Dicionario Etimologico Da Lingua Portuguesa, de Antenor Nascentes
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
habuerít<br />
:<br />
a<br />
largura.,<br />
—<br />
<<br />
.<br />
Gatuno 238 Geira<br />
causa da presenca em outras línguas románicas;<br />
as citadas po<strong>de</strong> acrcscentar-se aínda o<br />
prov. cat. gat e o engadino-furlano gat. O<br />
vocábulo, espalhado nos idiomas célticos germánicos<br />
(al. Katze, ingl. cat) o bálticos, aparece<br />
tardíamente em latim (Paládio), em vez<br />
<strong>de</strong> felis Cortesao da: Et mehor pelhs <strong>de</strong> gato<br />
montes aut <strong>de</strong> gulpina ualeat tres solidos<br />
(Leges, pg. 192-A. 12S3) .<br />
GATUNO — De gato e sur. uno. Gatuno<br />
propriamento era um adjetivo que significaría<br />
relativo ao gato, como o esp. gatuno;<br />
<strong>de</strong>pois substantivou-se aplicando-se aos ladróes<br />
por alusáo ao costume que tém os<br />
gatos, <strong>de</strong> roubar (V. Joao Ribeiro, Curiosida<strong>de</strong>s<br />
Yerbáis, 15).<br />
GAUDA — Do al. wau<strong>de</strong> (Figueircdo).<br />
GAUDERIO — De gáudio (Figueircdo).<br />
GAUDIO Do lat. gaudiu, gúzo.<br />
GAULO — Do gr. gaúlos, <strong>de</strong> origem fenicia,<br />
pelo lat. gaulu.<br />
GAVARRO — M. Lübke, REW, 3023, acha<br />
que nao se relaciona com o lat. gaba,<br />
papo (Rr.vue <strong>de</strong>s Langues Romanes, LI, 270).<br />
GAVEA — Do lat. cavea, gaiola; esp.<br />
gavia, it. gabbia, fr. gabie. Lindsay, The<br />
Latin Lang'uage, 72, já aceita um b. lat.<br />
"gavia. M. Lübke, REW, 1789, admite que<br />
veio através do it. O cesto da gávea ó <strong>de</strong> fato<br />
comparável a urna gaiola.<br />
GAVELA — 1 (feixe) : do lat. gabclla,<br />
<strong>de</strong> provável origem gaulesa (M. Lübke, REW,<br />
3627, Gram. I, 45, Introducao, n. 34,), cfr.<br />
¡rlr- gabim, tomo, cómico gavel, garra; esp.<br />
gavilla, fr. javelle. M. Lübke, rejeita o lat..<br />
capulu, <strong>de</strong> cayere, tomar, que daria "capellu,<br />
"capclla (Diez, Dic. 153, Eguilaz) por causa<br />
da impossibilida<strong>de</strong> do v em portugués e no<br />
prov. igavela). Cortesao cita: in suo restroio<br />
•<br />
ubi gauellas (Leges, pg. 755-A.<br />
118S-12S0).<br />
2 (roda <strong>de</strong> pessoas) : do ár. cabila, tribo<br />
(Dozy).<br />
GAVETA — Do lat. gabata, escú<strong>de</strong>la <strong>de</strong><br />
ma<strong>de</strong>ira, com troca <strong>de</strong> sufixo (Diez, Dio.<br />
158, Gram. I, 13, M. Lübke REW, 3525). Ha<br />
urna forma vulgar gavata; o voc. lat. é <strong>de</strong><br />
origem muito duvidoso, Wal<strong>de</strong> cita capere,<br />
o céltico e até o hebraico. Esp. -gaveta, it.<br />
gavetta, fr. jatte. A. Coelho tirou do lat.<br />
cavu e suf. eia, mas com dúvida.<br />
GAVETOPE — V.<br />
Gafetope.<br />
GAVIAL — Do hindustani gharyal (<strong>Da</strong>lgado,<br />
Lokotsch). Segundo Yule, parece que<br />
o nome se originou <strong>de</strong> algum erro, provavelmente<br />
do conista, visto que o vórdadniro termo<br />
é o hindustani gharyal e gavial nao é<br />
nada.<br />
GAVIAO — O esD. tem gabilán, o mila-,<br />
nes - veronés tem gavinel, o dialeto <strong>de</strong> Bergell<br />
ganivel, o <strong>de</strong> Pusehlav gavinel, o napolitano<br />
