Dicionario Etimologico Da Lingua Portuguesa, de Antenor Nascentes

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FIDALGO
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Do
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Ficóide — 215 Filhú
FICÓIDE — Do lat. fien, figo, e gr. sidos,
forma, segundo formagoes análogas.
FICOITE — Do lat. ficu, figo, e suf. He.
FICOLOGÍA — Do gr. phykos, alga, lagos,
tratado, e suf. ia. *
FICOMICELO — Do gr. phykos, alga, e
múkes, múhetos, cogumelo.
FICOXANTINA — Do gr. phykos, alga,
xanthós, amarelo, e suf. ina.
FICTICIO — Do lat. ficticiu.
FICTO — Do lat. fictu.
fictore.
FICTOR — Do lat.
— Da locucao filho d'algo, filho
de alguma coisa, em oposicáo aos filhos de
nada, aos filhos das ervas, o povo. Algo na
língua antiga era sinónimo de riqueza (M. Lübke,
REW, 345, Nunes, Digressoes Lexicológicas,
170). Cornu, Port. Spr., § 132, atribui a
queda do Ih a dissimilacao ; Nunes, loe. cit.,
a próclise. Debet esse filius de algj et meus
naturales (Leges, p. 729, A. 1273). O esp.
tem hidalgo de hijo de algo. Documentos antigos
apresentam ílexoes na forma desaglutinada
: Foy molher muy filha d'algo e de muy
alto alto sanguc (Scriptorcs, 261). E sejas companheiro
aos filhos d'algo (Scriptores, 254).
Foi dantos invariável, depois é que por analogia
tomou urna forma para cada género
(Nunes, Gram. Hist., 2:-> ed., 231, EL, XIII,
15, molher fidalgo).
FIDEDIGNO — Do lat. fide, fé, e dignu,
digno.
FIDEICOMISSO — Do lat. fideicommissu,
confiado" á fidelidade (do herdeiro ou legatario).
FIDEJUSSÓRIO — Do lat. fidejussoriu, relativo
a fianga.
FIDELIDADE — Do lat. fidelitate.
FIDEUS — Do esp. fideos (A. Coelho)
fr.
FIEL — Do lat. fidele; esp. fiel, it. fidele,
fidele.
FIFIA — Termo onomatopéico ? (Figueiredo)
FIDO — Do lat. fidu, fiel.
FIDÜCIA — Do lat. fiducia, corifianga.
FIGA — De figo. Para explicar a expressáo
fazer figa, Larousse, depois de contar urna
passagem havida entre o imperador Fredenco
Barbarroxa e os milaneses, acha provavel, alegando
os significados do vocábulo em italiano,
que se trate de urna alusáo obscena.
FIGADO — Do gr. sykotón, nutrido com figos,
com influencia do lat. ficu, figo, produzindo
o lat. flcatu. Diez, Gram., I, 34, da um
texto de urna glosa de Isidoro: Ficatum, quod
Graeci sykotón vocant. O vocábulo se encontra
em Apicio, autor de um tratado de cozinha,
com o significado de fígado de ave engordada
com figos. (Densusianu, Histoire de la langue
roumaine, 190, apud Grandgent, Vulgar Latín,
§ 16) e em Marcelo Empírico (Saraiva, Brachet)
. Pirson, La langue des inscriptions de_ la
Gaule, 40, apud Grandgent, op. cit., § 141, dá a
sykotón a significacáo de semelhante ao figo,
e diz ser palavra aplicada petos cozinheiros ao
fígado preparado de certa maneira. Seja com
fór, o lato é que os romanos apreeiavam o
foie-gras (jecu ficis pastum, Horacio, Sátiras,
II, 8, 88). Grandgent considera ficatu urna simples
traducao do grego sykotón, que sob a influencia
de um vulgar "hepate por hepar, provavelmente
se tornou sócotu. Admite qu'atro
formas latinas ao lado do ficáiu: "ficatu,' *fé~
catu e -fécitu. A segunda é a que nos interessa
pois foi a que dominou na Península
Ibérica. Meyer-Lübke admite que sykotón, tendo-se
introduzido em época em que o ípsilon
se pronunciava o, isto é, e fechado románico,
por nao tolerar oxítonos o latim, pronunciou-se
sékotu, fundindo-se mais tarde com' ficu ñas
formas ficatu (donde o romeno figwl), fécatu
(donde o it. fegato, o fr. foíe e o prov. cat.
fetge), e ficatu, (que deu o esp. hígado e o port.
fígado). V, Gram., I, 67, Introducüo, § 140,
REW,. 8494. Consultar: Gastón París, Ficatum
en román (Miscellanea Ascoli, 41), Schuchardt,
Zeitschrift rom. Phil, XXV, 515, XXVIII, 435,
Clédat, Revue de philologie francaise et de littórature
, JÍM', 235, Leite de Vasconcelos, Licóes
de Filología Portuguesa, 402, Pacheco e Lameira,
Gram. Port., 116, Joáo Ribeiro, Gram.
