17.06.2016 Views

Dicionario Etimologico Da Lingua Portuguesa, de Antenor Nascentes

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

'<br />

.<br />

.<br />

.<br />

.<br />

.<br />

(M.<br />

•<br />

tem<br />

.<br />

.<br />

.<br />

,<br />

Cana<br />

Canga<br />

concordada perfcitamente com o termo latino<br />

rupicapra, cabra dos rochedos.<br />

CANA — Do gr. kánna, junco, que pelo assírio-babilónio<br />

remonta ao súmero-acadiano (Boisacq),<br />

pelo lat. canna; esp. caña, it. canna,, fr.<br />

canne (do it.)<br />

CANABÍNEA — Do gr. kánnabis, cánhamo,<br />

e suí. ea. O gr. ó <strong>de</strong> origem oriental quicá<br />

sánscrita, osseta, txeremisse, zirianovotiaca (Boisaq,<br />

Wal<strong>de</strong>)<br />

CANADÁ — De cana e suí. ada (A. Coelho).<br />

A Aca<strong>de</strong>mia Espanhola tira o esp. callada<br />

do b. lat. cannata, <strong>de</strong> caima, cántaro.<br />

CANAF1STULA — Do lat. cannafistula.<br />

CANAFRECHA — Do lat. canna fcricula,<br />

dirá, <strong>de</strong> férula (Diez. Dic, A. Coelho) . O esp.<br />

tem cañahcrla, cañajieja, que M. Lübke, REW,<br />

1597, tira do lat. canna- férula, juntamente com<br />

o port.<br />

CANAL — Do lat. canalc. V. Cal.<br />

CANALHA — De can,<br />

forma antiga <strong>de</strong> cao,<br />

e suf. allia, coletivo com caráter pejorativo<br />

(M. Lübke, Gram., II, pg. 613). Prppriamente<br />

tropa <strong>de</strong> caes.<br />

CANANA — Do ár. kenana, aljava.<br />

CANANGA — Do malaio kananga. .<br />

CANAPÉ — Do gr. konopelon, mosquiteiro,<br />

pelo lat. concpeum, tenda, e pelo fr. canapé. A<br />

Aca<strong>de</strong>mia Espanhola <strong>de</strong>riva o esp. canapé do<br />

