Dicionario Etimologico Da Lingua Portuguesa, de Antenor Nascentes

.
A
Do
Cronológicas.
.
.
.
coxa,
;
Menos — 327 frieriearpo
©!
MENOS — Do lat. minus; esp. menos, it.
meno, fr. inoins. A forma atual é eruditamente
refeita, pois o port. are. apresenta meos
(Nunes, Gram. Hist., 109, Cornu, Port. Spr.,
§ 122, Cortesao, G. Viana, Apost. II, 133):
quanto o lióme he 'meos paciente (Orto do Esposo,
-apud Nunes, Crest. Are, S4)
MENOSCABAR — A. Coelho tirou do esp.
menoscabar, que a Academia Espanhola deriva
de menos e cabo. V. Mascavo.
MENOSTASIA — Do gr. món, mes, menstruo,
stásis, parada, e suf. xa.
MENOXENIA — Do gr. mén, mes, menstuo,
xér.os, estrangeiro( era outro órgao) e sufixo
ia.
MENSAGEIRO — De mensagem e suf.
eiro. A forma arcaica era messegeiro, messageiro
(Nunes, Gram. Hist., 145): "Vasco da
Gama r espondeo a el rey pelo mesmo messejeiro
(Castanheda, I, 11). San loliam Bautista,
messajeíro de Nosso Senhor (Leal Conseiheiro,
pg. 234). A nasalacilo do e é devida ao vi
inicial, como eni mancha, (.macula, manc'la,
mancha). Mario Earreto, Fatos da lingua portuguesa,
232.
MENSAGEM — Do fr. message; veja-se
o sufixo. A. Coelho tirou diretamente do lat.
missaticum, que se encontra em textos carlovíngios
: Si quis missum dominiciirn occiderit,
guando ir, missaticum directus . . . (Capitular de
813, apud Brachet) . forma arcaica era messalero:
Levaram sita messagem a David (Inéditos
de Alccbaga, 2.«, pg. 289). A nasalacao
do e~ é devida ao m inicial, como ern mensageiro,
a . v
MENSAL — Do lat. "mensale. A. Coelho
da um lat. mengúale, que a forma espanhola,
a italiana e a francesa postulara.
MENSÁRIO — Do lat. tríense, mes, e sufixo
cirio.
MENSTRUO — ' lat. menslruu, que sucede
em cada mes.
MÉNSULA — Do it. mensola (A. Coelho).
Figueiredo tira do lat. ménsula.
MENSURA — Do lat. mensura, medida.
V . Mesura
MENTA — Do gr. míntlie, originario de
urna lingua do sul da Europa (Boisacq), pelo
lat. mentha.
MENTAGRA — Do lat. mentagra.
MENTE — Do lat. mente; esp. miente,
it.
mente.
MENTECAPTO — Do lat. mente captu ;
tomado, ferido no entendimiento. Saraiva da
a expressáo em Cicero.
MENTIGO — E' o lat. mentigo, especie
de ronha quédela nos cordeiros.
MENTIR — Do lat. 'mentiré por mentxn;
esp. e fr. mentir, it. mentiré, /-re. mintir
(Nunes, Gram. Hist., 57), com assimilaeáo do
e ao i.
MENTIRA — Do lat.- mentita, que deu
primeiro o are. mentida; o infinito mentir
influiu de fato na troca do d por r, cfr.
lamparilla, padiola (Nunes, Gram. Hist., 96,
G. Viana, Apost. I, 483, II, 205, Forster, A.
Coelho). A. Coelho no Bicionário ainda derivou
de mentir; no Suplemento seguiu a Forster.
Figueiredo tirou de um b. lat. mentira,
que Cortesao documenta com um texto que
se aeha ñas Dissertagóes I.
. pg.
214. M. Lübke, REW, 5510, supoe um derivado
de mentir. C. Michaelis de Vasconcelos, Gloseário
do Cañe, da Ajuda, 54, hesita entre a derivacáo
de mentida, por influxo de ira, visto
que "o suf. ira nao existe, e um adjetivo popular
latino mentiriosu sem representante ñas
outras linguas románicas, a nao ser o espanhol
(M. Lübke, REW, 5510a). O it. tem mentita,,
o prov. cat. tem mentida; o esp. apresenta
r como o port.
MENTÓ — Do lat. mentu.
MENTOL — De menta e suf. ol; é extrato
da esséncia de hortelá-pimenta.
MENTOR — De Mentor, nomo de um amigo
de Ulisses, do qual 'Minerva tomou a figura
para fruiar e instruir p Te'fimaco (v. Odisséia,
II, 255); pelo lat. Mentóte:
MENTULAGRA — Do lat. méntula, penis,
e gr. ágra, aeáo de prender.
MEÓLO — V. Miólo.
