elephante fóssil gigantesco, porque<br />
acreditavam que ele escavava a térra como<br />
a toupeira (Lokotsch).<br />
MANA' — Do hebr. mana, explicando como<br />
man hu, que é islo? exclamacáo que os hebreus<br />
teriam soltado á vista déste alimento misterioso<br />
(Larousse, Lokotsch) . cuín vidissent<br />
filii Israel, dixerunt ad invicem: Man hv,° quod<br />
significat: Quod est hoc? ignorabant enim quid<br />
esset. Appellavit domas Israel nomen ejus Man.<br />
(Éxodo, XV, 31). Pelo lat. manna. Foi feminino<br />
em port. ant., como é em lo.t. : ha<br />
mana, (Boosco <strong>de</strong>lleytoso, cap. VI, apud Leite<br />
<strong>de</strong> Vasconcelos, Ligues <strong>de</strong> Filología <strong>Portuguesa</strong>,<br />
136).<br />
MANADA — Do lat. manuata, <strong>de</strong>r. <strong>de</strong><br />
mamus, mao (Leite <strong>de</strong> Vasconcelos, RL, III,<br />
261, Cornu, Port. Spr., §§ 117 e 125, G. Viana,<br />
Apost, II, 103). A. Coelho <strong>de</strong>rivou do lat.<br />
manu, máo, em dúvida. Cortesáo tirou do<br />
esp. manada. G. Viana acha que nao proce<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> mesnada, porque osé letra bem firme<br />
em portugués. M. Lübke, REW, 5585, tirou<br />
do cat. manada, que pren<strong>de</strong>u ao lat. minare,<br />
ccnduzir o gado (it. menare, fr. mener, prov.<br />
menar) .<br />
MANALVO — De máo e alvo. Ficrueiredo<br />
recorre ao lat. manu, máo, e albu, alvo.<br />
MANANCIAL — A. Coelho <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> manar.<br />
Figueiredo compara com o esp. manantial.<br />
MANÁPULA — .Corruptela <strong>de</strong> manopla (A.<br />
Coelho).<br />
MANAR — Do lat. manare. Cornu, Port.<br />
Spr., § 125, acha excepcional a conservacáo<br />
do ii.<br />
MANATA .— Figueiredo compara com<br />
magnate.<br />
MANATIM — Do taino, manatin, peito <strong>de</strong><br />
mulher, através do esp .<br />
; manatí aparece em<br />
Oviedo em 1555. Lokotsch vé contaminagáo com<br />
o lat. manatu, dotado <strong>de</strong> máos, pois o animal<br />
(vaca marinha) tem coisa parecida com<br />
máos (Amerikanische Wórier, 46)<br />
Mancenílha<br />
<strong>de</strong><br />
MACANiLHA — V.<br />
MAÑCAL — A. Coelho, em dúvida, <strong>de</strong>riva<br />
manco.<br />
MANCAR — De manco e <strong>de</strong>sin. ar: (M.<br />
Lübke, REW, 5285). Figueiredo tirou <strong>de</strong> urn lat.<br />
mancare.<br />
MANCEBO — Do lat. mancipiu, escravo<br />
(tomado com a mao na guerra, manu capere)<br />
(A. Coelho). M. Lübke, Gram. I, 454, REW,<br />
5284, acha difícil a relacáo fonética, preferindo<br />
urna forma, mancipu, calcada no plural<br />
mancipi(i) . "Ainda na nossa antiga lingua élo<br />
conservava um resto da primitiva significacáo<br />
no sentido <strong>de</strong> criado <strong>de</strong> servir, que tinha entáo,<br />
como se vé do título <strong>de</strong> um dos artigos do<br />
Poral <strong>de</strong> Santarám, que diz : "<strong>Da</strong>. perua que<br />
o mancebo faz . seu amo". Hoje mesmo, sobretudo<br />
no Alentejo, o termo moco usa-se em<br />
tal sentido". (Nunes, Digressoes Lexicológicas,<br />
116). V. RL, IV, 241, HE. da Gama Barros,<br />
ijevindo Lafayette tirou do ár. mansubon,<br />
amante, repetindo Sousa.<br />
MANCENÍLHA — Do esp.<br />
manzanillo, dim.<br />
<strong>de</strong> manzano, macieira. Larousse dá a mesma<br />
origem ao fr. mancenille.<br />
MANCHA — Do lat. macla por macula,<br />
mancha; esp. mancha, it. macchia, fr. maule.<br />
