História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Terceira parte - $\ descoberta do homem<br />
Por fim, os varios Socriticos, fun<strong>da</strong>-<br />
dores <strong>da</strong>s assim chama<strong>da</strong>s "Escolas socra-<br />
ticas menores", deixaram pouco, e esse pou-<br />
co lanqa luz apenas sobre um aspect0 parcial<br />
de Socrates.<br />
Desse modo, alguns chegaram a sus-<br />
tentar a tese <strong>da</strong> impossibili<strong>da</strong>de de recons-<br />
truir a figura "hist6rican e o pensamento<br />
efetivo de Socrates. Por alguns lustros as<br />
pesquisas socriticas cairam em siria crise.<br />
Mas hoje esta abrindo caminho, niio o cri-<br />
tirio <strong>da</strong> escolha entre as varias fontes ou de<br />
sua combinaqiio eclitica, mas sim o critkrio<br />
que pode ser definido como "a perspectiva<br />
do antes e depois de S6cratesV.<br />
Expliquemos melhor. A partir do mo-<br />
mento em que Socrates atua em Atenas,<br />
pode-se constatar que a literatura em geral,<br />
Sdcrates e o descobridor<br />
<strong>da</strong> essincia do homem como psychk.<br />
Tornou-se o simbolo <strong>da</strong> prdpria filosofia,<br />
a partir de Plat50,<br />
que o tornou protagonista <strong>da</strong> maior parte<br />
de seus dialogos<br />
(Roma, Museu Nacional Romano).<br />
e particularmente a filosofica, registram uma<br />
se'rie de novi<strong>da</strong>des de porte bastante consi-<br />
deravel, que depois, no imbito do helenis-<br />
mo, permaneceriam como aquisiq6es ir-<br />
reversiveis e pontos de referincia constantes.<br />
Mas hi mais: as fontes a que nos refe-<br />
rimos (e tambkm outras fontes, alCm <strong>da</strong>s<br />
menciona<strong>da</strong>s) concor<strong>da</strong>m na indicaqio de<br />
Socrates como o autor de tais novi<strong>da</strong>des, seja<br />
de mod0 explicito, seja implicito. Assim,<br />
podemos creditar a Socrates, com elevado<br />
grau de probabili<strong>da</strong>de, as doutrinas que a<br />
cultura grega recebeu no momento em que<br />
Socrates atuava em Atenas e que os nossos<br />
documentos a ele creditam. Reli<strong>da</strong> com base<br />
nesse critirio, a filosofia socratica revela ter<br />
exercido peso tal no desenvolvimento do<br />
pensamento grego, e do pensamento ociden-<br />
tal em geral, que pode ser compara<strong>da</strong> a uma<br />
ver<strong>da</strong>deira revoluqiio espiritual.<br />
fi descoberto, do, essgncia<br />
do hornern<br />
(0 hornern 6 o, sue, "P~y~G\&ll)<br />
Depois de um period0 de tempo ouvin-<br />
do a palavra dos ultimos Naturalistas, mas<br />
sem se considerar de mod0 algum satisfei-<br />
to, como ja dissemos, Socrates concentrou<br />
definitivamente seu interesse na problemii-<br />
tica do homem. Procurando resolver os pro-<br />
blemas do "principio" e <strong>da</strong> physis, os Na-<br />
turalistas se contradisseram a ponto de<br />
sustentar tudo e o contririo de tudo (o ser i<br />
uno, o ser i multiplo; na<strong>da</strong> se move, tudo se<br />
move; na<strong>da</strong> se gera nem se destrbi, tudo se<br />
gera e tudo se destrbi), o que significa que<br />
se propuseram problemas insoluveis para o<br />
homem. Conseqiientemente, Socrates se<br />
concentrou no homem, como os Sofistas,<br />
mas, ao contrario deles, soube chegar ao<br />
fundo <strong>da</strong> questso, a ponto de admitir,<br />
malgrado sua afirmaqso geral de Go-saber<br />
(<strong>da</strong> qua1 falaremos adiante), que era sibio<br />
nessa matiria: "Na ver<strong>da</strong>de, atenienses, por<br />
nenhuma outra raziio eu granjeei este nome<br />
senio por causa de certa sabedoria. E que<br />
sabedoria 6 essa? Essa sabedoria i precisa-<br />
mente a sabedoria humana (ou seja, a sabe-<br />
doria que o homem pode ter sobre o ho-<br />
mem), e pode ser que, dessa sabedoria, eu<br />
seja realmente sibio."<br />
0s Naturalistas procuraram responder<br />
i seguinte questio: "0 que C a natureza ou