História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
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44 Segun<strong>da</strong> parte - A fun<strong>da</strong>+o do penramento filos6fico<br />
si, mas mistura<strong>da</strong> com alguma outra coisa,<br />
participaria de to<strong>da</strong>s as coisas, caso estivesse<br />
mistura<strong>da</strong> com alguma. De fato, em tudo<br />
se encontra parte de ca<strong>da</strong> coisa, como ji disse, e as coisas mistura<strong>da</strong>s seriam um obsticulo<br />
para ela, de mod0 que niio teria poder<br />
sobre alguma coisa como tem encontrando-se<br />
apenas em si mesma. Com efeito, ela<br />
e' a mais sutil e a mais pura de to<strong>da</strong>s as coisas<br />
e possui pleno conhecimento de tudo e<br />
tern for~a imensa. E to<strong>da</strong>s as coisas que tfm<br />
vi<strong>da</strong>, as maiores e as menores, siio to<strong>da</strong>s<br />
domina<strong>da</strong>s pela inteligincia ".<br />
0 fragment0 - muito conhecido e justamente<br />
celebrado - contCm uma intuiqio<br />
ver<strong>da</strong>deiramente grandiosa, ou seja, a intuiqiio<br />
de um principio que C reali<strong>da</strong>de infinita,<br />
separa<strong>da</strong> de todo o resto, a "mais sutil"<br />
e "mais pura" <strong>da</strong>s coisas, igual a si mesma,<br />
inteligente e sabia.<br />
Com isso alcanqamos um refinamento<br />
notivel do pensamento dos PrC-socriticos:<br />
ain<strong>da</strong> nHo estamos na descoberta do imaterial,<br />
mas certamente estamos no estagio<br />
que imediatamente o precede. @!3<br />
Leuci po,<br />
Dembcrito e o atomismo<br />
P\ doutri~a dos btomos<br />
A ultima tentativa de responder aos<br />
problemas propostos pel0 Eleatismo, perma-<br />
necendo no iimbito <strong>da</strong> filosofia <strong>da</strong> physis,<br />
foi realiza<strong>da</strong> por Leucipo e Democrito, com<br />
a descoberta do conceit0 de homo.<br />
Nativo de Mileto, Leucipo foi para<br />
ElCia, na Itilia (onde conheceu a doutrina<br />
eleitica), por volta de meados do siculo V<br />
a.C. De ElCia foi para Abdera, onde fundou<br />
a Escola que seria eleva<strong>da</strong> ao seu mais alto<br />
nivel por Democrito, nascido nesta mesma<br />
ci<strong>da</strong>de.<br />
Democrito era pouco mais jovem que<br />
seu mestre. Nasceu em Abdera talvez por<br />
volta de 460 a.C. e morreu muito idoso, al-<br />
guns lustros depois de Socrates.<br />
Foram-lhe atribuidos numerosos escri-<br />
tos, mas, provavelmente, o conjunto dessas<br />
obras constituia o corpus <strong>da</strong> escola, para o<br />
qua1 confluiram as obras do mestre e de al-<br />
guns discipulos. Realizou longas viagens e<br />
adquiriu vasta cultura, em diversos campos,<br />
talvez a maior que at6 aquele momento al-<br />
gum filosofo houvesse alcanqado.<br />
TambCm os atomistas reafirmam a im-<br />
possibili<strong>da</strong>de do niio-ser, sustentando que o<br />
nascer na<strong>da</strong> mais C do que "um agregar-se<br />
de coisas que existem" e o morrer "um de-<br />
sagregar-sen, ou melhor, um separar-se <strong>da</strong>s<br />
mesmas. Mas a concepqiio dessas reali<strong>da</strong>-<br />
des originirias C muito nova. Trata-se de um<br />
"numero infinito de corpos, invisiveis pela<br />
pequenez e volume".<br />
Tais corpos sHo indivisiveis, e, por isso,<br />
siio a-tomos (em grego, "itorno" significa<br />
"O niio-divisivel") e, naturalmente, incria-<br />
dos, indestrutiveis e imutiveis. Em certo sen-<br />
tido, tais "itomos" esdo mais pr6ximos do<br />
ser eleitico do que <strong>da</strong>s quatro "raizes" ou<br />
elementos de EmpCdocles, e <strong>da</strong>s "sementes"<br />
ou homeomerias de Anaxigoras, porque siio<br />
qualitativamente indiferenciados; todos eles<br />
sHo um ser-pleno do mesmo modo, e siio<br />
diferentes entre si apenas na forma ou figu-<br />
ra geomktrica e, como tais, mantim ain<strong>da</strong> a<br />
igual<strong>da</strong>de do ser eleitico de si consigo mes-<br />
mo (absoluta indiferenqa qualitativa).<br />
0s itomos dos abderitas, portanto, sHo<br />
a fragmentaqiio do Ser-Uno eleitico em in-<br />
finitos "seres-unos", que aspiram a manter<br />
o maior numero possivel de caracteristicas<br />
do Ser-Uno eleitico.<br />
dos trtomos<br />
Caracteristicas espcificas<br />
Para o homem moderno, a palavra "ito-<br />
mo" evoca inevitavelmente significados que<br />
o termo adquiriu na fisica p6s-Galileu. Para<br />
os abderitas, porim, o atomo levava o selo<br />
do mod0 de pensar especificamente grego.<br />
Indica uma forma originiria, e C, portanto,<br />
itomo-forma, ou seja, forma indivisivel. 0<br />
itomo se diferencia dos outros itomos pela<br />
figura, e tambCm pela ordem e pela posi-<br />
@o. E as formas, assim como a posigHo e a<br />
ordem, podem variar ao infinito. Natural-<br />
mente, o itomo niio C perceptive1 pelos sen-<br />
tidos, mas somente pela inteligfncia. 0 ito-<br />
mo, pprtanto, C a forma visivel ao intelecto.<br />
E claro que, para ser pensado como<br />
"pleno" (de ser), o itomo pressupae neces-<br />
sariamente o "vazio" (de ser, portanto, o<br />
niio-ser). Assim, o vazio C t5o necessirio<br />
como o pleno: sem vazio, os itomos-formas<br />
niio poderiam diferenciar-se nem mover-se.<br />
Atomos, vazio e movimento constituem a<br />
explicaqHo de tudo.