17.06.2016 Views

Dicionario Etimologico Da Lingua Portuguesa, de Antenor Nascentes

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

o<br />

.<br />

.<br />

;<br />

Ca<strong>de</strong>te<br />

.._. 37 --<br />

cahier. Os ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> que se formava um<br />

livro, compunham-se gcralmente, ao menos<br />

nos volumes mais antigos, <strong>de</strong> quatro membranas.<br />

(Ottino, Bibliografía, pg. 13). A quinta<br />

folha foi acrescentada para impedir a danificacáo<br />

da do fora.<br />

" CADETE — Do fr. cadct.<br />

CADI — Do ár. kadi, juiz.<br />

CADILHO — A. Coelho observa que o<br />

esp. tem cadillo e ca<strong>de</strong>jo; da um lat. catellu,<br />

<strong>de</strong> catena. Cortesáo <strong>de</strong>riva do primeiro déstes<br />

vocábulos.<br />

CADIMO — Do ár. kadim, velho, dai exercitado.<br />

CADINA — Do turco kadin, senhora (Devic).<br />

CADINHO — Do lat. catinu; esp. catmo.<br />

CADIVO — Do lat.<br />

cadivu.<br />

CADHEIT — Do gr. kádmeios, pelo lat.<br />

cadnieu.<br />

CADMÍA — Do gr. kadmeia, pelo lat.<br />

cadmía. Este mineral era muito encontrado<br />

ñas cercanías <strong>de</strong> Tebas, na Beócia, cida<strong>de</strong> fundada<br />

por Cadmo.<br />

CADMIO — De cadmía, por tor sido encontrado<br />

neste mineral.<br />

CADO — Do hebr. kad, bal<strong>de</strong> (Boisacq),<br />

pelo gr. kádos e pelo lat. cadu.<br />

CADOZ — 1 — Lugar escondido. Do ár.<br />

kadus, cántaro, que Lokotsch <strong>de</strong>riva do gr.<br />

kádos, <strong>de</strong> origem hebraica. Sobre a mudanca<br />

<strong>de</strong> significacáo éste autor manda comparar o<br />

velho eslavo krinica, cántaro, em polaco poco<br />

e em esloveno lugar profundo do urna agua.<br />

O esp. tem cadozo.<br />

2 — Peixe. O esp. tem cadoce, cadoz, asturianismos,<br />

segundo a Aca<strong>de</strong>mia. Barcia <strong>de</strong>riva<br />

o esp. <strong>de</strong> cad.'Z, <strong>de</strong> cado, do lat. cadu.<br />

caducariu.<br />

grega.<br />

CADUCARIO — Do lat.<br />

CADUCEU — Do lat. caduceu, <strong>de</strong> origem<br />

CADUCIFERO — Do lat. caduciferu.<br />

CADUCO — Do lat. caduca, que ten<strong>de</strong> a<br />

eair; daí o sentido <strong>de</strong> fraco <strong>de</strong> espirito pela<br />

