Dicionario Etimologico Da Lingua Portuguesa, de Antenor Nascentes

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Morfina — 343 — Mortandad©
tenay (Meillet, Advertencia cía tradugáo fraiv
cesa do Kurze Vergleichende Gra-mmatik do
Brugmann, pg. V.).
MORFINA — De Morfeu, o deus do sonó
na mitología grega, e suf. ina; tem propriedades
soporíferas.
MORFINOMANIA — De morfina e gr.
inania, l'oucura.
MORFOGENIA — Do gr. morphc, forma,
gen, raíz de gignomai, gerar, e suf. ía.
MORFOLOGÍA — Do gr. morphé, forma,
lógos, tratado, e suf. ía.
MORFOSE — Do gr. múrphosí-s, formacao,
imagem; sao os elementos móríicos das palavras.
Neologismo proposto por José Oiticica
(Manual de Análise, 3.» ed., pg. 50).
MORFOSTEQUIA — Do gr. morphé, forma,
stoicheion, elemento.
MORFOZOARIO — Do gr. morphé, forma,
sóon, animal, e suf. ario.
MORGADO — Do lat. "maioricatu, derivado
de maior, mais velho (RL, IV, 335, Leite
de Vasconcelos, Licoes de Filología Portuguesa,
154, n. .8, Cortesáo, Figueiredo, M. Lübke,
REW, 5247) . Maioricatu exige urna base
"maiorica (cfr. os nomes próprios Maiorca,
Maiorga) e exige a serie "maiorgado, "maorgado,
moorgado : Picando sempre ao filho
mayor como moorgado (Scriptores, pg. 262)
A. Coelho derivóu do lat. maiorati'*. O esp.
tem mayorazgo e o it. maiorascato :•
MORGANATICO — - Do al. Morgen, manhá
(A. Geelho,. Figueiredo), por alusáo as horas
matutinas, preferidas para casamento de pessoas
de con'dicáo desigual ? A Academia Espanhola
apresenta o got. morgjan, restringir.
Petroechi considera de origem incerta o it.
morganatico e cita Littré, que derivou do al.
Morgen, manhá: feito de manhá, sem pompa.
Larousse, explicando o fr. morganatique
por um latim medieval morganaticus, prende
ao al. Morgen, segundo a expressáo Morgengabe,
dom da manhá. Stappers entende que
esta etimología nao se justifica nem pelo sentido
nem pela forma; prefere o gótico. Clédat
aceita Morc/engabe.
MORIBUNDO — Do lat. moribundu.
MÓRICO — Do gr. móron, amora, pelo
lat. mom, e suf. ico; éste ácido foi encontrado
na casca da amoreira.
MORIGERADO — Do lat. morlgeratu, que
condescende.
MORILHAO — Cortesáo tirou do esp.
morilla, que alias significa urna especie de
cogumelo; Figueiredo filia ao lat. moru,
amora. . .
MORIM — "O termo, diz Dalgado, e indiano,
ainda em fins do século passado usado
em Goa, posto que eu nao o tenha encontrado
em nenhum escritor nacional. O Glosásário
Anglo-indiano (2.» edicto) tem 'a. segúrate
inscricao: Morees sao panos azues, manufaturados"
principalmente nos distritos de Nelor
e de Canatur, no coletorado de Chmgleput
de Madrasta... Do mal. muri, "moire-clotn ,
Wilkinson".
MORINA — 1 (substancia) : do latim
moru, amora; encontra-sa na amoreira.
2 (planta) : da mesma origem, segundo
Figueiredo.
,
MORINELO — Figueiredo acha que talvez
se relacione eom o b. lat. murinu, que tem
cor de rato.
.
MORIOPLASTIA — Do gr. mórvra, partícula,
plast, de plásso, modelar, e suf í-
MORIQUINO — Do b. lat. móriMnu (Fi-
£TUGÍrGCÍ.OÍ
MORMACO — A. Coelho derivou de momo
e sui acó. Figueiredo tira talvez de bruma,
visto que no Pico e no Faial dizem bruviaco,
de que mormaco seria alteracao explicavei.
mórmyros, pargo.
MORMIRO — Do gr.
MORMO — Do lat. morbu, doenga (Diez,
Dio. 217, A. Coelho, Pacheco e Lameira,
Gram. Fort., 96, Cornu, Fort. Spr., § 18»,
Cortesáo, Lindsay, The Latín Language, 52)
esp. muermo, fr. morve. Nunes, Crest. Ara.,
LXXXIV, julga um castelhanismo. M. Lubke,
REW, 9570, liga ao franco worm, pus. be
vem de morbu, especializou o sentido.
MÓRMON — Do ingl. more, mais, e heor.
mon, bom, neol. de José Schmidt, o fundador
da seita. Diz Bonnaffé que é o nome de uro
personagem imaginario, autor do Boo7c of
Mormon, que teria sido achado em 1823 por
José Schmidt.