MEQUETREFE — Cortesao tirou do esp.
mequetrefe, que a Academia Espanhola. com
.dúvida deriva do ár. mogatref, petulante. Figueiredo,
dando um ár. moiátref, reproduz alte-
-rado um erro tipográfico de Cortesao que aposenta
urna forma moyatref. A terceira letra
corresponde ao ghain árabe.
MERALGIA — Do gr. vieras,
. algos,
dor, e suf. ia.
MERARQTjIA — Do gr. merarchía, divisáo
do exército grego.
MERATROFIA — Do gr. meros, coxa, e
atrofia.
MERCADO — Do lat. mercatu; esp. mercado,
it. mercato, fr. marché.
MERCANCÍA — De mercar (A. Coelho)
;
Figueiredo compara com mercante.
MERCAR — Do lat. mercare por mercari
esp. mercar, it. mercare.
MERCATORlO Do lat. mercatoriu.
MERCATURA — Do lat. mercatura.
MBRCE Do lat. merce, mercadoria.
HEECÉ — Do lat. mercede; esp. merced,
it. mercede, merce, fr. merci. Are. merece:
Ca en esto nom ha mais pecado nem merece
(Leal Conseiheiro, pg. 195).
MERCEARIA — De merce e suf. aria (A,
Coelho
Figueiredo).
MERCEEIR.O" — Do lat. pop. mercxa.riu,
que Larousse dá para étimo do fr. mercier,
ou de merce o suf. eiro, como pensa A. Coelho.
O it. tem merciario, que postula o étimo
apontado.
MERCENARIO — Do lat. mercena,riu, que
trabalha por salario; especializou depois o sentido
para o de militar que combate mediante
soldó
MERCEOLOGIA — Do lat. merce, merca-
MERCURIO — Do lat. mereuriu.
doria, do gr. lógos. tratado, e suf. ia.
MERDA — Do lat. merda; esp. mierda,
it. merda, fr. merde.
MERD1COLA — Do lat. merda, merda,
e col, raíz de colere, habitar. E' qualificativo
aplicado a urna formiga que faz seu ninho com
excremento de animáis herbívoros.
MERD1VORO — Do lat. merda, merda,
e vor, raiz de vorare, comer.
MERECER — Do l»t'. "merescere incoativo
de mereri (Nunes, Gram,. Hist., 127); esp.
merecer, cat. mereixer, logudórés mereskere.
O it. mentare e o fr. móriter vém de i:m
frequentativo mentare, do mesmo mereri. Are.
merescer :... aquel que meresger deve o nosso
amor (Crónica Troiana, apud Nunes, Crest.
Are., pg. 121).
MERENCÓRIO — Corruptela de melancólico
(A. Coelho, Cornu, Port. Sin., § 129, Diez,
Dio. 468, Behrens, Ueher reziprolce. Metathesc
im Romanischen, 119, M. Lübke, REW, 5171,
Franco de Sá, A Linaua Portuguesa, 131, Leite
de Vasconcelos, Ligóos de Filología Portuguesa,
217). Are. menencórico, manencónco Docnca
:
de humor manencorico {Leal Conseiheiro, pg.
114). .
,
MERENDA — Do lat. merenda, coisas que
devem ser merecidas, jantar, eolagáo_ entre
quatorze e dezesseis horas (Walde) (]" f .
T.übko.
REW, 5521, Leite de Vasconcelos, Ligóos de
Filología Portuguesa, 209, A. Coelho); esp. merienda,
it. merenda, fr. ant. marende.
MERENDERA — Do esp. merendera (Figueiredo)
.
rr,
MERENGUE — Do esp. merengue (Cortesao),
do fr. meringue, pastelaria de creme,
originaria de Mehringen, país da Alemanha
(Larive et Fleury, La troisiéme année de grammaire,
229, Stappers)
MERSNQUIMA — Do gr. meros, par.e, e
injeqáo.
MERETRIZ — Do lat. meretrice.
égchyma,
MERGANSO — Do lat. mcrgu, mergulhao,
e do al. Gans, ganso (Figueiredo) . A. Coelho
tirou só do lat. mergu; naturalmente considerando
íBisonm sufixo. O esp. tem mergánsar,
que a Academia Espanhola deriva de mcrgus
anser.
. ,
MERGULHAO — A. Coelho derivou de
mergulhar, cfr. adular, aduláo, etc. M. Lübke,
REW, 552S, dá como derivado do lat. mcrgu;
neste caso seria um aumentativo, cujo positivo
mergo, corvo marinho, existe no gal., no
esp. e no it. ant.
MERGULHAR — Do lat. mcrgcre,_ mergulhar,
suf. ullio, e desin. ar. Cortesao da
um lat. "merguliare, de mergulus, dim. de
mergus. . ,
MERICARPO — Do gr. meris, parte, e
harpas, fruto.