fr., Petrocchi igualmente o it. canapé e dá o<br />

b. lat. canapeum. M. Lübke, REW, 2153, tira a<br />

forma port., a esp. e a fr. do it. ;<br />

Brachet<br />

tira também o fr. do it. Os canapés apareceram<br />

em 16G3. A origem vacila entre a Franca<br />

e a Italia. Joáo Ribeiro, Frases Feitas, I,<br />

261, observa que passos da Vulgata, como Iloloferncm<br />

se<strong>de</strong>ntem in conopeo e ecce conopeum<br />

illius in quo recumbebat in ebrietate sua, mostrara<br />

que <strong>de</strong> mosquiteiro o sentido se transformo<br />

u em tapete e leito ou canapé.<br />

CANARIO — De Canarias, ilhas <strong>de</strong> África<br />

das quais é originario o pássaro.<br />

CANASTRO — Do gr. kánastron, cesta <strong>de</strong><br />

junco, pelo lat. canistru, que restituiu a forma<br />

originaria por influencia <strong>de</strong> canna (M. Lübke,<br />

REW, 1594; Cornu, Port. Spr., § 13). Cortesao<br />

supóe urna forma cannisiru, naturalmente para<br />

justificar a conservacáo do n intervocálico. Teria<br />

havido urna assimilagáo do i ao a.<br />

CANAVA — De cana e va, fem. <strong>de</strong> vao (cfr.<br />

telhavá)<br />

CANAVE — Do gr. kán-nabis, pelo lat. cannabe.<br />

Forma paralela <strong>de</strong> cánhamo (A. Coelho).<br />

Segundo M. Lübke, REW, 1599, nao foi<br />

voc. herdado. V. G-. Viana, Apost., I, 218.<br />

CANAVEIRA — Talvez do lat. "cannabaria,<br />

<strong>de</strong>r. <strong>de</strong> cannabis, cánhamo Lübke,<br />

.<br />

REW, 1597). Cornu, Port. Spr., § 3, comparando<br />

com o esp. cañavera, <strong>de</strong>riva do lat. canna<br />

varia, o que M. Lübke acha duvidoso por<br />

causa do prov. cañavera.<br />

CANAVÉS — De cdnave e suf. és.<br />

CANAVIAL — O port. are. apresenta canavea,<br />

cana, <strong>de</strong> canave : Outrosy Ihe presta<br />

pero' esto a rcajz da canavea... (Livro d'Alveitaria,<br />

apud Nunes, Crestomatía arcaica, pg.<br />

128). Clr. C. Mrchaélis <strong>de</strong> Vasconcelos, RL,<br />

XIII, 277-85. O esp. tem cañaveral (v. Canaveira)<br />

CANAVIEIRA — De cana e vieira (Figuei-<br />

CANAZ — De can, forma antiga <strong>de</strong> cao, e<br />

redo)<br />

suf.<br />

az.<br />

CANCA — Do fr. canean. Canean, falatório<br />

maldizente, é para Stappers onomatopéia do<br />

grito do pato. Brachet também julga onomatopéia.<br />

Para <strong>Da</strong>rmesteter, Larousse é alteragáo<br />

do quamquam, conquanto, palavra pelo qual comegavam<br />

muitas vezes as arengas universitarias.<br />

Clédat enten<strong>de</strong> que a danga é palavra di-<br />

'<br />

ferente <strong>de</strong> propósito, fastidioso e malévolo.<br />

CANCABURRADA — V. Cacabonxula. Houve,<br />

segundo Macedo Soares, influencia do voc.<br />

burro.<br />

CANCAO — Do lat. cantione; esp. canción,<br />

it. cánseme, fr. chanson.<br />

CANCELA De cancelo.<br />

CANCELO — Do lat. cancellu, alias plurale<br />

tantum, esp. cancel, it. cancello, ir. ant.<br />

ch.am.cel.<br />

CÁNCER — E' o lat. cáncer, earanguejo.<br />

Segundo uns a metáfora vem <strong>de</strong> roerem estas<br />

úlceras as carnes, como o earanguejo; segundo<br />

outros, <strong>de</strong> um passo <strong>de</strong> Galeno no qual os<br />

tumores da mama sao comparados ao earanguejo<br />

pelas veías que <strong>de</strong>le partem, semelhantes<br />

as patas do animal (Mario Barreto, De Gramática<br />

e <strong>de</strong> <strong>Lingua</strong>gem, II, 146)<br />

CANCRO — Do lat. cancru; esp. cancro, it.<br />

canchero, fr. chancre.<br />

CANDEIA — Do lat. can<strong>de</strong>la, vela; esp. it.<br />

can<strong>de</strong>la, fr. chan<strong>de</strong>lle.<br />

CANDELABRO Do lat. can<strong>de</strong>labru.<br />

CANDELARIA — Do lat. "can<strong>de</strong>laria, scilicet<br />

¡esta, testa das velas, N. S. das Can<strong>de</strong>ias<br />

(2 <strong>de</strong> íevereiro) ; benzem-se velas que se<br />

repartcm nelos fiéis.<br />

CANDELINHA — Do lat. can<strong>de</strong>la, vela o<br />

suf. inha.<br />

CANDENCIA Do lat. can<strong>de</strong>ntia.<br />

CANDENTE — Do lat. can<strong>de</strong>nte.<br />

CANDI — Do ár. kandi, adj. <strong>de</strong>rivado <strong>de</strong><br />

kand, suco da cana <strong>de</strong> agúcar, tornado esposso<br />

por segunda cocgáo (Lokotsch) . <strong>Da</strong>lgado dá<br />

ao persa-ár. origem sánscrita, khanda.<br />

CANDIAL — Do radical do lat. candidu,<br />

branco (A. Coelho, M. Lübke, -REW, 1582). Em<br />

vez <strong>de</strong> candidal (Mario Barreto, Novíssimos Estudos,<br />

124) . O esp. tem can<strong>de</strong>al, que a Aca<strong>de</strong>mia<br />

Espanhola <strong>de</strong>riva do lat. candidariu, que<br />

faz pao bi'anco.<br />

CANDIDATO — Do lat. candidatu; os preten<strong>de</strong>ntes<br />

a cargos eletivos vestiam-se <strong>de</strong> branco<br />

para <strong>de</strong>monstrar publicamente suas aspiragoes<br />

(Gow e Reinach, Minerva, 189)<br />

CÁNDIDO — Do lat. candidu.<br />

CANDIE1RO — De can<strong>de</strong>ia e suf. eiro (A.<br />

Coelho). M. Lübke, REW-, 1579, tira do lat.<br />

can<strong>de</strong>labru com mudanga <strong>de</strong> sufixo. Cortesao<br />