AI. Lübke, REW, 5212 faz a forma portuguesa<br />
vir da espanhola. Houve prolacáo da nasal<br />
inicial (M. Lübke, Gram. I, 21, Ñunes, Gram.<br />
I-Iist-, 146, Digressoes Lexicológicas, 92, Viana,<br />
Apost. II, "97, Cortesáo), para alguns autores<br />
ainda em período románico "man.cla (Cornu,<br />
Port. Spr., § 125, Nunes Gram. 115, 124, Digr.<br />
Lex-, 92). V. M. Lübke, Introdugáo, n. 19.<br />
MANCHEGO — Do esp. manchego.<br />
MÁNCHELA. — De máo e cheia.<br />
MANCl-xIL — Do ár. minjal, foice do segador<br />
(Sousa,, Dozy, Eguilaz, Lokotsch) . Nuiles,<br />
Gram. Hist-, 163, explica o a por influencia,<br />
do n, 164 troca <strong>de</strong> en por an.<br />
MANCHINHA — Por mancheinha, dim.<br />
<strong>de</strong> mánchela (Figueiredo)<br />
AÍANCINELA — V. Mancenílha<br />
MANCINISMO — Do it. mancinismo, condieáo<br />
<strong>de</strong> canhoto; neol. proposto por Plácido<br />
Barbosa.<br />
MANC1PIO — Do lat. mancipiu.<br />
MANCO — Do lat. manca, mutilado; esp.<br />
manco (pessoa ou animal a que falta um<br />
braco ou rnáo), it. manco (esquerdo). O sentido'<br />
mais cornum em port. é o <strong>de</strong> coxo.<br />
MANCOMUNAR — De máo comum e <strong>de</strong>sin.<br />
ar. (A. Coelho). García <strong>de</strong> Diego, Contr. n.<br />
380, filia a locucao espanhola ae mancomún<br />
ao lat. magnnm commune, gran<strong>de</strong> reuniáo <strong>de</strong><br />
cidadáos e compara com o fr. ant. maintecomunal,<br />
em que a relag.áo com máo se <strong>de</strong>svanece.<br />
O sentido, pois, <strong>de</strong> mancomún seria,<br />
segundo éste autor, gran<strong>de</strong> conjunto <strong>de</strong> vizinhos,<br />
e <strong>de</strong>pois todo o povo.<br />
MANCORNAR — De mao, como e <strong>de</strong>sin.<br />
(Figueiredo).<br />
MANDAR — Do lat. mandare, encarregar,<br />
or<strong>de</strong>nar; esp. mandar, it. mandare, fr. man<strong>de</strong>r.<br />
Tomou o sentido <strong>de</strong> enviar, remeter.<br />
MANDARÍA! — Do sánscrito através do<br />
malaio mantari (<strong>Da</strong>lgado) . é <strong>de</strong> origem<br />
chinesa, nem se relaciona etimológicamente,<br />
como presumem alguns orientalistas, com o<br />
verbo portugués mandar; é corrucáo do sánsc.<br />
e neo-árico mantri", "conselheiro, ministro <strong>de</strong><br />
Estado", mantari em malaio, que é o étimo.<br />
A mudanga <strong>de</strong> i em d po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>vida a<br />
influencia <strong>de</strong> mandar (<strong>Da</strong>lgado) . Rejeitando<br />
a origem <strong>de</strong> mandar, observa G. Viana, Apost.<br />
II, 104, que nao existe na lingua sufixo —<br />
im para <strong>de</strong>rivar <strong>de</strong> infinitos <strong>de</strong> verb,os substantivos<br />
<strong>de</strong> agente. Pacheco e Lameira, Gram-<br />
Port., 21, já aceitavam a origem indica. V.<br />
Max Müller, Science of langudge, II, 209. Obsérvense<br />
que em chinés o nome déste alto funcionario<br />
é kuan (Arendt, Handbuch <strong>de</strong>r nordchinesichen<br />
Umgangssprache, I parte, 346-7,<br />
apud Lokotsch, Cortambert, Géographie, 599).<br />
MANDATO — Do lat. mandatu.<br />
MANDÍBULA — Do lat. mandíbula.<br />
MANDIL — Do ár. mandil, lenco (Sousa,<br />
Eguilaz, Dozy, Lokotsch). M. Lübke, REW,<br />
5325, tira do medio gr. mandile, no ant. »uittile,<br />
do lat. mantele. O ár. veni do grego<br />
mandélion, do lat. mantile_ segundo Dozy, Dictionnaire<br />
détaillé <strong>de</strong>s noms <strong>de</strong>s vétements ches<br />
._J