17.06.2016 Views

Dicionario Etimologico Da Lingua Portuguesa, de Antenor Nascentes

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

1<br />

CACEIA<br />

. CACHAQA<br />

'<br />

CACHEIRO<br />

"<br />

—<br />

'<br />

.<br />

Nao<br />

wII;"<br />

Cacarejar<br />

— 85 — Cacique<br />

<strong>de</strong> Fr Simáo <strong>de</strong> Santa Catarina aparecem<br />

cucurucú e quiquirique. Ha também cacoroco.<br />

O citado J. Ribeiro repele a explicagao <strong>de</strong><br />

Castro Lopes, que aventou ter sido um dito<br />

aplicado a certo causídcio venal que urna das<br />

partes peitou com urna capoeira <strong>de</strong> galinhas.<br />

V Cacarejar.<br />

CACAREJAR — Onornatopéico, como o<br />

esp. cacarear, o lat. cucurtre. Cfr. o gr. kakkabís,<br />

perdiz, também onornatopéico.<br />

CACARETE — Figueiredo <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> cagar.<br />

M. Lübke, BEW; 6895, Lokotsch, 1117,<br />

pren<strong>de</strong>ra ao ár. kasr, castelo.<br />

CACAREU — A. Coelho <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> caco,<br />

como botaréu <strong>de</strong> botar, fogaréu <strong>de</strong> fogo, etc.<br />

Forma anterior cacarel (Cornu, Port. Spr., §<br />

132, M. Lübke, Gram. I, 510), G. Viana, Palestras,<br />

78, aceita um sufixo aréu como em<br />

enastaren, povaróu, etc.<br />

CACAROLA — De cago, com formagao<br />

especial. O esp. tem cacerola, o it. cazzarola<br />

o fr. casserolle.<br />

CACATÚA — Do malaio kakatuwa, ou<br />

apenas onornatopéico, ou <strong>de</strong> kakak tua, irma<br />

velha, nome familiar da ave (Lokotsch)..<br />

G. Viana Apost., II, 514, diz que kakatua<br />

significa turqués e que os malaios dáo éste<br />

por causa do bico.<br />

nome a ave<br />

CACAU — Do nauatle cacauatl, caroco <strong>de</strong><br />

•cacau (Lenz, Del Castillo, Los llamados mexicanismos<br />

<strong>de</strong> la Aca<strong>de</strong>mia Española, 49,<br />

Lokotsch, Amerikanische Worter, 39).<br />

CACEAR — A. Coelho do lat. captlare,<br />

cagar, e nao forma paralela <strong>de</strong> cagar.<br />

— Deverbal <strong>de</strong> cacear.<br />

CACETA — Para Cortesáo é voc. esp.<br />

A. Coelho da como <strong>de</strong>r. do b. lat. capseta,<br />

dim. <strong>de</strong> capsa, caixa. Eguilaz como dim. do<br />

ar. cas, taga para beber. V. Cago.<br />

CÁCETE — A. Coelho <strong>de</strong>rivou do fr. casse-téte,<br />

quebra-cabega literalmente. G. Viana,<br />

Apost. I, 193, prefere tirá-lo <strong>de</strong> cago, no sentido<br />

<strong>de</strong> moca.<br />

CACHA — Deverbal <strong>de</strong> cachar. Para outros<br />

sentidos, v. o Glossário.<br />

— O esp. tem cachaza. Alguns<br />

autores consignara como <strong>de</strong> origem africana o<br />

voc. (Maximino Maciel, Gram. Descr. 224, Ama<strong>de</strong>u<br />

Amaral, O diaieto caipira, 43).<br />

CACHACO — De caho, no sentido <strong>de</strong> pescogo<br />

(Figueiredo).<br />

CACHALOTE — Do cat. quixalot, dim.<br />

<strong>de</strong> quixal ou caxal, queixal; o cetáceo foi<br />

assim <strong>de</strong>nominado, provavelmente por causa<br />

dos <strong>de</strong>n tes (G. Viana, Apost. I, 188).<br />

CACHÁO — Do lat. coctione, cocgáo (C.<br />

Michaelis, RL, XXVIII, 35; a agua que se<br />

precipita ñas catadupas, dá urna impressáo <strong>de</strong><br />

: fervura.<br />

<<br />

CACHAPORRA — O segundo elemento<br />

•quer dizer cácete (cfr. porrete) ; o primeiro<br />

é obscuro (A. Coelho). Cortesáo tira do esp.<br />

cachiporra. A Aca<strong>de</strong>mia Espanhola tira o<br />

primeiro elemento <strong>de</strong> cacha, do lat. capilla,<br />

plur. <strong>de</strong> capulum, punho, e significando pega<br />

componente do cabo das navalhas e outras<br />

armas <strong>de</strong> corte. Barcia tira <strong>de</strong> cacho <strong>de</strong> porra,<br />