ganavielle. M. Lübke, REW, 3628, dá um<br />
primitivo "gabilane, <strong>de</strong> origem <strong>de</strong>sconhecida.<br />
As formas hispánicas mostram um nome gótico<br />
em-ila, o que torna verossimil a origem<br />
germánica; todavía até agora nada' oferecem<br />
as línguas germánicas pois o saxónico gabuh,<br />
gaio, está muito longe e talvez' soja um empréstimo<br />
eslavo. M. Lübke, REW, 1625, rejeita<br />
o lat. co.vere, tomar (Diez, Dic. 455).<br />
GAVIETE — A. Coelho cita o fr. gaviteau<br />
e o it. gavitello; Figueiredo o esp. gavite,<br />
que Aca<strong>de</strong>mia Espanhqla <strong>de</strong>riva talvez <strong>de</strong><br />
gavia:<br />
GAVINHA — Figueircdo compara com<br />
gaviáo.<br />
GAVOTA — Do fr. gavoite, scilicet danse,<br />
do prov. gavoto, apelido dos montanheses<br />
dos Alpes, propriamento habitante do país <strong>de</strong><br />
Gap.<br />
GAZA, •<br />
GAZE — A maioria dos autores<br />
pren<strong>de</strong>m o nome <strong>de</strong>sta fazenda á cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Gaza, na Palestina, na qual seria ela originariamente<br />
fabricada (Larousse, Erachet,<br />
Clédat, Stappers,.. Moreau, Rae. Grec, 314,<br />
Diez. Dic, 595, M. Lübke, REW, 3710). <strong>Da</strong>lgado<br />
liga ao hindustani-persa gazi, provavelmente<br />
<strong>de</strong>rivado do persa gaz, vara, que <strong>de</strong>notaría<br />
a : da fazenda. Eguilaz dá o<br />
ár. jazza, sericum, ou jagga, musselina.<br />
Lokotsch, 702,.. diz'que ató agora nao se provou<br />
a existencia •<strong>de</strong> nenhuma industria textil<br />
na referida cidádé, <strong>de</strong> modo que a etimología<br />
<strong>de</strong>ve ser simplesmente arbitraria; aponta, 1147,<br />
o ár. haza.<br />
GAZÁO — Do fr. gazon, relva (Figueiredo).<br />
GAZEAR — Do fr. gazouillert (Figueiredo).<br />
Onomatopéieo?<br />
Do ár. gazál, ou com imala<br />
GAZELA<br />
—•<br />
(cs= e) no norte da África sendo gasel.<br />
GAZEO — A. Coelho manda ver gargo.<br />
GAZETA — Do it. gazsetta, <strong>de</strong>rivado do<br />
antigo veneziano gazeta, nome que se aplicava<br />
á pequeña moeda <strong>de</strong> cobre com que no<br />
século XVI (1560), se comprava cada exemplar<br />
do jornal escrito que trazia as noticias<br />
das expedicoes no Levante (Korting, 4117).<br />
E' um diminutivo <strong>de</strong> gazza, pega, por alusáo<br />
á bisbilhotice do jornal. Petrocehi filia a gazza,<br />
pega, mas alu<strong>de</strong> aos que <strong>de</strong>rivarri do persa<br />
gaza, tesouro. Lokootsch, 1059, diz que o persa<br />
gong, ár. hanz, era <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo em lat. gasa<br />
e a título <strong>de</strong> curiosida<strong>de</strong> cita com admiracáo<br />
o étimo <strong>de</strong> Constancio, o al. ganz Zeit (todo<br />
o tempo). .<br />
GAZIA — V. Gázua.<br />
Gázua.<br />
GAZIVA — V.<br />
GAZOFILACIO — Do gr. gazophyláhion,<br />
cujo primeiro elemento é <strong>de</strong> origem persa,<br />
pelo lat. gazoplvylaciu, guarda do tesouro.<br />
GAZOLA — Do lat. ar<strong>de</strong>ola (Cornu, Port.<br />
Spr. §§ 19, 111 e 252).<br />
GAZUA — Do ár. gazwa, expedicao guerreira<br />
contra outras tribos beduinas (Dozy,<br />