<strong>de</strong>riva do lat. can<strong>de</strong>larui. A grafia caAi<strong>de</strong>ei.ro<br />

(G. Viana) é mais etimológica.<br />

CANDIL — Do ár. ¡candil, lanterna.<br />

CANDONGO — Do bundo (A. Coelho), <strong>de</strong><br />

ca, pequeño, e ndong, bemzinho (Alfredo Gomes,<br />

Gram. Port., pg. 490). Macedo Soares<br />

também atribuiu origem africana (Revista Brasileira,<br />

15-5-1880). Fernando Ortiz, s. v. cañandonga,<br />

dá um indonga significando do reino*<br />

rte Angola, o Dongo, como se chamou outrora;<br />

candonga seria, pois,. pequeño angolés. O esp.<br />

candonga, adulagáo, cagoada.<br />

CANDOR — Do lat. candare.<br />

CANDURA — Haplologia <strong>de</strong> *candidura, <strong>de</strong><br />

,<br />

candido (Figueiredo, A hingua <strong>Portuguesa</strong>, J,<br />

35). A. Coelho tira da raiz cand, <strong>de</strong> candido, e<br />

suf. lira.<br />

CANECA — A. Coelho, dizendo que provavolmente<br />

no comógo <strong>de</strong>signou só os vasos <strong>de</strong><br />

forma cilindrica, <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> cano. Diez, Gram.,<br />

II, 282, reeonhece o suf. ce. Otoniel Mota, O<br />

meio idioma, 11, <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> um tema germánico<br />

can, que se encontra no ir. cannette, no ingl.<br />

can e no al. Kaivne, com o suf. eco.<br />

CANEFORA — Do gr. kanephóros, que cari-ega<br />

cesto, pelo lat. canephora.<br />

CANEIRO — De cano e suf. eiro. A. Coelho<br />

tira, com dúvida, <strong>de</strong> canal. Cortesao dá.<br />

umlat. "canalariu, impossível fonéticamente.<br />

CANEJA — Do esp. cañeja, que M. Lübke,.<br />

REW, 1586, tira do lat. canícula, cáoziriho. A.<br />

Coelho manda comparar com o adj. canejo.<br />

CANEJO — De can, forma antiga <strong>de</strong> cao,<br />

e suf. ejo.<br />

CANELA — De cana e suf. ela. As cascas<br />

tem forma <strong>de</strong> meios cilindros. M. Lübke,,REW<br />

1597, dá ó esp. canela, o it. cannella e o fr.<br />

canelle como <strong>de</strong> origem portuguesa. A Aca<strong>de</strong>mia<br />

Espanhola dá um b. lat. ca,nella (que alias<br />

produziu um esp. canilla-, osso da perna) . Petrocchi<br />

dá canella, pequeño tubo, <strong>de</strong> canna, distinto<br />

<strong>de</strong> cannella, planta originaria da India e,<br />

portante, <strong>de</strong> possível introdugáo portuguesa<br />

(cfr. Lusíados, X, 51, e outras citagoes <strong>de</strong> <strong>Da</strong>lgado).<br />

Larousse dá também um b. lat. canella,<br />

dim. <strong>de</strong> canna. Canella no sentido <strong>de</strong> osso da,<br />

perna é que vem 'do Jai. canella, dim. <strong>de</strong> canna<br />

em vez <strong>de</strong> cannulla (v. Anel)<br />

CANELIM — De canela e suf. im; o núcleo<br />

é um pedago <strong>de</strong> canela. .<br />

CANELURA — Do gr. cannélure. Figuei-<br />

-<br />

redo <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> canela.<br />

CAÑETA — Dim. <strong>de</strong> cana; sao pequeninas.<br />

como um canigo novo (cfr. o cálamo dos<br />

antigos).<br />

CÁNFORA — Do sánscr. karpura, já assimilado<br />

no prácrito kappura, don<strong>de</strong> o ár. kafur<br />

por falta <strong>de</strong> p. Existe a forma alconfor também<br />

ĊANGA — Em Portugal significa jugo dos<br />

bois. Neste sentido, segundo Leite <strong>de</strong> Vas-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!