Port., 295, Franco de Sá, A Lingua Portuguesa,
152, A. Coelho, Cortesao, Damesteter, Vie des
Mots, 56, Revista da, Academia Brasileira, de
Letras 1921, ns. XIX-XX, pg. 317, Rebelo Gongalves,
A.L.P., II, 46, Carneiro Ribeiro, ScrOes
Gramaticais, 501.
FÍGARO '— De Fígaro, nome do protagonista
da pega O barbe-ira de Sevilha, de Beaumarehais.
FIGLE — Do fr. ophicléide (V. Oficlide), de
origem grega. V. Viana, Apost., I, 458, registro,
a forma antiga figlid, encontrada num curtaz
ou programa de 1847, transcrito por Joao de
Freitas Branco num artigo publicado em A Vanguarda,
de 11 de dezembro de 1899. Cortesao
tira do esp. figle, a que atribui a mesma origem.
FIGO — Do lat. ficu; esp. higo, it. ¡ico,
fr. figue (fem.). Passou a masculino por causa
da terminagáo
FIGULINO — Do lat. figulinu, de barro.
FIGURA — Do lat. figura.
FILA — De fila, plur. de filu, fio (Diez,
Gram,., II, 19, A. Coelho) ; esp. it. fila, fr.
file. Na expressáo cao-de-fila, Joáo Ribeiro, Soleta
Clássica, 34, liga a urna forma filar do
are. filhar e cita cao de filhar em Joáo de Barros,
Décadas. A. Coelho dá filar, agarrar por
meio de fórca, capturar. V. C. Michaelis de
Vasconcelos, Glos. do Cano, da Ajuda.
FILAQA — Do fr. filasse ou do lat. filu,
fio, e suf. acá. O fr., o esp. hilaza, e o it. filaccia
yém das falavras correspondentes a fio
ou do lat. filada (M. Lübke, REW, 3292), mas
o port. nao pode vir de fio, pois entáo seria
"fiaga.
FILACTfiRIO, — Do gr.. phylaktérion, que
guarda, protege, preserva, amuleto, pelo lat.
phylacterm.
FILADE — Do gr. phyllon, fólha, e suf.
ade. E' um xisto que se deixa fácilmente esfoliar
(Roquette Pinto, Mineralogía, 188) . Há
em gr. um phyllás, phylládos, folhagem.
FILAMENTO — De um lat.
"filamentu.
FILANDRAS — Do lat. filu, fio (A. Coelho),.
e um sufixo arbitrario.
FIDANTEA — Do gr. phyllon, fólha, dnthos,
flor, e suf. ea. As flores dáo junto ás íólhas.
Em gr. há phyllanthés, especie de escabiosa.
As filánteas sao urna tribu das eufor-
FILÁNTROPO — Do gr. phdlhánthropos
amigo do homem, pelo lat. philanthropos.
FILAR — A. Coelho dá um, agarrar por
meio de forga, capturar, do lat. filare, e outro,
por (um navio) á agáo do vento (do lat. filu),
C. Michaelis de Vasconcelos, Glos. do Cano, da
Apida, identifica o primeiro com o are. filhar,
tomar.
FILARCO — Do gr. phylarchos, chefe de
tribu, comandante de um corpo de infantaria,
pelo lat. phylarchu.
FILARGIRIA — Do gr. philargyría, amor
da prata, do dinhelro, pelo lat. philargyría.
filariu, novelo de linha;
FILARÍA — Do lat.
é um verminho delgado como um fio.
FILARMÓNICO — Do gr. phil, raiz de philéo,
gostar, e harmonikós, da harmonía.
FILÁSTICA — Do lat. filu, fio (A. Coelho).
o um sufixo arbitrario
FILATELIA — Do gr. phil, raiz de philóo,
gostar, tolos, imposto, sólo, e suf. ia.-"'
FILATÓRIO —
. lat. filu, fio, e suf.
torio (A_. Coelho).
FIL.AJJCIA — Do lat. philautia, amor-próprio.
FILÉ — Do fr. filet, nome do vulgar do
músculo psoas na vaca, na vitela, etc., rede (corto
trabalho de agulha em forma de rede)
FILEIRA — De fila e suf. eirá.
FÍLELE — Do ár. filali, de Tafilet,
nome de urna cidade marroquina onde se faziam
finos tecidos.
FIL1LENO — Do gr. philellen, amigo dos
°"rc°"os.
°FILETB — Do fr. filet (Figueiredo) ou do
lat. filu, fio, e suf. efe (A. Coelho).
FILHO — Do lat. film; esp. hijo, it. ficjlio,
fr. f-ils.
FILHÓ — Do lat. -folióla (de foliu, fólha),
bolo folhado (Baist, Zeitschrift. rom. Phil., XV,
270. M. Lübke. REW, 3413). C. Michaelis de
Vasconcelos, RL, III, 133, tirou de urna forma
foliolu. G. Viana, RL, I, 211, Apost., I, 139, 461,
tira de um fallióla, plur. de folliolu, dim. de
folie; fole, com assimilacáo do o á palatal Ih.
Cornu, Port. Spr., §§ 88, 97 e x 130, alude á assimilagáo
e á. influencia da palatal para explicar
a mudanga do o através das formas folhoo