17.06.2016 Views

Dicionario Etimologico Da Lingua Portuguesa, de Antenor Nascentes

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Clássica,<br />

ecciesíam".<br />

. dicá-las<br />

leguan.<br />

:<br />

~yry::rr:<br />

formas<br />

:<br />

apresenta.<br />

arcaicas<br />

:<br />

'<br />

v<br />

.<br />

:<br />

Igreja 272 — íleon i<br />

com isento, antes iesento-exemptu, coi» o popular<br />

iró(.s)-eiró-areola, e medial, com hcaolectionem<br />

(cfr. eleigáj), crível, áe^ creivel, e<br />

provavelmente com arisco-areisco. Joao Kibeiro,<br />

Seieta . 132, acredita que essa opiniáo,<br />

sem embargo <strong>de</strong> ser, como e, autorizada<br />

por nomes táo ilustres, o que o levou a aceitá-la<br />

sem maior exame (nota 35), carece contudo<br />

<strong>de</strong> sólidos fundamentos. A singularida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> táo rebuscados e raros exemplos como<br />

Bines, Grijó, toro, em língua en<strong>de</strong> o grupo ei,<br />

ocorre numerosas e infinitas yezes, e nao <strong>de</strong>ixaria<br />

<strong>de</strong> contrair-se em i ñas sílabas 'átonas,<br />

segundo quérem" aqueles filólogos (Leite <strong>de</strong><br />

Vasconcelos, Cortesáo, G. Viana), está mostrando<br />

que éste caso merece revisáo mais<br />

acurada. Nem na prosodia popular, nem entre<br />

os arcaísmos encontramos vozes como chirar<br />

por cheirar, diñar, pitoril, irddigo, sitarlo, cifar,<br />

ditar, acitar ou óutras que tais, quantas<br />

se queiram lembrar ern que o ei protónico<br />

seguido <strong>de</strong> consoante se con<strong>de</strong>nsasse cm i;<br />

apenas em certos e raros casos (como veremos),<br />

por exemplo, antes do z é que vemos<br />

ei contraído cm i na prosodia vulgar (eizemplo,<br />

izemplo (exemplo), eizame c izame (exame),<br />

Eizidoro e Izidoro, Eizabel, o Izabel e até<br />

na escrita: exempto e izcnto. Os exemplos,<br />

pois, que aponta G. Viana, ou Cortesáo tem<br />

por suspoitos ou duvidosos. O exemplo eigreja<br />

é obscuro porque po<strong>de</strong> ser éste ei inicial um<br />

iníluxo regressivo da segunda sílaba (que contém<br />

ei, realizando-se na primeira) e efetivamente<br />

encontramos as formas eigrejas (Leges<br />

a-p. Cortesáo), cygleja (í<strong>de</strong>m) e eygreija (século<br />

XII, na dita Seleta XXVIII) ; na Historia<br />

<strong>de</strong> Iria (ibid. XL.IV) <strong>de</strong>param-se Ygreja<br />

(duas vezes) c Bygreje; em Fernáo Lopes,<br />

egreia, pg. 9, pg. 12, etc., da Crónica <strong>de</strong> D.<br />

Pedro. Suposta essa varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> formas táo<br />

fastidiosamente documentadas, explica-se a contracao<br />

efci antes <strong>de</strong> z ou das letras homorgánicas<br />

como s, x, e j; assim, do mesmo modo<br />

que se diz izem'pto ou exemplo, cinzento, dizse<br />

também peixote, pexote e pixole e eichdo<br />

e- ichdo (registrado em Cortesáo), egreijó ou<br />

grijol; mas este ei é o da segunda sílaba <strong>de</strong><br />

egreja, igreja (eccesiola, egreijol, Grijol e<br />

Grijó), antece<strong>de</strong> aje nao serve para o caso<br />

da primeira sílaba, on<strong>de</strong> antece<strong>de</strong> o grupo gr<br />