pedago <strong>de</strong> cácete.<br />

CACHAPUZ — Onomatopéia (Figueiredo)<br />

CACHAR — O fr." cachev e o prov. cachar<br />

vém do lat. coacticare, comprimir, <strong>de</strong>r.<br />

<strong>de</strong> coactum (M. Lübke, REW, 2001). A Coelho<br />

dá lat. coactare. O esp. cachar, quebrar,<br />

tem outra origem (<strong>de</strong> cacho, segundo a Aca<strong>de</strong>mia<br />

Espanhola).<br />

CACHEIRA — 1 — Leite <strong>de</strong> Vasconcelos,<br />

RL, II, 31, G. Viana, Apost. I, 190, do lat.<br />

capularia. A. Coelho do tema cacha, <strong>de</strong> escachar,<br />

e suf. eirá. Isto quando significa pau<br />

comprido e torcido.<br />

2<br />

—• Antiga vestidura: De cachar e suf.<br />

eirá ? (A. Coelho).<br />

. De cachar; éste qualificativo<br />

se aplica ao ourigo que, enrolando-se,<br />

<strong>de</strong>ixa ver só os espinhos que o cobrem (A.<br />

Coelho).<br />

CACHEMIRA — De Cachemir, regiáo da<br />

India na qual se fabricava esta fazenda.<br />

CACHENÉ — (no Brasil cachene) — Do^ fr.<br />

cache-nez, literalmente escon<strong>de</strong> nariz.<br />

CACHETE — Do esp. cachete, murro (A.<br />

Coelho).<br />

CACHIMANHA — De cachar e inanha<br />

(A.<br />

Coelho).<br />

'<br />

.<br />

CACHIMBO — Do bundo quixi7na, pogo,<br />

buraco, coisa oca (Macedo Soares). Na África<br />

Oriental <strong>Portuguesa</strong> há jingo (gingu), que<br />

<strong>de</strong>signa urna especie <strong>de</strong> cachimbo. Parece a<br />

G. Viana, Apost. II, 42, que cachimbo vem<br />

<strong>de</strong> urna forma <strong>de</strong>rivada cafrial<br />

kajingu, que ao<br />

passar ao port. tivessé sofrido a anormal mudanga<br />

do j em b, mo<strong>de</strong>lada portante por outra<br />

palavra, também cafrial, carimbo. Vendo, porrera,<br />

que cachimbo na língua tete é propriamente<br />

chana, supóe que o voc. veio do turco<br />

chíbuq através <strong>de</strong> línguas cafriais, on<strong>de</strong> ka<br />

é prefixo diminutivo: cachibu, que com a<br />

nasalagáo do b, aférese da consoante final e<br />

<strong>de</strong>slocagáo do acento tónico, <strong>de</strong>u a forma port.<br />

(Apost. I, 452-4). Acha, alias, muito excogitado<br />

éste prócesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivagáo. Fernando<br />

Ortiz acha que o voc. veio da África, on<strong>de</strong> o<br />

levaram os- árabes ou quigá os portugueses<br />

ao transmitir aos congueses o uso do fumo.<br />

Pichardo, Granada, Segovia, _Ama<strong>de</strong>u Amaral<br />

o supoem africano. Bertoni d julgou guaraní,<br />

Lenz talvez antilhano. Para Joáo Ribeiro <strong>de</strong>signou<br />

primeiramente a planta do opio (.Revista<br />

da Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> Letras, XC,<br />

pg. 196).<br />

,<br />

CACHIMONIA — <strong>Da</strong> mesma raiz que cachoeira,<br />

cachola, etc. (Figueiredo). M. Lübke.<br />

REW, 1445, filiou ao lat. caccabu, caco<br />

(Miscelánea Caix e Canello, 121).<br />

CACHO. — A. Coelho observa que no esp.<br />

há cacho, pedago, fragmento, que se liga ao<br />

tema <strong>de</strong> escachar e pergunta se o port. será<br />

primitivamente idéntico. Acrescenta que o esp.<br />

tem formas duplas : gacho, curvado, e, gajo,<br />

ramo <strong>de</strong> árvore cortado e cacho <strong>de</strong> uvas. Diez,<br />