MORNO — Do germ. mom (Diez, Gram.
I, 64, Dic. 643). A. Coelho, no Suplemento,.
dá o étimo gót. ma.urnan, de Cornu. Nunes,
Gram. Hist., 162, 169, clá um lat. "murnu,
pelo germ. murni. M. Lübke, REW, 5587,
aceita o franco maurnan, ser triste, para o
fr. morne e para o prov. mom, mas, juigando
pouco adequado o sentido, rejeita para.
o port. momo e para o gal. morne.
MOROSO — Do lat. moros*..
MOROUCO — A. Coelho, s. v. moiroco,
dá para étimo o vasconco murua. "Tirando
o a artigo, diz G. Viana, Apost. II, 159, fica
muru, que nao explicaría a terminagáo que a
palavra tem em portugués. Em vasconco, porém,
existe também mulgo, que por meio deformas
intermediarias poderá ministrar mais
plausível étimo", julio Moreira, Estudos, I,
203, pensa que a origem é a palavra muro.
"O sufixo derivativo seria -o«fO¡, que entra,
ainda em outros derivados, como, por exemplo,
pedrougo, nome formado do vocábulo podra.
Em tal caso deveria escrever-se murouco,
com u, e nao mourouco" .
Leoni, Geniada
' Língua Portuguesa, I, 138, ligou ao lat.
mors .
MORRACA — De morráo (A. Coelho).
MORRACA — Figueiredo acha que talvez.
esteja por maraca, do lat. moru, amora.
MORRÁO — Figueiredo acha que talvez:
seja da mesma origem que morraga.
MORRER — Do lat. "morere pelo depoente
mori; esp. morir, it. moriré, fr. mourir.
Só em port. figura rr, que Cornu, Port. Spr.,.
§ 326, explica por um infinito morre de ~morere.
Outros explicam pelo futuro: mor'r +
ei—morrei, que existiu no port. ant. como no
esp. ant., ao lado de querrei hoje quererei
(cfr. esp. querré). A forma do futuro com
rr passou a ser básica para toda a conjugagáo
(Leite de Vasconcelos, Licóvs de Filología
Portuguesa, 281, G. Viana, Apost. II,
163, M. Lübke, Gram. II, 161, 171, REW,
5681, Nunes, Gram. Hist., 338). Brachet cita.
moriri em Plauto; Nunes, Digressoes lexicológicas,
196, em Ovidio, Metamorfoses, XIV,
215. De moriré teria vindo, segundo Nunes,
um infinito arcaico "morir, mais parecido
com as formas románicas. A. Coelho derivou
do lat. moriri.
MORRIÁO — Do esp. morrión (Figueiredo,
M. Lübke, REW, 5762), que a Academia Espanhola
deriva de morra, alto da cabeca, vocábulo
da mesma origem que morro. Stappers
atribuí idéntica, origem ao fr. morion.
MORRINHA — A. Coelho derivou
_
demorrer.
Figueiredo, de um b. lat. morina.
Cortesáo, do esp. morriña. Claudio Basto, RL,
XXI, 216, também prende a morrer.
MORRO — A. Coelho lembra o esp. morro
e manda ver morougo. Maximino Maciel, Gram.
Descrit., 244, tira do vasconco. A Academia
Espanhola lembra o fr. ant. mourre.
_
MORSA. — Do esl. mom (Romanía, IV,
363 M. Lübke, REW, 5097); este autor rejeita
o fines mursu (Behrens, Beitrage zur franzosichén
Wortgeschichte und Grammatilc, dl¿).
MORSEGAR — Do lat. morsicare.
morsu>.
MORSO — Do lat.
MORSOLO — Do lat. morsu (A. Coelho)
MORTADELA — Do it. mortadella (A.
Coelho), que Petroechi tira de mortaio, pilaconde
se mói a carne de porco, e Zambaldi
faz vir de muriatu, temperado com murta. _
MORTAGUA — De Mortágua, nome prom-io
(Figueiredo).
MORTALHA — Do lat. *mortalia por mortnlia
(Nunes, Gram. Hist., 123, 141); esp mortaia
fr mortaüle (direito de sucessao) .
M.
Lübíce, REW, 5695, dá como derivado do lat
mortuu e García de Diego, Oontr., n. «4, ao
lado do esp., cita só a forma galega mm talla
MORTANDADE - Do lat mortahtate ,-
.
esp. mortandad, it. mortalita ^ornu Pc»t¿
Spr., § 129, acha que o n veio do l.
°Jf e .
-mortandade. Are. mortaidade °rf'^de >
mortiindade: E farom gram mortaidade en os
iimnep*: dnéditos de Alcobaqa, d. u ,
pg- imii
E por esta mortiimdade, qué M fe «J tamanh*
(Scriptores, pg. 258). - Pode ver-se na toima
atuaf influencia de palavras em «cZade (Leite
de Vasconcelos, Ligdes de Filología Po, tugue-