Dicionario Etimologico Da Lingua Portuguesa, de Antenor Nascentes

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A.
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Paníopelágico 578 Papouía
PANTOPELÁGICO — Do gr. pañi, raíz de
vas, todo, pélagos, mar, e suf. ico.
PANTÓFODÓ —
. Do gr. pant, raíz de vas,
todo, e poús, podós, pé.
.
PANTOPOLISTA — Do gr. pant, raía de
vas, todo, polis, cidade, e suf. -esta.
PANTÓPTERO — Do gr. pant, raíz de
vas, todo, e pterón, asa.
PANTOPTOSE — Do gr. pant, raíz de
pds. todo, e ptosis, queda.
PANTORRILHA — Do esp. pantomlla
(A. Coelho). A. Coelho grafa com u, o que
nao é necessário para dar > som reduzido em
Portugal. G. Viana adota a grafia igual a
do étimo.
PANTUFA — A. Coelho tirou do ít. pantofola,
Cortes. o e A. Magne do esp. pantuflo
e Figueiredo do fr. pantoufle. A Academia
Espanhola filiou o esp. pantuflo ao fr. V.
Mégacles, RLP, XIX, 57.
PANTORRA — Do lat. pantex, panca (A.
Coelho) ; o final pode ser o suf. urra, de origem
vasconca. O esp. tem pdnturra.
PAO — Do lat. pane; esp. pan, it. pane,
fr. pain. Are. pain: Dez moyos de pam (Legges,
pg. 653-A. 1255) . Leite
de, Vasconcelos,
Ligdes de Filología Portuguesa, 143, supoe
que em certa época repugnou ao ouvido a vogal
nasal a em fim de sílaba e entao ela
recebeu o apoio da vogal o, donde ño.
PÁO-DE-Lo — G. Viana, Aposv., I, 134,
declara locucáo de origem obscura.
PAPA — 1 (pontífice) : Do gr. páppas, pelo
Hat. pappa. Era urna palavra . infantil, de ternura,
como papai e mamae. Foi priméiro
comum a todos os bispos, mas depois reservou-se
ao de Roma (Moreau, Bacines Grecques,
244, Larousse). Ainda hoje se aplica
a todos os padres da igreja grega. O priméiro
pontífice que parece haver tomado o nome
de papa foi S. Sirício, em 385. Como alguns
bispos também fizessem uso désse título, Gregorio
VII, no concilio de Roma de 1076, reservou-o
especialmente para os bispos de Roma
: ut papae nomen unicum, esset in universo
christiano orbe, nec liceret alicui se
ipsum vel alnim eo oiomine appellari.
2 (massa) : do lat. pappa-, palavra infantil
para pedir de comer (Cortesáo, Saraiva) Ha
.
urna variante papa, onde, segundo Leite de
Vasconcelos, Opúsculos, i, 285, o p nao se
abrandou por causa do ritmo.
PAPA — A. Coelho tirou do lat. pappa,
o que nao explica bem a acentuacáo. M. Lübker
REW, 6213, entende que o fr. papa se estendeu
a todas as línguas románicas, o que
nao parece pcssível, dada a natureza da pessoa
que profere o vocábulo, a crianga que
comega a falar. E' urna onomatopéia infantil,
comum a muitas línguas (grego, latim,
espanhol, etc.), baseada na primeira silaba
da palavra que designa o pai {patér, pater,
padre, etc.), redobrada, se nao meramente
instintiva. As bilabiais sao as primeiras consonancias
que aparecem na linguagem infantil,
assim como o a é urna das primeiras
vogais. Daí as palavras papá', mamá. "A razáo
das labiais precederem as restantes consoantes
está nos movimentos que a crianga
executa com os labios, por exemplo, o de
sueeáo ."
(Leite de Vasconcelos, Opúsculos, I,
83)
PAPAGAIO — Do ár. babaga, talvez de
origem índica, com influencia do lat. gam,
gaio (Dozy, Eguilaz, Lokotsch) .
Coelho,
apoiado em Baist, cita o sánscrito pippáka.
PAPAIA — Lenz diz que vem do quichua
segundo Middendorf ou de urna língua do
Haiti ou da Venezuela, segundo Oviedo. G.
Viana, Apost., II, 223, declara americana a
palavra, do sul ou do centro do continente,
embora nao se possa afirmar a língua de
que provém. Cita urna descrigáo do fruto,
feita pelo padre Gaspar Afonso, na Relagao
da viagem e sucesso da nao Sam Francisco,
a qual termina com o seguinte período : "Assim
que de urna maneira ou de outra merecem
bem o nome de papayas, com que estáo
o gosto de quem passa junto delas".