senilidado.<br />

CAPARRO — Do ár. khafra, protecao.<br />

Eguilaz julga que talvez soja corruptela do<br />

ár.<br />

sojra.<br />

CAFÉ — Do ár. kahwa, vinho, pronunciado<br />

a turca kahwé (o nomo do fruto em<br />

ár. é bunn). É provável, porém, que o verda<strong>de</strong>iro<br />

étimo seja o nome geográfico Kaffa,<br />

regiáo da Abissínia, primeiro habitat da planta,<br />

introduzida na Arabia por Axadili. <strong>Da</strong><br />

Arabia passou á Siria o daí á Turquía, on<strong>de</strong><br />

em 1550 se abriram os primeiros cafés em<br />

Constantínopla. Em 15S0 os venezianos trouxeram<br />

da Turquía a bebida ao resto da Europa<br />

ĊAFETÁ — Do persa khaftan, pelo ár. e<br />

pelo turco kaftan, um vestuario.<br />

CÁFILA — Do ár. kafila, companhia <strong>de</strong><br />

viagem.<br />

CAFIZ — Do ár. kafiz, alqueire.<br />

CAFRE — Do ár. kafir, part. pres. ativo<br />

do verbo ¡cafara, mentir, ser infiel, <strong>de</strong>serente.<br />

Especializou . sentido, aplicando-sc aos<br />

povos pagaos da África Oriental nos primeiros<br />

tempos da hégira.<br />

CAFUA — A. Coelho acha que talvez se<br />

ligue a cafiz, caiz, cacifo. Macedo Soares supoe<br />

talvez do bundo.<br />

CAFURNA — A. Coelho supóe composto<br />

talvez <strong>de</strong> ca, partícula peyorativa que tambera<br />

se encontra em fr., e do fuma, ou entáo<br />

urna mistura do cafua e fuma. Talvez<br />

fuma e caverna (Archiv für lateinische hexikographie<br />

und Grammatik, II, 429, apud M.<br />

Lübke, REW, 3602).<br />

CAGADO — Do lat. cacitu (Cornu, Port.<br />

Spr., § 107, G. Viana, Apost., I, 198). As transformacóes<br />

<strong>de</strong>viam ter sido : cacidu — cacdu —<br />

cagdo — cáguedo — cagado. K um dos raros<br />

proparoxítonos latinos conservados. Cornu dá<br />

urna citagáo <strong>de</strong> Isidoro <strong>de</strong> Sevilha: Lutar'.ae,<br />

id est, in cocno et paludibus viventes. Ribeiro<br />

<strong>de</strong> Vasconcelos, Gram. Hist., 41, dá o lat.<br />

caca(b)atum (cfr. cacabus) — cacaatum —<br />

cácatum.<br />

CAGAMASSO — De _ cagar e masso ? Cfr.<br />

Pegamasso, <strong>de</strong> pegar é masso (A. Coelho)<br />

CAGAR — Do lat. cacare, esp. cagar, it.<br />

cacare, ir. chier.<br />

CAGASTRO — De um voc. cagastrum, forjado<br />

por Faracelso.<br />

Cajado<br />

CAIAQUE - Do groenlandés kaiak, que<br />

por acaso ou talvez por parentesco lingüístico,<br />

como pensam Yule e Burnell, Hobson-Jobson,<br />

143, apud Lokotsch, 1014, soa semelhante<br />

ao turco kajyk (v. caique).<br />

CAIAR — M. Lubke, REW, 1570, <strong>de</strong>riva<br />

do lat. cañare, branquear. A. Coelho tirou <strong>de</strong><br />

calcar, <strong>de</strong> cal, opiniao seguida por Cornu,<br />

Port. S2>r., §S 130 e 260. Joáo Ribeiro, Soleta<br />

Clássica, pg. 69, observa que talvez estoja<br />

por canhar (cao o cd — lat. canus), branquear,<br />

ou calhar, como seria a <strong>de</strong>rivacáo mais<br />

lógica. Do lat. calis por calx. V. Mario Barreto.<br />

Novissimos Estudos, pg. 51.<br />

CA1BRO — M. LubkE. REW, 1650, tira<br />

do lat. caprcu, <strong>de</strong>rivado regressivo <strong>de</strong> capreohí<br />

no sentido <strong>de</strong> viga do telhado; esp. cabrio,<br />

fr. chevron (com suf.). A. Coelho tirón, com<br />

dúvida, do lat. capulu, suponclo que o i se <strong>de</strong>senvolvcu<br />

como em caimbra por cambra.<br />

CAIBRA — Do gorm. krampi, al. Krampf<br />

esp. calambre, fr. crampe. Y. Diez, Gram.,<br />

I, 281, M. Lübke, REW, 4753. C. Michaélis, <strong>de</strong><br />

Vasconcelos, Glos,do Canc. da Ajuda. V. Gramp.-.<br />

Cortesáo <strong>de</strong>riva do esp. Quanto ao i, v.<br />

Amainar.<br />

CAIMAQÁO — Do ár. kaim mekam, o<br />

que está num lugar, tenente, segundo A. Coelho<br />

o Cortesáo.<br />

CAIMAO — Do taino kaiman (Lokotsch,<br />

AmOrikanische Wórter). Segovia e a Aca<strong>de</strong>mia<br />

Espanhola dáo o caribe acayumán.<br />

CAINQA — Nunes, Gram. Hist. Port., 109,<br />

tira do lat. canitia; A. Coelho, <strong>de</strong> canic a, <strong>de</strong><br />

