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Informativos - Site da PFDC

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comunicação do pensamento. Neste assunto, parece-me ser mais prudente a nãodistinção<br />

entre idéias religiosas e não religiosas, para que não haja nenhum tipo<br />

de juízo de valor acerca do fenômeno religioso (o que importaria, como vimos, na<br />

afronta aos princípios <strong>da</strong> laici<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> autonomia <strong>da</strong> pessoa).<br />

Isto posto, podemos então, finalmente, analisar o problema que<br />

motivou a re<strong>da</strong>ção deste ensaio.<br />

6. Proselitismo religioso nos meios de comunicação de massa.<br />

Como é sabido, o acesso ao rádio e à TV é naturalmente<br />

limitado às faixas de freqüência de transmissão (AM, FM, VHF, UHF), de modo<br />

que esses dois principais meios de comunicação de massa não são acessíveis a<br />

todos aqueles que queiram divulgar suas idéias. Nos termos do art. 223 <strong>da</strong><br />

Constituição, cabe ao Poder Executivo “outorgar e renovar concessão, permissão<br />

e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens,<br />

observado o princípio <strong>da</strong> complementari<strong>da</strong>de dos sistemas privado, público e<br />

estatal”, competindo, por sua vez, ao Congresso Nacional ratificar ou não o ato de<br />

outorga.<br />

Pois bem. Como dissemos no início deste artigo, apenas<br />

algumas poucas igrejas – em sua maioria neopentecostais - foram agracia<strong>da</strong>s pelo<br />

Estado brasileiro com concessões públicas de rádio e TV. Essas agremiações,<br />

porque possuem uma audiência de milhões de espectadores, arrebanham muitos<br />

fiéis e aumentam a ca<strong>da</strong> dia sua influência na socie<strong>da</strong>de, elegendo, inclusive,<br />

numerosos representantes no Congresso Nacional. Algumas delas, no intuito de<br />

conseguir mais adeptos, também usam o espaço televisivo e radiofônico de que<br />

dispõem para desqualificar outras religiões minoritárias, nota<strong>da</strong>mente as afrobrasileiras.<br />

Em recente artigo sobre o fun<strong>da</strong>mentalismo, Marilena Chauí<br />

apresenta uma explicação filosófica para essas disputas e questiona a capaci<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong>s grandes religiões monoteístas – ju<strong>da</strong>ísmo, cristianismo e islamismo – de<br />

conviverem em um ambiente democrático. Com efeito, essas doutrinas, “como<br />

religiões que produzem teologias (isto é, explicações sobre o sentido do mundo, a<br />

partir de revelações divinas), não têm apenas que enfrentar, do ponto de vista do<br />

conhecimento, a explicação <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de ofereci<strong>da</strong> pela filosofia e pelas ciências,<br />

mas têm ain<strong>da</strong> que enfrentar, de um lado, a plurali<strong>da</strong>de de confissões religiosas<br />

rivais, e de outro, a morali<strong>da</strong>de laica determina<strong>da</strong> por um Estado secular ou<br />

profano. Isso significa que ca<strong>da</strong> uma dessas religiões só pode ver a filosofia e a<br />

ciência e as outras religiões pelo prisma <strong>da</strong> rivali<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> exclusão recíproca, um<br />

tipo peculiar de oposição que não tem como se exprimir num espaço público<br />

democrático porque não pode haver debate, confronto e transformação recíproca<br />

em religiões cuja ver<strong>da</strong>de é revela<strong>da</strong> pela divin<strong>da</strong>de e cujos preceitos, tidos por<br />

divinos, são dogmas. Porque se imaginam em relação imediata com o absoluto,<br />

porque se imaginam portadoras <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de eterna e universal, essas religiões<br />

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