Considera G. Viana fantasiosa a etise
nao é simples motejo, como o autor
os empregou tantas vezes e com múita
graga. A língua oficial das Antilhas era, e é,
a castelhana; e suposto nesta exista o verbo
papar, com a mesma significagáo aue era
portugués tem, o imperativo plural, 'seguido
do acusativo plural feminino do pronome pessoal
da terceira pessoa, seria em castelh3.nc
papadlas, e nao papai-as, e nao se prestaría,
portante á homofonia equívoca do portugués.
Larousse e Stappers atribuem ao fr.
origem malaia. Dalgado declara americano o
vocábulo, usado em Cuba.
PAPALVO — Talvez de papo e alvo. Figueiredo
dá um provincialismo alentejano que.
significa codorniz. A codorniz tem penas
brancas na frente e é urna ave tola, que se
aprisiona por meio de um chamariz. Leoni,
Genio da língua portuguesa. I, 46, tirou do
lat. perparvu.
PAPAO — De papar (A. Coelho, Leite de
Vasconcelos, RL, X, 77, M. Lübke, REW,
6214) . G. Viana, Palestras Filológicas, 91, refuta
a etimología chinesa proposta por Sousa
Monteiro, repetindo a argumentagáo de Consiguen
pedroso. Há -urna inconciliável diferenga
de sentido, pois pa pan era nome dado
a urna embarcagáo japonesa ; além •
disso o
vocábulo designa urna entidade fantástica habituada
a devorar criaturas humanas, donde
a iñcontestável filiagáo a papar.
PAPAR — Do lat. pappare.
PAPARRAZ — Do ár. Iiabb' ar-ras, trigo
PAPÁRRETA — "De pararrotáo, depois de
de cabega (Dozy, Eguilaz, Lokotsch)
perdida a consciencia da sua origem,
resultaría.
fácilmente paparretao; em seguida, vendo-se
nesta forma um derivado, um aumentativo,
procurar-se-ia a sua forma simples, obtendo^se
déste modo a palavra paparreta. Compare-se,
quanto á passagem do o para e, o verbo sufocar,
que o povo pronuncia sufecar, e conjuga:
eu sufoco, tu sufecas, etc." Julio Moreira,
Bstudos da Língua Portuguesa, II, 251.
PAPARROTAO — De papa 1 , arrotar (A.
Coelho) e suf. ao. Cortesáo derivou de paparrote
(em vez de paparreta) com o suf. ao.
Para a explicacáo do sentido, Julio Moreira,
Bstudos da Língua Portuguesa, II, 251, manda
eomparar-se a expressáo arrotar postas de
pescada, com que se quer exprimir que alguém
fala jactanciosamente de si. No Brasil há a
expressáo comer sardinha e arrotar pescada.
PAPAVERACEA — Do lat. papaver, papouía,
e suf. ácea.
PAPAVERINA — Do lat. papaver, papoula,
e suf. Í7ia.
PAPAZANA — De papar (A. Coelho); cfr.'
comezaina.
PAPEAR — Corruptela de pipiar (A. Coe^
lho)
PAPEIRO — De papa 2 e suf. eiro.
PAPEJAR — Figueiredo nao sabe se vem
de papo ou se é termo onomatopéico.
PAPEL — Do cat. papel, derivado do fr.
papier (M. Lübke, REW, 6218). A. Coelho tirou
do lat. papyru, com o qual seriam dificéis
de explicar a conservagáo do p intervocálico,
o e proveniente de ípsilon, o r—l e a apócope
do o. Cornu. Port. Siir., §§ 145 e 180, trata
da transformagáo do r e da conservagáo do p.
PAPICOLA — Do lat. papa, papa, e col,
raíz de colere, respeitar.
PAPILA — Do lat. papilla, bico do peito.
PAPILHO — Do lat. papilla (A. Coelho,
que nao dá conta do molhamento do Z).
PAPIDIO — E' o lat. papllio, borboleta.
PAPILIONACEA — Do lat. papüione, borboleta,
e suf. ácea; pelo aspecto da corola.
PAPILION1DEO — Do lat. papüione, borboleta,
e suf. ideo.
PAPILOMA — De papila e suf. orna.
PAPIRO — Do gr. pápyros pelo lat. papyru.
E' um canico do Egito cujo caule é formado
de películas concéntricas coladas urnas
as outras e que servem para a escrita (Moreau,
Bacines Grecques, 244, Gow e Reinach,
Minerva, 18)
PAPIRÓLITO — Do gr. pápyros, papiro,
e líthos, pedra; recebeu éste nome pela rijeza
quo apresénta.
PAPO — 1 (priméiro estómago das aves)
De papar (M. Lübke, REW, 6214, Figueiredo).
— 2 (protuberancia) :, do gr. páppos, penacho
fibroso de certas sementes, pelo latim pappu.
PAPOULA — De um lat. "papaura por papavera
(García de Diego, Gontr. 3 n. 441). Cor-