{eigreja). Assim, pois, somadas todas as . consi<strong>de</strong>racoes<br />

ácima expostas, enten<strong>de</strong> que eigreja<br />

está por metátese em -lugar <strong>de</strong> egreja ou egreija,<br />

c concorre isocrónicamente com estas últimas<br />

formas, pois i nao é vocalizacáo <strong>de</strong> c;<br />

conseguintemento ,a palavra po<strong>de</strong> ser ortografada<br />

egreja ou igreja com a mesma liberda<strong>de</strong><br />

com que se trata a vogal átona c em egual<br />

ou igual, eda<strong>de</strong> ou ida<strong>de</strong>. Concluí dizendo aínda<br />

que a vocalizacáo do grupo ce é hipótese <strong>de</strong>snecessária;<br />

porque explicando a forma espanhola<br />

iglesia o abalisado filólogo R. Menén<strong>de</strong>z<br />

Pidal com toda razáo <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> "ecleslam,<br />

forma que se halla en algunos autores e inscripciones<br />

en vez <strong>de</strong> ' Prefira-se,<br />

pois, a grafía igreja, mas sem fundar a preferencia<br />

na suposta contragáo <strong>de</strong> ei em i. A<br />

isto respon<strong>de</strong> G. Viana, Ap.\it., II, 4, dizendo<br />

que o autor da Saleta Clássica opóe urnas<br />

conjeturas que nao diz em que se estribem<br />

e pelas quais explica que o i inicial <strong>de</strong> eigreja<br />

é eco do ei da sílaba seguinte, na qual, ncte-se,<br />

nao existia na forma antiga eigreja,<br />

nem existe na mo<strong>de</strong>rna igreja, eco, assimila-<br />

Qáo progressiva (influxo regressivo lhe chama),<br />

<strong>de</strong> que nao dá mais exemplos. Ignora em que<br />

leis fonéticas reconhecidas e comprovadas so<br />

ampara o autor ñas <strong>de</strong>ducoes relativas as singulares<br />

influencias do z, do x e do j. Alega<br />

que os exemplos <strong>de</strong> Bines, Grijó c iró, rebuscados<br />

ou nao, sao verda<strong>de</strong>iros: os primeiros<br />

dois na literatura, Bines como forma obsoleta<br />

da atual Inés, o segundo nao só como substantivo<br />

comum, mas como nome <strong>de</strong> povoagáo;<br />

quanto ao terceiro po<strong>de</strong> vé-lo no Novo Dicionário<br />

<strong>de</strong> Cándido <strong>de</strong> Figueiredo e ouví-lo a<br />

toda gente, culta ou inculta, em Lisboa, on<strong>de</strong><br />

nao há ninguém que o <strong>de</strong>seonhega ou o estranhe,<br />

táo geral e frequente ele é. Os tres<br />

exemplos citados nao sao raros. Todos os vocábulos<br />

iniciados por ex se proferem usualmento<br />

(em Portugal), nao como eis... mas sim<br />

como is, tais : exemplo, exército, exame, etc.<br />

(cfr. isento), centenas e centenas déles enfim;<br />

e em todos os is iniciáis é con<strong>de</strong>nsagáo, contragáo<br />

<strong>de</strong> eis, proce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> ees, com vocalizagáo<br />

do c. Isto fundá-'se em leis fonéticas<br />

muito conhecídas para que seja necessário iri-<br />

; as explicacóes abstrusas a. qué¿ se<br />

refere, foram excogitadas expressamente; cada<br />

urna para a sua hipótese, e para mais nenhum<br />

fato similar. V. ainda Ribeiro <strong>de</strong>E/Vas--<br />

concelos, Grata. Hist., 34; Julio Moreira, Estados,<br />

II, 128 ; Nunes, Gram. Hist. Pori., 76.<br />

Seelmann, Aussprache <strong>de</strong>s Latein, 346, cita a<br />

forma aeglesie Marini, pap. dipl. CX, 33, 34,<br />

37 (Ravenna) on<strong>de</strong> o g <strong>de</strong>ve ter resultado da<br />

acáo <strong>de</strong> um fonema intermediario. ~¿JL. Lübke,<br />

Introdugao, n. 129, dá a simplificagáo do ce<br />

como vinda já do gregó.<br />

IGUAL — Do lat. aequale; esp. igual, it.<br />

agúale, fr. égal (M. Lübke, BEW, 238,' A.<br />

Coelho). Pidal, Gram. Hist. Bs%>., § IS, explica<br />

o abrandariiento do e do esp. ant. egual<br />

por influencia da semi-vogal u. Leite <strong>de</strong> Vasconcelos;<br />

Opúsculos, I, 349, dá o i como resultante<br />

da redugáo do ditongo ei; igual relaciona-se<br />

com o verbo antigo iguar-eiguar-aeguar-adaeguare.<br />

Segundo" G. Viana, Apost., II,<br />

3, <strong>de</strong>pois que em meados do século passado se<br />

alterou a grafía <strong>de</strong> igreja para egreja por falso<br />

fundamento etimológico e por influencia do<br />

fr. eglíse, se reformou também a escrita <strong>de</strong><br />

igual, que passou a ser egual, porque em lat..<br />

é aequalis, apesar dos hábitos 'comraídos du-.<br />

rante uns poucos <strong>de</strong> sáculos <strong>de</strong> ,, literatura a<br />

