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História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

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82 Tercezra parte - A descobe~ta do hornern<br />

V. ConcI~.ts~es sobve a Sofistica<br />

A Sofistica atuou complexivamente urna profun<strong>da</strong> as20<br />

valor e limites critica sobre a moral (em sentido relativistico, niilistico e uti<strong>da</strong><br />

Sofistica litaristico), sobre o conhecimento (o logos nao leva a uma ver<strong>da</strong>-<br />

-5 I de isenta de controv6rsias), e sobre a religiao, mas ntio soube<br />

construir alternativa filosdfica validB para substituir as critica<strong>da</strong>s.<br />

O contl*ibMto <strong>da</strong> Sofistica<br />

Ja vimos que, embora de modos diversos,<br />

os Sofistas realizaram um deslocamento<br />

do eixo <strong>da</strong> pesquisa filosofica do cosmo para<br />

o homem. Precisamente nesse deslocamento<br />

esta seu mais relevante significado histo-<br />

Naturalistas contrapuseram o logos as apa-<br />

rhcias, e s6 nele reconheceram a ver<strong>da</strong>de.<br />

Mas Protagoras cindiu o logos nos "dois<br />

raciocinios", descobrindo que o logos diz e<br />

contradiz. E Gorgias rejeitou o logos como<br />

pensamento e so o salvou como palavra ma-<br />

gica, mas encontrou urna palavra que pode<br />

dizer tudo e o contririo de tudo, nZo PO-<br />

dendo, portanto, expressar ver<strong>da</strong>deiramen-<br />

te na<strong>da</strong>. Como j i disse um agudo intkrprete<br />

dos Sofistas, essas experiincias siio "tragi-<br />

cas": e nos acrescentamos que se descobrem<br />

tragicas precisamente porque o pensamen-<br />

to e a palavra perderam seu objeto e sua<br />

norma, perdendo o ser e a ver<strong>da</strong>de. E a cor-<br />

rente naturalista <strong>da</strong> Sofistica, que, de algu-<br />

ma forma, mesmo que confusamente, intuiu<br />

esse fato, iludiu-se de poder encontrar um<br />

conteudo que fosse de alguma forma obje-<br />

tivo no enciclopedismo. Mas, enquanto tal,<br />

esse enciclopedismo revelou-se completa-<br />

mente inutil. A palavra e o pensamento de-<br />

veriam recuperar a ver<strong>da</strong>de em um nivel<br />

mais elevado.<br />

C) E o mesmo vale tambim Dara o ho-<br />

ric~ e filosofico. Eles abriram caminho para<br />

a filosofia moral, embora niio tenham sabido<br />

alcanqar seus fun<strong>da</strong>mentos ultimos, porque<br />

niio conseguiram determinar a natureza<br />

do homem enquanto tal.<br />

Mas tambCm certos aspectos <strong>da</strong> Sofistica,<br />

que para muitos pareceram excessos<br />

puramente destrutivos, tem sentido positivo.<br />

Com efeito, era preciso que certas coisas<br />

fossem destrui<strong>da</strong>s para que pudessem ser<br />

reconstrui<strong>da</strong>s sobre bases novas e soli<strong>da</strong>s,<br />

assim como era preciso que certos horizontes<br />

estreitos fossem violados para que se<br />

abrissem outros mais amplos.<br />

Vejamos os exemplos mais significativos.<br />

a) 0s Naturalistas criticaram as velhas<br />

concepq8es antropom6rficas do Divino, rnem. 0s Sofistas destruiram a ve~ha imanem -<br />

identificando este com o seu "principio". 0s de homem propria <strong>da</strong> poesia e <strong>da</strong> tradiqiio<br />

Sofistas rejeitaram os velhos deuses, mas, ten- pri-filosofica, mas niio souberam reconstruir<br />

do rejeitado tambCm a busca do "principio", urna nova. Protigoras entendeu o homem<br />

encaminharam-se para urna negaqiio do Di- predominantemente como sensibili<strong>da</strong>de e<br />

vino. Protigoras permaneceu agnostic~, sensaqiio relativizante, Gorgias como sujei-<br />

Gorgias foi mais alCm com seu niilismo, to de emoc6es moveis. suscetivel de ser ar-<br />

Prodico entendeu os deuses como hiposta- rastado em qualquer direqiio pela retorica,<br />

tizaqiio do Gtil e Critias como invenqiio "ideo- e os proprios Sofistas, que se vincularam a<br />

logican de um habil politico. Naturalmen- natureza, falaram do homem sobretudo<br />

te, depois dessas criticas niio se podia voltar como natureza biologica e animal, subenatris:<br />

para pensar o Divino, seria preciso tendendo e, de qualquer modo, silenciando<br />

procurar e encontrar urna esfera mais ele- a natureza es~iritual. Para se reconhecer, o<br />

va<strong>da</strong> onde coloci-lo.<br />

homem devia encontrar uma base mais s6b)<br />

0 mesmo pode ser dito sobre a ver- li<strong>da</strong>.<br />

<strong>da</strong>de. Antes do surgimento <strong>da</strong> filosofia, a Veremos agora como Socrates soube<br />

ver<strong>da</strong>de n5o se distinguia <strong>da</strong>s aparhcias. 0s finalmente encontra-la.

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