Dic, propés o lat. capul/u, punhado, mancheia,<br />

caplu (cfr. ámplu-ancho). Leite <strong>de</strong> Vasconcelos<br />

objetoü que pl só <strong>de</strong>u ch na Península Ibérica<br />

quando precedido <strong>de</strong> consoante. Nao obstante<br />

esta pon<strong>de</strong>rosa circunstancia, é ainda capulu,<br />

para G. Viana, Apost., I, 190, o étimo que por<br />

enquanto apresenta maiores probabilida<strong>de</strong>s.<br />

CACHOEIRA — De cacháo e suf. eirá.<br />

CACHOLA — A. Coelho tirou, com dúvida,<br />

<strong>de</strong> cacho, pescogo, e suf. oZa.. G. Viana,<br />

Apost-, I, . 190, pensa que há relagáo com o<br />

.esp. cholla, cabega (termo chulo) e observa<br />

que nao é fácil explicar a primeira sílaba do<br />

voc. port. Zeitschrift rom. Phil., XXX, 569, ligou<br />

ao lat. caccabu, caco, o que M. Lübke,<br />

BEW, 1445, nao aceitou.<br />

CACHOLOTE — Forma <strong>de</strong> cachalote,<br />

aproximada<br />

<strong>de</strong> cachola, cabega <strong>de</strong> peixe (G. Viana,<br />

Apost., I, 188). ,;<br />

CACHOPO — po<strong>de</strong> representar<br />

. o lat.<br />

scopulu, escolho, <strong>de</strong> modo algum (A. Coelho).<br />

Do vascongo chakur, cáo-<br />

CACHORRO<br />

—•<br />

zinho, com metátese (G. Viana, Apost., I, 189,<br />

Gerarhd Rohlfs, Baskische Relikworter in Pyrenaengebiet,<br />

Zeitschrift rom. Phil., XDVII).<br />

Diez, Gram. I, 196, II, 341, tirou do lat. catiltil;<br />

animal pequeño, e suf. vascongo orro,<br />

mas observa M. Lübke, REW, 1771, que íí em<br />

esp. nao dá ch. García <strong>de</strong> Diego, Contr., 111,<br />

acha que a <strong>de</strong>rivagáo do vascongo suscita dificulda<strong>de</strong>s<br />

enormes. Primeiramente chacurra<br />

<strong>de</strong>ve ser um empréstimo espanhpl antes que<br />

originariamente vascongo. E mais :fácil:shayer:/<br />

a metátese do -espíí para pv vascongo v doS ique- "<br />

ao contrario, pois em vascongo a metátese tem<br />

extensáo <strong>de</strong>sconhecida ñas <strong>de</strong>mais falas peninsulares.<br />

Cachorro é um diminutivo <strong>de</strong> cacho;<br />

dé que proce<strong>de</strong> cachonda.<br />

CACHUCHA — Do esp. cachucha,<br />

CACHUCHO<br />

—•<br />

E o esp. cachucho, que na<br />

. gíria castelhana significa ouro (G. Viana,<br />

Apost. I, 191).<br />

CACIFO — V. Cafiz.<br />

CACIMBA '— Em Portugal tem a significacao<br />

<strong>de</strong> chuva miúda e nesta accépgáo, segundo<br />

G. Viana, Apost., I, 192, <strong>de</strong>ve ser diferente do<br />

mesmo vocábulo com- a significagao .<br />

<strong>de</strong> pogo,"<br />

a qual aparece na África Oci<strong>de</strong>ntal, on<strong>de</strong> se<br />

originou (.quimbun&o quixima, v. cachimbo),<br />

na Oci<strong>de</strong>ntal e no Brasil.<br />

CACIQUE — Do taino (Lenz, Lokotsch, G.<br />

Viana, Apost. I, 192, Beaurepaire Roñan). Diz<br />

Las Casas: Y alli (no Haiti) supo el almirante<br />

que al rey llamaban cacique". Oviedo : "Aqueste<br />

nombre no es <strong>de</strong> la Tierra-Firme, sino propiamente<br />

d e sta Isla Española" Machado Soares<br />

hesita entre a origem americana, e a africana.<br />

Fernando Ortiz apresenta esta.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!