Eguilaz, Lokotsch, 701). Deu o fr. razzia,<br />
-muito usado entre? nos; os franceses sentiram<br />
no ahain um r fox-te, como nos as vezes<br />
o sentimos no j espanhol. V. G. Viana,<br />
Apost. II, 169, 345, Nunes, Gram. Sist. Port.,<br />
168, 183.<br />
GAZUA — Do vasconqo gahoitsua, através<br />
do esp. ganzúa (Diez, Dic. 453, A. Coelho,<br />
M. Lübke, REW, 3641).-<br />
.<br />
GEAR — Do lat. gelare, gelar; esp. helar,<br />
it. gelare, fr. geler.<br />
GEASTR1DEO — Do gr. gé, térra, áster,<br />
astros,, estréla, e suf. i<strong>de</strong>ó; o involucro exterior<br />
se abre em forma <strong>de</strong> estréla.<br />
GEBA Do lat. gibba.<br />
GEBO — Do lat. gibbu; cat. gep (M.<br />
Lübke, REW, 3755, Cornu, Port. Spr., § 13,<br />
Nunes, Gram. Hist. Port., 89). García <strong>de</strong>. Diego,<br />
Contr., n. 928, cita rnais as formas espanholas<br />
chepa e giba, <strong>de</strong> explicacáo difícil.<br />
<strong>Da</strong> variante 'gubbu vem o it. gobbo e o esp.<br />
agobiar.<br />
GECO — Do malaxo gekoh, onomatopéia do<br />
grito <strong>de</strong>ste lagarto (Devic. <strong>Da</strong>lgado, Lokotsch).<br />
GEDRITA — De Gédre, nome <strong>de</strong> um al<strong>de</strong>ia<br />
dos Altos-Pirineus, perto da qual foi achadada<br />
pela primeira vez, e suf. ita.<br />
GEENA — Do hebr. Gehhinnom, propriamente<br />
pe ben Hinnom, jardim do filho <strong>de</strong><br />
Iíinon. Neste lugar, a sudoeste <strong>de</strong> Jerusalém,<br />
existiu um templo <strong>de</strong> Moloc, no qual se ofereciam<br />
sacrificios humanos <strong>de</strong> extrema 'cruel-.,<br />
da<strong>de</strong>. Veio pelo gr. geénna, lat. gehenna. O<br />
rei josias <strong>de</strong>rrubou o ídolo do templo e <strong>de</strong>terminou<br />
que para o futuro, em sina.1 <strong>de</strong> <strong>de</strong>sprezo,<br />
as imundicies da cida<strong>de</strong> fossem <strong>de</strong>positadas<br />
no vale profanado por um culto infame<br />
(IV Reis, XXIII, 10, Jeremías, VI, 32,<br />
33). Des<strong>de</strong> essa época, o vale ficou para os<br />
ju<strong>de</strong>us um objeto <strong>de</strong> horror e pouco a pouco<br />
o povo se habituou a consi<strong>de</strong>rá-lo como a imagem<br />
do lugar on<strong>de</strong> as almas dos maus sao<br />
punidas <strong>de</strong>pois da morte. Seu nome foi até<br />
dado ao inferno e a palavra é empregada<br />
neslo sentido em onze passos do Novo Testamento<br />
GEF1REO<br />
.<br />
(Larousse).<br />
Do gr. géphyra, ponte, e<br />
suf. eo; forram consi<strong>de</strong>rados o elo entre os<br />
vermes e os equino<strong>de</strong>rmes.<br />
GEIRA — Do lat. diaria, scilicet opera,<br />
o que urna junta <strong>de</strong> bois podia arar durante<br />
um día (Coi-nú, Port. Spr., §§ 3 e 111, A.<br />
Coelho, Suplemento ao Dicionário. G. Viana,<br />
Apost. I, 506. RE, IV. 268, Julio Moreira,<br />
Estudos, II, 285, Cortesao, M. Lübke, .REW,<br />
2625, Nunes, Gram: Hist. Port., 138). Cornu<br />
repele fugeria, A. Coelho rejeitou o lat.<br />
jugaría, que tinha apresentado no Dicionário.<br />
Cortesao, aue prefere a grafía ieira (cfr.<br />
dnirnale-jorkal) cita: In ipsa uilla sancio<br />
martina quiñón <strong>de</strong> III geiras m apríle (Diplómala,<br />
pg. 89-A. 984). Est ipsa larea jeira