can, antiga forma <strong>de</strong> cao, o suf. ica.<br />

CAINCLHA — De cainca e suf. alha.<br />

CAINHO — Do lat. caninu (Cornu, Port.<br />

Spr., § 122, Cortesáo, Nunes, Gram.. Hist.<br />

Port., 108) ; esp. it. canino, fr. ant. chenin.<br />

Significou propriamente <strong>de</strong> cao; passou <strong>de</strong>pois<br />

ao significado <strong>de</strong> mesquinho, porque cao é<br />

palavra injuriosa. A. Coelho inventou um tema<br />

canhj que se encontra. no fr. cagnard,<br />

mandriáo, talvez do lat. canís, cao. Macedo<br />

Soares relaciona com Caim. Em M. Lübke,<br />

.REW, 1590, há evi<strong>de</strong>nte erro tipográfico.<br />

CAINITA — V. Cenita.<br />

Chila-cuiota.<br />

CAIOTA — V.<br />

CAiPIRA — Nome <strong>de</strong>preciativo com que<br />

os realistas <strong>de</strong>signavam cada um dos constitucionais,<br />

durante as lutas civis portuguesas<br />

<strong>de</strong> 1828-34. Como provincialismo minhoto, quer<br />

dizer sovina, avarento (Camilo, Cancloneiro<br />

Alegre, 2.» ed., 60). V. O GZo.ssci.rio.<br />

CAIQUE — Do turco kajyk, bote.<br />

CAIR — Do lat. ca<strong>de</strong>ra; esp. caer, it. ca<strong>de</strong>re,<br />

fr. choir. Are. caer: si caer pectet mille<br />

morabitinos (LOges, p. G03-A. 1225).<br />

CAIREL — Talvez do prov. cairel. A.<br />

Coelho tira <strong>de</strong> quadrela. Cortesáo tira <strong>de</strong><br />

quadrellu, no significado <strong>de</strong> pOssoeiro ou cabera<br />

<strong>de</strong> um casal; manda confrontar com quadrela<br />

e quairela. Com efeito, qu em sílaba<br />

átona dá c (cfr. quaterna-ca<strong>de</strong>rno) , dr dá ir<br />

(cfr. cathedra-ca<strong>de</strong>íra) . No sentido diverso, o-<br />

mesmo autor confronta com o esp. cairel, do<br />

gr. /cairos, fio ou fios em or<strong>de</strong>m. A Aca<strong>de</strong>mia..<br />

Espanhola tira o esp. do lat. caliendru, especie<br />

<strong>de</strong> coifa ou peruca. A Cornu, Port. Spr.,<br />

§ 100, parece estranha a apócope do o. V.<br />

Anel. M. Lubke, REW, 6921, nao dá o port.<br />

apresenta o esp. cuadrillo, o it. quadrello, o<br />

prov. cairel, o fr. carrean.<br />

CAIS — Do fr. quai, <strong>de</strong> origem céltica.<br />

M. Lübke, REW, 1480, rejeita o neerl. kaai<br />

(Zcitschrift rom. Phil., XVIII, 521), por julgá-lo<br />

<strong>de</strong>rivado fr.<br />

CAIXA — Do gr. kapsa pelo lat. capsa<br />

o pelo prov. caissa (M. Lübke, REW, 1658);<br />

esp. caja, it. cassa, fr. chasse, caisse. Bourciz,<br />

Line. Rom., 180, supóe o port., o esp. e<br />

o prov. <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> um tipo vulgar capsea.<br />

Nunes, Gram. Hist. Port., 121, explica por<br />

vocalizacáo do p (caissa) e palatalizacáo do<br />

CAIXAMARIN — De caíxa e marino, marinho<br />

(A. Coelho).<br />

CAJADO — Do gr. chaios, báculo (Diez,<br />

Gram. I, 54, M. Lübke, REW 1855). Para o<br />

esp. cayado a Aca<strong>de</strong>mia Espanhola e García<br />

do Diego, Contr., 91, aceitam o lat. caía, vara,<br />

garrote. Lokotsch, 1006, relaciona as formas<br />

port. e mais a esp. e a cat. com alcai<strong>de</strong>, comandante<br />

<strong>de</strong> fortaleza, alegando que o pastoré<br />

o chefe, o guia do rebanho. Nunes, Gram.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!