com o gratuito fundamento <strong>de</strong> que ae .era<br />

equivalente a e, Nunes . o étimo<br />

'<br />

-.<br />

adaequale e dá as eigual,<br />

iugal, (Gram. Hist. Pori., 76, 141).<br />

IGUANO — Do taino guana, iguana, em<br />

..<br />

aruaque A Aca<strong>de</strong>mia Espanhola o dá.<br />

como caribe; Oviedo já o empregava em 1525<br />

(Stappers, Segovia). Batista Caetano apresenta<br />

como modificagáo <strong>de</strong> iguara, aquático,<br />

principalmente em tupi, e talvez, aplicado aos<br />

lagartos, silvestre (referente -a ib, árvore).<br />

Fernando Ortiz afirma que para Leo Wieneí<br />

é mera transferencia <strong>de</strong> um animal da África,<br />

do vei malinké, mandinga e mabará kana,<br />

o lagarto africano.<br />

IGUANODONTE — De iguano o grego<br />

odoús, odóntos, <strong>de</strong>nte.<br />

IGUARIA — Cortesáo <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> 'egularia<br />

(<strong>de</strong> epularis). Sobre a substituigáo do g por<br />

p manda ver o que diz Bréal no Dio. jetim.<br />

lat. a respeito do lat. equus e do gr. hippos<br />

(talvez a par <strong>de</strong> urna antiga forma Jiilckas),<br />

<strong>de</strong> columba e palumbes. Parece-lhe impossíveí<br />

a filiagáo do vocábulo ao lat. escaria, pois do<br />

grupo se nao podia nescer-í; e ficava ainda<br />

inexplicável o aparecimento do ti. Táo boa<br />

etimología é a segunda como a primeira. O<br />

que diz Bréal nao se aplicbu em época- román-*<br />

tica, e por isso nao justificaría a transformagáo<br />

<strong>de</strong> epularis. O vocábulo é só portugués e<br />

já se encontra no sáculo XVI.<br />

ILAQAO — Do lat. ülaiione, agáo -<strong>de</strong> levar,<br />

transportar, daí consequéncia.<br />

ILAPSO<br />

—- Do lat. illapsu, coi-rente <strong>de</strong><br />

agua, penetracáo, penetracao da alma em<br />

Deus.K:;:<br />

ILAQUEAR — Do lat. maqueare, pren<strong>de</strong>r<br />

:::r::<br />

:<br />

com' r] y r<br />

leLco':y)r/M::/:<br />

ILATIVO — Do lat. illativu, cjue serve<br />

para concluir. .<br />

ILEADELFO— De íleo, é gr. a<strong>de</strong>lphós,<br />

irmáoWSSíSMíSE ::;;:;":/<br />

ILÉCEBRAS —r- Do lat. illecebras.<br />

ILE1TE — Dé íleo, e suf. ite.<br />

ÍLEO — V. Íleon.<br />

ILEO-CECAL De íleo, e cecal, <strong>de</strong> ceco,<br />

o suf. al.<br />

Ion,<br />

IDEO-CÓLICO ''— De íleo, gr. kolon, có-.<br />

e:suf.:ico.<br />

ILEOCOLOSE — De íleo, gr. cholé, bilis,<br />

o suf. ose.<br />

'".v^-v...:<br />

;<br />

N<br />

ILEOSOLOSTOMIA — De íleo, gr. kólon,<br />

colon, stóma, boca, e. suf. ia.<br />

V:E'-/<br />

ILEODICLIDITE — De íleo, gr. diklís,<br />

.<br />

diklidos, porta <strong>de</strong> dois batentes, válvula,<br />

sui. ite.<br />

IDEOILEOSTOMIA —<br />

stómay boca., e -suf.: ia.'w<br />

De Íleo, íleo,<br />

e<br />

;<br />

gr.<br />

ILEOLÓGIA — De íleo, gr. lógós¡ tratado,<br />

e suf.Stó. " :* v<br />

ÍLEON' — Do gr. eiló, enrolar, por causa<br />

das numerosas circunvólugóesE<strong>de</strong>stát parteisdo<br />

intestino.. Ramiz dá um gr. eileón, que Alé-,<br />

xandre e . Chassang nao consignam. Larousse,<br />

dá um lat. iieum, que Saraiva nao consigna.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!