12.05.2013 Views

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

272<br />

Sexta parte - As rscolas filosbficas <strong>da</strong> era helmistica<br />

DesvalorizaG~o<br />

epicurista<br />

<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> politics<br />

A vi<strong>da</strong> politica, para o fun<strong>da</strong>dor do<br />

"Jardim", C substancialmente niio-natural.<br />

Por conseguinte, ela comporta continuamente<br />

dores e perturbaqGes, compromete<br />

a aponia e a ataraxia e, portanto, compromete<br />

a felici<strong>da</strong>de. Com efeito, os prazeres<br />

<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> politica, a que muitos se prop6em,<br />

S ~ puras O ilus6es: <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> politica os homens<br />

esperam poder, fama e riqueza, que<br />

sao, como sabemos, desejos e prazeres nem<br />

naturais nem necessirios, sendo portanto vazias<br />

e enganosas miragens. Assim, C compreensivel<br />

o convite de Epicuro: "Livremonos<br />

de uma vez do carcere <strong>da</strong>s ocupag6es<br />

cotidianas e <strong>da</strong> politica." A vi<strong>da</strong> publica<br />

niio enriquece o homem, mas o dispersa e<br />

o dissipa. Por isso i que Epicuro se apartava<br />

e vivia separado <strong>da</strong> multidio: "Retira-te<br />

para dentro de ti mesmo, sobretudo<br />

quando 6s constrangido a estar entre a multidiio."<br />

"Vive oculto", soa o cilebre man<strong>da</strong>mento<br />

epicurista.<br />

Somente nesse entrar em si e permanecer<br />

em si C que podem ser encontra<strong>da</strong>s a<br />

tranquili<strong>da</strong>de, a paz <strong>da</strong> alma e a ataraxia.<br />

Para Epicuro, o bem supremo niio esti nas<br />

coroas dos reis e dos poderosos <strong>da</strong> terra, mas<br />

na ataraxia: "A coroa <strong>da</strong> ataraxia C incomparavelmente<br />

superior a coroa dos grandes<br />

impCrios."<br />

Com base nessas premissas, C claro<br />

que Epicuro devia <strong>da</strong>r do direito, <strong>da</strong> lei e<br />

<strong>da</strong> justiga uma interpretagiio em niti<strong>da</strong> antitese<br />

tanto em relagio opiniio classica<br />

dos gregos como em relagio as teses filos6ficas<br />

de Platso e Aristoteles. Direito, lei<br />

e justiga s6 tgm sentido e valor quando e a<br />

medi<strong>da</strong> que sao ligados ao "util"; seu fun<strong>da</strong>mento<br />

objetivo nio C sen50 a utili<strong>da</strong>de.<br />

Assim o Estado, de reali<strong>da</strong>de moral dota<strong>da</strong><br />

de valor absoluto que fora no passado,<br />

torna-se instituiqio relativa, nasci<strong>da</strong> de simples<br />

contrato tendo em vista o util; do mesmo<br />

modo, de fonte e coroamento dos supremos<br />

valores morais torna-se simples meio<br />

de tutela dos valores vitais; por fim, tornase<br />

condiqiio necessaria para a vi<strong>da</strong> moral,<br />

mas niio condiqio suficiente. A justiqa torna-se<br />

um valor relativo, subordinado ao<br />

util.<br />

CXaltaG2;o epicurista<br />

<strong>da</strong> arnizade<br />

0 desmoronamento do mundo ideal<br />

plat8nico niio poderia ser mais radical e a<br />

ruptura com o sentimento <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> classica-<br />

mente grego niio poderia ser mais decisiva:<br />

o homem deixou de ser homem-ci<strong>da</strong>diio<br />

para tornar-se puro homem-individuo.<br />

0 unico liame admitido como ver<strong>da</strong>-<br />

deiramente factivel entre esses individuos<br />

C a "amizade", laqo livre que reune juntos<br />

aqueles que sentem, pensam e vivem de<br />

mod0 idhtico. Na amizade, na<strong>da</strong> C impos-<br />

to de fora e de mod0 n2o-natural; sendo<br />

assim, na<strong>da</strong> viola a intimi<strong>da</strong>de do indi-<br />

viduo. No amigo, o epicurista v? outro si<br />

mesmo.<br />

A amizade niio i mais que o util, mas<br />

o util sublimado. Com efeito, primeiro se<br />

busca a amizade para conseguir determi-<br />

na<strong>da</strong>s "vantagens" estranhas a ela; depoi;,<br />

uma vez nasci<strong>da</strong>, a amizade torna-se, ela<br />

mesma, fonte de prazer e, consequentemen-<br />

te, um fim.<br />

Epicuro, portanto, pode afirmar o que<br />

segue: "De to<strong>da</strong>s as coisas que a sabedoria<br />

busca, em vista de uma vi<strong>da</strong> feliz, o maior<br />

bem i a conquista <strong>da</strong> amizade". "A amiza-<br />

de an<strong>da</strong> pela terra anunciando a todos que<br />

devemos acor<strong>da</strong>r para <strong>da</strong>r alegria uns aos<br />

outros".<br />

0 quadrifArrnaco<br />

e o ideal do sClbio<br />

Epicuro forneceu pois aos homens um<br />

quadruple remCdio <strong>da</strong> seguinte forma.<br />

Mostrou:<br />

1) que sio viios os temores em relagiio<br />

aos deuses e ao alim;<br />

2) que o pavor em relagiio a morte i<br />

absurdo, pois ela nio C na<strong>da</strong>;<br />

3) que o prazer, quando o entendemos<br />

corretamente, esti B disposigiio de todos;<br />

4) finalmente, que o ma1 dura pouco<br />

ou C facilmente suportivel.<br />

0 homem que souber aplicar esse qua-<br />

druplo remCdio em si mesmo podera adqui-<br />

rir a paz de espirito e a felici<strong>da</strong>de, que na<strong>da</strong><br />

e ninguCm poderiio atingir. Tornando-se as-<br />

sim totalmente senhor de si, o sibio na<strong>da</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!